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sexta-feira, 3 de maio de 2013

Mas e os homens? Ah… essa pergunta insistente

*Por Sarah de Roure

Ontem um amigo me mostrou um site que lista uma série de instituições do mundo onde NUNCA houve nenhuma mulher na sua direção. Melhor dito, uma lista de instituições que sempre foram conduzidas por homens.

A Suprema Corte de Justiça dos EUA; editores chefes do Financial Times, do The Economist, do Wall Sreet Journal, Diretor da BBC; presidentes do Rotary Clube; Bispos da Igreja da Inglaterra; Diretores de musica da Filarmônica de Nova York, da Orquestra Sinfônica de Boston, Chicago, da orquestra da Filadélfia, Filarmônica de Londres, Berlim e Los Angeles, etc.[1]

A lista comportaria ainda muitos outros que o autor não listou, mas ao ler isso imediatamente lembrei do questionamento que sempre nos fazem ao movimento de mulheres : Mas e os homens? Porque só de mulheres? Isso não é segregação?

A resposta parece ser que os homens já estão organizados. Isso mesmo. Já estão organizados como lista o site, nos espaços de poder da nossa sociedade, isso porque é assim que o patriarcado se estrutura.

O raciocínio é simples: A) no mundo existem mulheres e homens. B) Esses dois grupos se relacionam em vários espaços e de diferentes formas. C) tem um tal de patriarcado que confere a eles como um grupo, uns privilégios sobre as mulheres. A conclusão de alguns é: então porque não explicar isso direitinho e convencê-los de que não pode ser assim?

É inquietante que essa pergunta sempre volte, porque continuamos achando que somos nós as mulheres as responsáveis ( mais uma vez??) por debater isso ? Ou seja, além de fazer o trabalho doméstico, ganhar menos nas mesmas funções, morrer por aborto ilegal, ser assediada nas ruas todos os dias, ao nos organizarmos contra o machismo temos que organizá-los também??

Aqui há uma diferença de concepção de por onde passa a luta das mulheres. Ao longo da história do movimento de mulheres, houve as que apostaram na estratégia de convencimento dos homens e das instituições sobre a necessidade de mudar a vida das mulheres a partir do reconhecimento de que essas viviam em uma situação desigual. Por outro lado, outras investiram na idéia de que era preciso organizar as mulheres para construir uma força política na sociedade capaz de se contrapor ao sistema capitalista e patriarcal geradores da desigualdade.

É parte do processo político em que nós da Marcha apostamos, a construção de alianças além do movimento feminista. Em nossa trajetória as alianças são fundamentais, afinal mudar o mundo é uma tarefa grande demais para nós sozinhas! Entretanto essas alianças só são possíveis ao fortalecermos as mulheres para que se reconheçam como as protagonistas da transformação.

Se você é homem e quer ajudar, ótimo! Apóie a nossa auto organização, pergunte para suas companheiras no que pode ser útil enquanto elas estão reunidas.

O patriarcado e o capitalismo se organizam na dicotomia entre o público e o privado, onde nós mulheres estamos destinadas ao universo privado, do cuidado, familiar com tudo o que isso implica. E os homens, se ocupam da esfera pública, do espaço do trabalho reconhecido, da política, do debate, da democracia.

Ao nos organizarmos enquanto mulheres estamos rompendo com esse lugar natural, tomamos a palavra, ocupamos os espaços, nos constituímos como sujeitas políticas de nossa própria emancipação. Só isso já seria rompedor se fosse só isso.

Mas se além disso, essas mulheres debatem de forma crítica,anti capitalista, anti racista, elaboram suas reivindicações e constroem suas alternativas… ah, aí sim estamos mudando o mundo.

*Sarah de Roure é historiadora e militante da Marcha Mundial das Mulheres em São Paulo.

[1] Extraído de http://100percentmen.tumblr.com/

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