O Governo alemão busca aprovar uma lei para garantir que as mulheres ocupem 30% dos postos nas principais empresas
ENRIQUE MÜLLER Berlim
Angela Merkel em sua chegada hoje no Bundestag. / TOBIAS SCHWARZ (REUTERS) |
A cota feminina obrigatória foi um tema que mereceu apenas uma menção no acordo que tornou possível a formação do novo governo de coalizão, mas o tema ganhou importância nas últimas seis semanas na Alemanha. Tanto que a chanceler Angela Merkel utilizou nesta quarta-feira a principal tribuna política do país para anunciar que seu governo legislará para fazer possível que, a partir de 2016, seja instituída uma cota feminina na direção das grandes empresas alemães.
Merkel justificou a medida com uma frase que será lembrada, para bem ou para mal, pelo mundo empresarial alemão. “Uma economia social de mercado precisa de grande competitividade e por nossa experiência sabemos que essa competitividade é maior quando homens e mulheres têm as mesmas oportunidades”, disse a chanceler no Bundestag. “Por isso estabeleceremos para todos os conselhos de superintendência e de administração de voto obrigatório e das empresas listadas em Bolsa uma quota feminina de ao menos 30%".
O anúncio de Merkel surpreendeu o seu partido e o mundo empresarial por uma razão bastante simples: ela nunca havia se manifestado a favor de uma cota feminina obrigatória e, em contrapartida, se mostrava a favor do diálogo com a direção das empresas. Merkel usou, por exemplo, todo o poder que tem em suas mãos para impedir na legislatura passada uma iniciativa de sua ministra de Trabalho, Ursula von der Leyen, que havia proposto uma cota feminina de 20% a partir de 2018.
Mas o novo governo de grande coalizão obrigou Merkel a mudar de atitude. Há alguns dias, a nova ministra da Família, a social-democrata Manuela Schwesig, disse que seu ministério estava trabalhando na redação de uma lei de cotas femininas nas grandes empresas alemãs.
A ministra sugeriu que a cota devia ser válida nas direções de pelo menos 2.600 grandes empresas e anunciou que a lei deveria ficar aprovada no curso este ano, entrando em vigor em 2015. Mas advertiu que o percentual de 30% será obrigatório só para 120 empresas que estão listadas na Bolsa.
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