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quarta-feira, 15 de abril de 2020

Agora visto como machista, '500 Dias Com Ela' completa dez anos

Filme estrelado por Zooey Deschanel e Joseph Gordon-Levitt recebeu novas avaliações e intepretações com o passar do tempo

CINEMA E SÉRIES
Helder Maldonado, do R7
18/07/2019

Lançado em 17 de julho de 2009, 500 Dias Com Ela atingiu o status de clássico cult instantâneo. E o motivo é retratar em um blockbuster a história de amor de um casal indie embalada por uma trilha repleta de músicas do gênero, como There Is a Light That Never Goes Out, dos Smiths, eternizada na cena em que Tom e Summer se encontram no elevador.

O filme, estrelado por Zooey Deschanel e Joseph Gordon-Levitt, no entanto, passou a ser encarado de maneiras diferentes com o passar do tempo. Se inicialmente o romance alternativo foi interpretado como um filme que retratava o príncipe encantado Tom como uma pessoa que havia sido traído pela insensível Summer, hoje a leitura é outra.

E, se o público tivesse prestado mais atenção, já deveria ter notado isso na época. Afinal, a primeira frase do roteiro mostra que Tom projetou em Summer um romance ideal e não foi correspondido.

FIlme é inspirado em relacionamentos indie
FIlme é inspirado em relacionamentos indie
Divulgação

Mas não por falta de aviso. Afinal, Summer deixa claro reiteradamente que não tinha interesse por se envolver naquele momento. "O filme a seguir é uma história de ficção. Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas é mera coincidência. Especialmente você, Jenny Beckman. Vaca", diz um aviso escrito, no começo. Isso já seria um indicativo sobre a personalidade do protagonista.

Mas se isso passou despercebido pelo público indie que ficou feliz em se ver retratado esteticamente no filme naquela época, hoje não mais. Até mesmo os protagonistas do filme foram convidados para debater a personalidade dos personagens no início deste ano.

Em um encontro promovido pela revista Entertainment Weekley, Zooey e Joseph reassistiram o longa metragem e analisaram o enredo com distanciamento histórico. E a análise dos dois foi consensual.

Ambos sabem que Tom esperou demais de quem nunca prometeu nada. E, ao não ter seus desejos atendidos, resolveu agir de forma machista e tóxica com a mulher que nunca foi muito mais que uma ficante ou rolo.

"Summer é completamente honesta, do começo ao fim", ressaltou Gordon-Levitt na ocasião.

Zooey e Joseph falaram sobre o filme em encontro
Zooey e Joseph falaram sobre o filme em encontro
Entertainment Weekly

"Fico muito surpresa quando mulheres dizem que 'odiaram' minha personagem no filme. Tipo, sério? Ela foi clara desde o começo!", brincou a atriz. "Mas acho que também é a prova do quão adorável você [Joseph Gordon-Levitt] está no filme".

"Tudo bem, mas não vemos as inconveniências do personagem, por que é tudo contado sob sua perspectiva. Não percebemos ele ignorando o que ela diz, o que é bem menos fofo", complementou Gordon-Levitt. "Na era do Me Too, há uma perspectiva diferente sobre esse filme", concluiu Deschanel.

E a discussão foi parar até nas redes sociais. O ator precisou mais uma vez reforçar essa narrativa para rebater a crítica de uma fã. "Assista novamente. A maior parte da culpa é do Tom. Ele está projetando. Não está ouvindo. Ele é egoísta. Por sorte, ele amadurece no final", rebateu o ator.

Dirigido por Marc Webb e escrito por Michael H. Weber, o filme é despretensioso, mas envelheceu bem ao passar do tempo, apesar dos debates sobre o roteiro.

Inclusive, ter sido reavaliado tantos anos depois, nem que seja esporadicamente de forma negativa, sinaliza que o título já é uma das comédias de costumes e romances mais marcantes da década passada, tendo atingido o feito de conquistar o Satellite Award de 2009 por Melhor Roteiro Original e o Independent Spirit Award por Melhor Roteiro, além de garantir uma indicação ao Globo de Ouro por Melhor Filme (Comédia ou Musical) e uma nomeação para Joseph Gordon-Levitt por Melhor Ator (Comédia ou Musical).

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