Negras ganham menos que homens negros, que são mais mal remunerados que mulheres brancas, aponta pesquisa do IBGE, que destaca que homens brancos ocupam o topo da escala de salários do país. Pretos e pardos são dois terços dos desempregados
Funcionárias do Serviço de Limpeza Urbana (SLU) na rodoviária de Brasília.GABRIEL JABUR (AGÊNCIA BRASÍLIA)
HELOÍSA MENDONÇA
São Paulo 13 NOV 2019
As mulheres pretas ou pardas continuam na base da desigualdade de renda no Brasil. No ano passado, elas receberam, em média, menos da metade dos salários dos homens brancos (44,4%), que ocupam o topo da escala de remuneração no país. Atrás deles, estão as mulheres brancas, que possuem rendimentos superiores não apenas aos das mulheres pretas ou pardas, como também aos dos homens pretos ou pardos. Os dados fazem parte da pesquisa Desigualdades Sociais por Cor ou Raça publicada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira. O estudo aponta ainda como a desigualdade está presente na distribuição de cargos gerenciais: somente 29,9% deles são exercidos por pessoas pretas e pardas. Quanto mais alto o salário, menor é o número de pessoas pretas e pardas que ocupam esses postos.
Independentemente do nível de escolaridade, pretos e pardos continuam recebendo bem menos que os brancos no Brasil, aponta a pesquisa. No ano passado, o rendimento médio mensal das pessoas ocupadas brancas (2.796 reais) foi 73,9% superior ao das pretas ou pardas (1.608 reais). Os brancos com nível superior completo ganhavam por hora 45% a mais do que os pretos ou pardos com o mesmo nível de instrução.
Independentemente do nível de escolaridade, pretos e pardos continuam recebendo bem menos que os brancos no Brasil, aponta a pesquisa. No ano passado, o rendimento médio mensal das pessoas ocupadas brancas (2.796 reais) foi 73,9% superior ao das pretas ou pardas (1.608 reais). Os brancos com nível superior completo ganhavam por hora 45% a mais do que os pretos ou pardos com o mesmo nível de instrução.
O recorte em categorias de rendimento, segundo o tipo de ocupação, revelou também que, tanto na ocupação formal, como na informal, as pessoas pretas ou pardas receberam menos do que as de cor ou raça branca. A diferença salarial entre os dois grupos é, de acordo com o IBGE, um padrão que se repete, ano a ano, na série histórica disponível. A desigualdade de rendimento em favor da população branca ocorreu, segundo a pesquisa, com intensidades distintas nas Grandes Regiões brasileiras em 2018, mas se manteve tanto nos Estados que apresentaram os menores rendimentos —Maranhão, Piauí e Ceará—, quanto nos que registraram os rendimentos mais elevados —Distrito Federal, São Paulo e Rio de Janeiro.
Desocupados e informais
Além de ganharem menos, pretos ou pardos representam cerca de dois terços da população desocupada (que hoje passa de 12 milhões de pessoas) e 66,1% do grupo dos subutilizados, que inclui, além dos desocupados, os subocupados e a força de trabalho potencial. Os postos informais também são mais ocupados por esse grupo. Enquanto 34,6% dos trabalhadores brancos estavam em empregos informais, entre os pretos ou pardos o percentual é maior, de 47,3%.
Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2018.
Em relação à distribuição de renda, o levamento mostra que os pretos ou pardos representavam 75,2% da camada mais pobre do país (formada pelos 10% com menos rendimentos). Dentre os 10% mais ricos, eram apenas 27,7%.
De acordo com o IBGE, as análises do estudo foram concentradas somente nas desigualdades entre brancos, pretos ou pardos devido às restrições estatísticas impostas pela baixa representação dos indígenas e amarelas no total da população brasileira "quando se utilizam dados amostrais".
Em 2018, 43,1% da população do Brasil era branca, 9,3% era preta e 46,5%, parda. Os três grupos juntos representavam, no ano passado, 99% dos moradores do país.
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