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quarta-feira, 22 de abril de 2020

Vozes que desafiam. O ato extremo da empatia de Edith Stein

Por: Cleusa Maria Andreatta, Susana Rocca, Wagner Fernandes de Azevedo | 06 Setembro 2019
Edith Stein foi morta em Auschwitz. Era de família judia, nascida em Vrastilávia, na Silésia. Aos 21 anos recebeu o batismo na Igreja Católica, sob o nome de Teresa. Aos 33 anos, entrou para o Carmelo. Edith Stein, ou Teresa Benedita da Cruz, era doutora em Filosofia, foi orientada por Edmund Husserl, poderia ter sido professora universitária sob indicação de seu mestre, era uma mulher reconhecida por seus escritos, sobressaindo-se aos padrões da época. Com o avanço do nazismo alemão, foi enviada para Echt, na Holanda. O seu local de exílio não escapou das tropas de extermínios de judeus. Stein, mesmo sendo religiosa católica jamais aceitou ser tratada de forma diferente dos outros judeus — mais que isso, insurgiu-se cobrando uma postura firme do papado contra o nazismo alemão. Em 2 de agosto de 1942, foi presa em Amersfoot. Nos dias seguintes foi transportada até Auschwitz. Onde junto de sua irmã Rosa, em 9 de agosto, foi morta no campo de concentração.

O pensamento de Edith Stein não era uma mera contribuição à Filosofia. Embora, de forte influência husserliana, Stein foi autêntica, assumindo o que escrevia também forma de viver — e ir ao extremo. Segundo o filósofo Rudimar Barea, "para Stein, o fenômeno que leva o sujeito ao encontro do mundo das coisas e o mundo de outos sujeitos se estabelece pela empatia. É preciso, com efeito, levar em consideração que este fenômeno não se dá somente com o corpo físico, mas também com o corpo próprio dotado de sensibilidade. Para Stein, os seres humanos, em relação de entendimento, não são apenas mônodas separadas, será preciso considerar o outro, em sua plenitude", escreve em sua dissertação de mestrado.
A centralidade da empatia para compreender a pessoa humana, é traço marcante de Stein. "A empatia para Stein se efetiva plenamente em seu caráter genuíno, quando captamos a essência da vivência alheia e vivenciamos como se fosse nossa", escreve BareaLuis Carlos de Carvalho Silva, em dissertação de Mestrado em Ciências da Religião, na Universidade Federal de Juiz de Fora, reforça essa compreensão. "Edith Stein, em sua profunda empatia pelo povo judeu, intercede por ele, para que não perca e nem renuncia a sua identidade e missão de ser Povo de Messias; escreve livros e cartas denunciando o massacre sofrido pelos judeus, consolava de diversas formas os que padeciam com a tragédia social e era solidária. O holocausto da Carmelita é uma expiação pelo outro e por si".
Na missa de canonização de Edith SteinJoão Paulo II ressaltou a radicalidade do martírio em meio à crueldade nazista, a compreensão da verdade, do amor e a relação que se estabelece com a cruz. "Santa Teresa Benedita da Cruz conseguiu compreender que o amor de Cristo e a liberdade do homem se entretecem, porque o amor e a verdade têm uma relação intrínseca. A Irmã Teresa Benedita é testemunha disto. 'Mártir por amor', ela deu a vida pelos seus amigos e no amor não se fez superar por ninguém. Ao mesmo tempo, procurou com todo o seu ser a verdade, da qual escrevia: 'Nenhuma obra espiritual vem ao mundo sem grandes sofrimentos. Ela desafia sempre o homem inteiro'. A Irmã Teresa Benedita da Cruz diz a todos nós: Não aceiteis como verdade nada que seja isento de amor. E não aceiteis como amor nada que seja isento de verdade!".
Pelo princípio da alteridade também se compreende a percepção de Stein sobre a Igreja e o papel das mulheres nela. Embora não fosse "revolucionária" e nem "feminista", para as primeiras décadas do século XX, escreveu livros sobre a formação, vocação e necessidade de estabelecer um papel crucial para as mulheres na Igreja. Segundo Sylvie Courtine-Denamy, em entrevista à IHU On-Line, "Para Hannah ArendtSimone Weil e Edith Stein de nenhum modo a emancipação feminina se colocou no plano individual, porque elas tiveram a chance de ter mães muito compreensivas, que as deixaram escolher sua orientação: a filosofia. Edith Stein militou muito cedo pelos direitos da mulher, embora suas posições nos pareçam hoje bastante conservadoras".
Para Stein, a presença feminina deveria se dar em todos os espaços. No livro compilado "A mulher: sua missão segundo a natureza e a graça" (EDUSC, 1999), ela ressalta a importância da luta do movimento feminista para conquistar o espaço para as mulheres em diferentes profissões. Ao longo da obra, constrói um roteiro de formação para mulheres, de forma que exerçam sua feminilidade para o serviço comum, seja no cuidado das pessoas doentes, de problemas financeiros ou da paróquia em que estão. 

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