São quatro critérios que buscam fortalecer a presença de mulheres, não brancos, LGBTQ+ e deficientes em todos os estágios da produção e distribuição de um filme
por Pedro Strazza
9.set.2020
A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas anunciou no fim da noite desta terça-feira (8) uma nova regulamentação para elegibilidade no Oscar de Melhor Filme que estabelece padrões de diversidade e inclusão a todas as produções interessadas em buscar o prêmio máximo da entidade. A emenda nos critérios é fruto de reuniões de uma “força-tarefa” organizada e anunciada em junho pelo presidente da organização, David Rubin, e será instaurada a partir da cerimônia de 2024.
De acordo com o anúncio oficial, os critérios que passam a valer desta edição são quatro e as produções precisam atender pelo menos dois deles para se tornarem elegíveis ao prêmio. Todas as categorias passam por questões de representação no corpo de trabalhadores envolvidos na criação e distribuição dos filmes, valendo tanto para a inclusão de mulheres, público LGBTQ+, indivíduos não-brancos e até deficientes nestes estágios.
Os critérios são “Representação na tela, temas e narrativas”, que contempla a presença de diversidade nos principais atores e atrizes, elenco ou história; “Liderança criativa e time do projeto”, o qual exige a presença de líderes não-brancos, homens ou héteros em pelo menos dois dos departamentos de produção (incluindo casting, fotografia, trilha sonora, figurino, direção, montagem, cabelos, maquiagem, produção, design de produção, sets, som, efeitos visuais e roteiro) ou em 30% da equipe geral; “Acesso e oportunidades na indústria”, válido para as produtoras e financiadoras dos projetos em termos de corpo de funcionários e oportunidades de estágio; e “Desenvolvimento do público”, o qual engloba a representatividade em times de marketing, publicidade e distribuição.
Ainda segundo a Academia, os filmes que podem disputar a categoria principal em simultâneo a Melhor Animação, Documentário e Filme Internacional terão suas candidaturas ao prêmio avaliadas separadamente dos demais. As edições de 2022 e 2023, enquanto isso, exigirão das produções envolvidas na disputa que enviem um documento confidencial com um formulário voltado aos novos critérios de inclusão para confirmar seu envolvimento na corrida.
As novas medidas obviamente reforçam o comprometimento da entidade em garantir que Hollywood (e a indústria do cinema como um todo) se mantenha na promoção dos valores de inclusão e diversidade, mas a sensação inicial é de que os novos critérios são uma régua bem baixa para a garantia deste desenvolvimento do meio. Bom exemplo disso é o BAFTA, que no início desta quarta (9) soltou uma nota parabenizando a Academia pelas mudanças e comentando que a entidade teria estudado seus critérios de diversidade lançados em 2016 para incentivar diversidade no financiamento de projetos – o prêmio britânico sofreu com críticas na última edição por só escolher artistas brancos para concorrer nas categorias de atuação.
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