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quarta-feira, 15 de abril de 2020

STF inicia julgamento virtual sobre proibição da ‘cura gay’

por: Kauê Vieira

A segunda turma do Supremo Tribunal Federal deu início ao julgamento para decidir sobre a proibição da ‘cura gay’. As informações são da coluna do jornalista Ancelmo Gois no jornal O Globo. 
O julgamento acontece virtualmente por causa das medidas de isolamento social para impedir a disseminação do novo coronavírus e tem relatoria da ministra Cármen Lúcia, que suspendeu a decisão de um juiz do Distrito Federal dando poder aos psicólogos para realizar o que ficou conhecido como ‘terapia de reversão sexual’. O julgamento no STF atende pedido do Conselho Federal de Psicologia (CFP).  

‘Cura gay’ diz muito sobre a homofobia no Brasil
Cármen Lúcia destacou que apenas o STF pode decidir sobre a tão falada terapia. Ela ainda citou uma definição do CFP estabelecendo que “os psicólogos não exercerão qualquer ação que favoreça a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas, nem adotarão ação coercitiva tendente a orientar homossexuais para tratamentos não solicitados”.
A autorização de tratamentos que prometem a cura de uma orientação sexual que vai contra padrões heteronormativos foi defendida pelo juiz federal Waldemar Cláudio de Carvalho. Autor da medida suspensa por Cármen Lúcia, o magistrado pontuou que os tratamentos supostamente  seriam necessários para “investigação científica de transtornos comportamentais” de LGBTs. 

Homofobia 

O papo furado sobre cura gay dá ideia da profundidade da homofobia em um dos países mais inseguros do mundo para uma pessoa não heterosexual estar. Uma matéria publicada pelo jornal o Globo mostrou que a interferência exagerada de correntes religiosas e a desinformação são a tempestade perfeita para a disseminação de dor e sofrimento causados pelo preconceito. 
“A mulher do pastor me deu folhas em que estavam listadas coisas sobre o meu comportamento e os meus relacionamentos. Eu escrevia que estava me relacionando com uma mulher, dizia coisas íntimas e sexuais. Depois de preencher, eu lia em voz alta para renunciar a tudo, orava a Deus, pedindo para que tirasse aquilo de mim e repreendesse a ação do inimigo (demônios, segundo a crença da congregação)  na minha vida”, diz uma das pessoas que teve a identidade preservada pelo jornal. 
Cármen Lúcia suspendeu decisão que autorizava a ‘cura gay’
O movimento de criminalização da liberdade sexual ganha força entre setores conservadores e reacionários da política. A ascensão de figuras que defendem a ditadura e exaltam torturadores deu segurança para nomes como Marco Feliciano, pastor e deputado federal eleito por São Paulo, defendam a ‘cura gay’. 
Em 2015, o deputado reuniu textos de pessoas que, segundo ele, “deixaram a homossexualidade (sic)”. O pastor ressaltou que as mudanças teriam ocorrido por causa da influência religiosa. Ele, no entanto, não apresentou nenhuma prova consistente. 
Trocando em miúdos, a defesa de uma cura para algo que não é doença, evidencia a homofobia. Emmanuele A. Jannini, professor de Endocrinologia e Sexologia Médica na Universidade de Roma Tor Vergata, na Itália disse à BBC que “após discutir por séculos se a homossexualidade deve ser considerada uma doença, pela primeira vez demonstramos que a verdadeira doença a ser curada é a homofobia”.

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