By Rafael Argemon
14/04/2020
Vencedor do Oscar de Melhor Animação em 2003 e o filme mais famoso do mestre da animação japonesa Hayao Miyazaki no ocidente, o querido A Viagem de Chihiro (2001) foi o assunto da segunda edição do Cineclube HuffPost.
Só para explicar quem não faz ideia do que estamos falando, o Cineclube HuffPost foi uma ideia que tivemos para dar uma amenizada nesses dias de distanciamento social fazendo algo que adorávamos fazer quando era legal sair de casa: bater um papo sobre um filme depois de assistí-lo.
Só para explicar quem não faz ideia do que estamos falando, o Cineclube HuffPost foi uma ideia que tivemos para dar uma amenizada nesses dias de distanciamento social fazendo algo que adorávamos fazer quando era legal sair de casa: bater um papo sobre um filme depois de assistí-lo.
Dividido oito temas, o Cineclube traz, uma vez por semana, dois filmes que serão votados em nossas redes sociais. O escolhido será debatido com um convidado especial em uma live no Instagram toda sexta-feira, sempre às 21h.
Dessa vez, o tema foi o mítico Studio Ghibli - que teve 21 animações lançadas na Netflix desde janeiro - e a convidada a jornalista e produtora de conteúdo Míriam Castro, mais conhecida na internet como Mikannn. No YouTube, ela tem um canal onde comenta séries, filmes e cultura pop desde 2015.
E não é que mesmo ela, uma especialista em animes (as animações japonesas), entrou nesse mundo por conta de A Viagem de Chihiro? “Foi o filme que me fez entrar nesse mundo. As pessoas tendem a valorizar muito as premiações e Chihiro foi o único anime até hoje a ganhar um Oscar de Melhor Animação. além disso, as pessoas costumam relacionar os animes a algo infantil. Os filmes do Studio Ghibli, sim, servem para um público infantil, mas também agradam muito os adultos”, disse Mikannn sobre a aceitação do 9º longa de Miyazaki.
Aclamado por público e crítica, A Viagem de Chihiro é frequentemente colocado em listas de melhores filmes da década de 2000 e às vezes até de todos os tempos. Tanto que em 2016 ficou em 2º lugar na lista de melhores filmes do respeitado jornal americano The New York Times e em 4º na lista da rede de TV inglesa BBC.
“A premiação foi muito importante para isso. Só por ser indicado ao Oscar já faz o filme ganhar muito em distribuição. Democratiza o acesso a ele. Ainda mais um que ganhar um Oscar e um festival importante como o de Berlim. Faz com que as pessoas se interessem por ele. As premiações dão um empurrãozinho para que as pessoas se esforcem um pouco mais para conhecer algo novo”, explica Mikannn.
“E a distribuição da Disney Pixar, claro, ajuda demais. Eles distribuem filmes do Studio Ghibli nos Estados Unidos desde Princesa Mononoke [1997], que é o filme do Myiazaki anterior a Chihiro, e lá Mononoke ganhou também um status que outros filmes do estúdio ainda não tinham por lá”, completou.
Mas além desses aspectos mais comerciais, A Viagem de Chihiro é um filme apaixonante. Na trama, Chihiro, uma menina de 10 anos, está triste porque está de mudança para uma nova cidade. Na viagem com seus pais, eles acabam se perdendo e acabam em uma estrada abandonada. No final do caminho encontram um túnel. Seus pais resolvem investigar o local e ela, mesmo com medo, vai junto.
No final do túnel eles descobrem um lugar que parece um parque de diversões abandonado, mas seus pais, com fome, são atraídos a uma barraca que está abarrotada de pratos dos mais variados e apetitosos, que eles se servem sem cerimônia enquanto Chihiro vasculha um pouco mais o local. A noite começa a cair e Chihiro volta para encontrar seus pais, mas quando os encontra percebe que eles se transformaram em porcos e que aquele lugar estranho começou a ser invadido por ser mágicos.
Até que ela encontra Haku, um garoto com poderes extraordinários que promete ajudá-la a salvar seus pais. Para isso, ele pede para que ela peça um emprego em uma casa de banhos para seres esquisitos comandada por uma bruxa chamada Yubaba.
“Chihiro é especial, porque você pode não entender nada de cultura japonesa e mesmo assim entende muito bem a história. É como um Alice no País das Maravilhas. Por mais que tenha toda uma forte carga de simbolismos e seres de uma mitologia que você não conhece, é uma história universal de amadurecimento”, diz Mikann.
“Quando comecei a entender um pouco mais de japonês e vi aquela cena em que a Chihiro assina o contrato com a Yubaba, vi que cada vez que você assiste esse filme, você descobre algo novo. Quando ela escreve o próprio nome e a Yubaba passa a mão sobre a assinatura e suga algumas letras, o único ideograma que fica na página é ‘Chi’, que pode ser lido também como Sen, em japonês, que é o novo que ela, Yubaba quer para Chihiro, para que a menina esquecesse sua própria história. Aí você entende também o que significa o nome original do filme, ‘Sen to Chihiro no kamikakushi’: A Viagem de Sen e Chihiro. Kamikakushi é como se fosse uma viagem espiritual. Ou seja, uma viagem espiritual de duas pessoas em uma. Descobrir depois esse tipo de informação é muito legal, e esse filme tem muito disso. É fascinante. Todo mundo tem que ver”, conclui.
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