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domingo, 4 de junho de 2017

Paixão sem idade: conheça meninas e mulheres que encaram a velocidade das motos do SuperBike Brasil

Por Nataly Paschoal
04/06/217
O SuperBike Brasil é um campeonato de motovelocidade considerado o maior e o mais disputado das Américas. Competir em um evento desses é o sonho de muitos pilotos e, claro, também das pilotas. Pois, apesar de ser um esporte ainda majoritariamente disputado por homens, as mulheres (e não são poucas) estão lutando para colocar sua paixão pelas motos nas pistas.
Para se ter uma ideia, na última etapa, em Interlagos, nada menos do que 12 mulheres fizeram parte da prova. O espnW mostra agora quem são algumas dessas mulheres, e até meninas, apaixonadas pela adrenalina da velocidade em duas rodas.
A caçulinha da turma
Giovana Cana Brasil Carillo, mais conhecida como Gigi, tem apenas nove anos de idade e há dois descobriu sua paixão de duas rodas. Na época, a garota foi influenciada pelos irmãos e pelo padrasto, Kleber Atalla, que também anda de moto. E o seu presente de aniversário naquele ano não poderia ser outro, a não ser uma motocicleta para treinar. “Minha mãe me deixou escolher”, conta a pequena. E orgulha-se falando: “Essa escolha foi feita por mim mesma”.
Depois do presente, esse ano Gigi resolveu pedir outro em seu aniversário: participar do Honda Junior Cup. Sua mãe Yanna no começo não aceitou muito a ideia, mas a filha não tinha esquecido da promessa. “Ela me cobrou dizendo que eu tinha falado que nessa idade ela poderia competir”, conta Yanna, que acabou cedendo. E a pequena de Indaiatuba enfrentou as pistas do autódromo com muita coragem. Ela sofreu um tombo durante a prova, mas, valente, seguiu em frente. “Minha vontade era maior que o medo, quando caí eu pensei ‘beleza’, e continuei”, diz Gigi, que quando crescer deseja ser veterinária, atriz e – evidentemente – pilota.
Do circo para as pistas
Indiana Muñoz, mais conhecida como Indy, nasceu em Goiânia. Aos 26 anos de idade, ela conta como começou sua paixão pelas motos. “Isso veio de família, desde muito nova já fazia parte das apresentações de circo do meu pai”, conta a profissional do esporte, que aos 15 anos percebeu que aquele sentimento pelas duas rodas só iria aumentar.
Contudo, apenas seis anos depois é que o sonho de se tornar uma pilota de motovelocidade se realizou. Além dessa ocupação, ela dá cursos de pilotagem e participa do SuperBike na categoria Yamaha R3. “É muito emocionante competir nela, pois é a mais disputada do campeonato”, diz. O sonho de Indy não é dos mais fáceis: se tornar uma campeã brasileira, independente do preconceito sofrido por ser uma mulher. “Querendo ou não, os homens não aceitam perder para nós mulheres”, diz.
Enfermeira sobre duas rodas
Anna Luisa Salles tem 23 anos e nasceu em Cabo Frio, interior do Rio de Janeiro. A enfermeira, que ainda não é atleta profissional conta como a chama pela motovelocidade foi despertada. “Desde sempre assistia com o meu pai a programas de TV sobre o tema”, relembra Anna, que foi incentivada por ele a andar de moto. O pai preferia que sua filha pilotasse a andar na garupa. Após tirar a carteira ganhou sua primeira moto e, a partir daí, começou a se dedicar na área, fazendo cursos de pilotagem e trackdays.
Depois disso, o interesse só passou a aumentar, abrindo seus olhos para a possibilidade de competir. Anna ainda não se tornou uma profissional, “mas mesmo assim isso vem tomando cada vez mais espaço na minha agenda”, diz. Participar do SuperBike, foi “indescritível”, como ela define.“A convivência com pilotos que sempre admirei já valeu mais que qualquer troféu”, afirma. Planos para o futuro? “Como estreei nessa segunda etapa na categoria CBR500R com o pé direito, bem provável que continue”, finaliza.
Paixão que vem de berço
Elenara Geraldo, mais conhecida como Nara, nasceu em Mandaguari, interior do Paraná, mas aos 19 anos foi estudar na capital do estado onde mora até hoje. Seu fascínio por motos é de família como conta a atleta profissional, que trabalha com Consultoria de Tecnologia da Informação em uma grande empresa brasileira de Cosméticos e Perfumaria. “Minha paixão por elas vem de berço. Enquanto as crianças brincavam de boneca ou pulavam corda, eu gostava mesmo era andar na garupa da motocicleta do meu pai”, relembra Nara.
Aos 12 anos a garota já sabia pilotar e três anos depois foi convidada para um campeonato de motocross. “Eu acabei não competindo, pois não recebi o aval do meu pai”, comenta a consultora, que na época guardou aquele desejo para o futuro. Aos 39 anos, ela é pilota reserva na equipe Moretti Racing Team/SAF do Rio de Janeiro, além disso competiu na categoria Copa Honda CBR 500R do SuperBike. “É uma emoção ímpar”, sublinha. E acrescenta: “É o sonho de qualquer piloto competir de um evento como este, que tem muita visibilidade e organização”.
Uma “festa” de 15 anos um pouco diferente
Ana Beatriz Valverde é de Aguaí, interior de São Paulo, e completou 15 anos no dia 3 de maio. E diferente de muitas meninas, que optam por festas ou viagens, a adolescente preferiu competir na Honda Junior Cup a viajar para Disney. Se a escolha foi simples, convencer os pais não foi nada fácil. “Tive que insistir durante três meses para os meus pais deixarem”, conta a garota que todos os dias enviava mensagens de pilotos para seu pai, Ari.
No fim, Ana conseguiu participar da prova que tanto sonhava, pois, além da ajuda dos pais, havia juntado dinheiro por dois anos para isso. “Eu sempre pesquisei muito e logo me interessei pela SuperBike”, diz a menina, que inicialmente treinava com uma moto emprestada de um amigo de Ari. E foi através do pai que descobriu sua paixão por motos. “Meu pai gosta. Porém nada comparado a mim”, diverte-se Ana, que tem como objetivo continuar no esporte e fazer disso uma profissão.
Um sentimento que já nasce junto
Sarah Conessa é de Brasília e aos 17 anos de idade compete na categoria Yamaha R3. Desde pequena sempre esteve ligada à motocicleta. “É como se eu tivesse nascido pensando nisso”, brinca a adolescente que, ao completar 13 anos, começou a fazer cursos de pilotagem. Filha única, seus pais tinham muito zelo pela pequena no início, optando por atividades menos radicais como o ballet. Porém, logo perceberam sua paixão pelo esporte e a deixaram seguir seu sonho.
Há quatro anos participa de campeonatos, inclusive os internacionais, como um espanhol que conseguiu ficar em terceiro lugar no feminino. “Eu senti  certa xenofobia lá, eles não enxergam o Brasil como forte nesse esporte”, explica a garota, que considera sua categoria no SuperBike muito semelhante às internacionais. E não apenas lutou para convencer os pais, como também para obter patrocínio. “Permanecer competindo é complicado, porque no país não há muito investimento”, comenta Sara, que tem como desejo correr todas as etapas do SuperBike e ser uma campeã brasileira.
Vem para pista mulherada
Márcia Reis nasceu em Porto Alegre e iniciou sua história com as motos aos 13 anos. “Eu pilotava uma Garelli de um amigo na rua de casa”, relembra a mulher que após 27 anos desse episódio se tornou uma pilota profissional. Enquanto esse momento não chegava Márcia formou-se em contabilidade e administração, e hoje, aos 42, participa dos Campeonatos Brasileiros e Paulistas do Supermoto e do SuperBike, no qual estreou em 2014 na categoria Copa Honda CBR 500R.
Além disso, a atleta desenvolve atividades relacionadas a motos e ministra Palestras Corporativas de Direção Defensiva. Desde 2015 vem se dedicando ao seu projeto #VEMPRAPISTAMULHERADA. “Fizemos um Gride feminino nesse ano no SuperBike”, conta Márcia, que havia percebido a necessidade de ajuda que as pilotas tinham para participar de competições. E aponta o objetivo do projeto: “Buscamos amenizar os custos de todas as pilotas que estão ou querem entrar no campeonato”.
Veterana da turma
Suzane Carvalho foi atriz e modelo até os 25 anos, quando trocou os palcos pelas pistas de automobilismo. “Já fui a primeira piloto brasileira a correr fora do país, em 1990”, conta a carioca que trocou o Rio por São Paulo graças aos autódromos e kartódromos onde pode exercer sua paixão. O começo no kart fez Suzane se destacar, e em 1992 entrar para o Guiness Book como a única mulher campeã de Fórmula 3. Na época, chegou a ser convidada para competir na Fórmula 1, mas teve que recusar.
“Não tinha 15 milhões no bolso para bancar o combustível”, conta ela sobre a razão que a fez parar de competir profissionalmente. Então decidiu investir em outro negócio: sua escola de pilotagem, na qual passa seus conhecimentos às novas gerações. Ela vê na SuperBike um caminho para seguir pilotando. “Participar da CBR500R é muito bom, pois é fácil e leve de pilotar, com um custo benefício bem legal,  pois não precisa de preparação do motor”, comenta: “É muito gostoso, traz muita satisfação e no final da corrida está todo mundo feliz”, completa.

espnW

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