O Comunica que Muda (CQM), iniciativa digital da agência, mergulhou novamente na internet e lança agora o segundo Dossiê das Intolerâncias nas Redes. Foram monitorados os meses de julho a setembro de 2017, classificando os comentários a partir de dez tipos diferentes de intolerância: em relação à aparência das pessoas, às classes sociais, às deficiências, homofobia, misoginia, política, idade/geração, racismo, religião e xenofobia. A primeira edição monitorou também três meses, um ano antes.
Foram capturadas cerca de 220 mil menções sobre os tipos de intolerância pesquisados. Em 2016 foram mais de 500 mil registradas. A grande diferença neste espaço de 12 meses ficou por conta da intolerância política, maioria na primeira edição – mais de 273 mil –, mas que sofreu uma queda brusca este ano, caindo para 26 mil, o que sugere cansaço para o debate político em boa parte dos internautas.
Entre os destaques, a intolerância com maior número de comentários foi a com relação à deficiência, com 45.873 menções, sendo 90,1% negativas. Não que haja intolerância propriamente com as pessoas que têm deficiência, mas os internautas usam termos como “demente”, “retardado” e “débil mental” para atacar. Outros tipos de intolerância com porcentagens altas de postagens negativas foram sobre idade/geração (98,4%) e religião (91,2%). Somando todo o monitoramento, 77% das menções foram consideradas negativas e apenas 14,4% positivas.
Por outro lado, alguns tipos de intolerância apresentaram melhoras consideráveis em seus índices, ainda que a maior parte das menções continue negativa. Foi o caso, por exemplo, da homofobia, em que os comentários negativos passaram de 93,9% no primeiro estudo para 59,5%, em 2017. Outros destaques foram o preconceito sobre classe social, com as menções negativas passando de 94,8% para 61,2%, e a xenofobia, de 84,8% para 50,3%.
O documento traça um ótimo panorama de como ocorre o discurso de ódio na internet brasileira, uma ferramenta fundamental para entender a intolerância nas redes sociais.
2016 x 2017
Realizado nos meses de julho a setembro de 2017, por meio da plataforma Torabit, foram capturadas e analisadas 215.907 menções. A grande maioria das postagens captadas é do Twitter, que representa mais de 98% do levantamento. O Instagram é a rede que vem na sequência, com 1,5%. Vale destacar que a maioria dos dados do Facebook não são públicos, o que impede que boa parte dos comentários seja captada.
A maior diferença com relação ao primeiro dossiê – e que ajuda a explicar a queda no número total de menções captadas – ocorreu com o tema intolerância política. Em 2016 foram mais de 273 mil comentários, enquanto em 2017 esse número caiu para 26 mil. Muito dessa queda tem relação direta com o momento político do período analisado, já que no primeiro levantamento o impeachment da presidente Dilma Rousseff estava em seu ápice.
Assim, em 2017, o tipo de intolerância que obteve o maior número de comentários foi relacionado às pessoas com deficiência, com mais de 46 mil, seguida por classe social, misoginia e homofobia.
A maior diferença com relação ao primeiro dossiê – e que ajuda a explicar a queda no número total de menções captadas – ocorreu com o tema intolerância política. Em 2016 foram mais de 273 mil comentários, enquanto em 2017 esse número caiu para 26 mil. Muito dessa queda tem relação direta com o momento político do período analisado, já que no primeiro levantamento o impeachment da presidente Dilma Rousseff estava em seu ápice.
Assim, em 2017, o tipo de intolerância que obteve o maior número de comentários foi relacionado às pessoas com deficiência, com mais de 46 mil, seguida por classe social, misoginia e homofobia.
TEMAS
|
DADOS 2016
|
DADOS 2017
|
Deficientes
|
40801
|
45873
|
Classe social
|
11256
|
42347
|
Misoginia
|
79484
|
35061
|
Homofobia
|
53126
|
29407
|
Politica
|
273752
|
26621
|
Aparência
|
27989
|
19272
|
Racismo
|
32376
|
14589
|
Religião
|
7361
|
2776
|
Xenofobia
|
2134
|
1784
|
Idade
|
14502
|
1285
|
Além de separados por tipo de intolerância, os comentários captados foram classificados como negativos (quando eram preconceituosos ou reforçavam discursos de ódio), positivos (quando combatiam a intolerância) e, e neutros (quando não apresentavam um posicionamento claro de quem postava). E o resultado, embora um pouco melhor que em 2016, ainda assusta: 77% das menções foram consideradas negativas, contra 84% no primeiro dossiê.
“Queremos reforçar o poder transformador da comunicação. A intolerância nas redes é resultado de preconceitos da sociedade. Não é uma invenção da internet. O fato de se estar atrás de uma tela de computador, além de um pretenso anonimato, acaba incentivando os discursos de ódio nas redes”, explica Bia Pereira, coordenadora-geral do Comunica Que Muda.
Confira aqui o estudo completo.
“Queremos reforçar o poder transformador da comunicação. A intolerância nas redes é resultado de preconceitos da sociedade. Não é uma invenção da internet. O fato de se estar atrás de uma tela de computador, além de um pretenso anonimato, acaba incentivando os discursos de ódio nas redes”, explica Bia Pereira, coordenadora-geral do Comunica Que Muda.
Confira aqui o estudo completo.
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