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sexta-feira, 14 de março de 2014

A obesidade e a ditadura da magreza

Aurélio Melo*

Marilyn Monroe, atriz de cinema, fez muito sucesso na década de 1950, pela sua beleza e sensualidade. Tornou-se um ícone pop do século 20, e sua imagem é facilmente  reconhecida pelas gerações mais novas, ainda que não tenham visto os filmes por ela protagonizados. Tempos atrás, vi um de seus filmes e fiquei surpreso pela silhueta de seu corpo:  Marilyn seria considerada hoje, pela mídia e pelos espectadores, como alguém “cheinha” ou acima do peso.

Em menos de 60 anos o padrão de beleza feminino alterou-se consideravelmente. O que era uma mulher bela e sensual décadas atrás, não o é mais.

Atualmente, vivemos sob a pressão da ditadura da beleza: todos querem ser belos fisicamente. Todos, ou quase todos, querem frequentar lugares de gente bonita (existe?). Faz mais sucesso os filmes que têm mais atores bonitos. A beleza física é um atributo que está sobressaindo em relação aos demais. É como se a beleza “arrastasse” outras qualidades admiráveis em um homem ou uma mulher: capacidade, inteligência, bondade e, a mais importante de todas, a felicidade.

Mas o que é beleza?  Isso é uma longa discussão. Fiquemos com uma questão mais simples: existe um padrão de beleza hoje para o qual todos devem seguir. Uma das característica desse padrão é a magreza. Ser magro hoje, diferentemente de décadas atrás (dos tempos da bela Marilyn Monroe), é uma das característica de beleza. Ser magro, slim, longelíneo, é um dos elementos do conjunto chamado beleza.

Se todos, ou quase todos, querem ser belos, emagrecer está na ordem do dia. Contudo, perder peso não é tarefa simples, nem depende exclusivamente da vontade pessoal, ao contrário do que se diz por aí. Emagrecer depende da rotina, da vida social e econômica, da ansiedade de cada um e de muitas outras condições. Bem, temos de um lado uma pressão social (internalizada pelo indivíduo) para emagrecer e tornar-se mais bonito e, de outro, uma série de situações e circunstâncias que dificultam a mudança de hábitos e rotina para iniciar uma dieta ou um programa de emagrecimento. A alimentação, excessiva ou não, de qualidade ou não, pode funcionar como fonte de prazer única ou quase única, sendo improvável a sua substituição por outros prazeres porque depende da mudança de hábitos e rotina.

Boa parte das promessas de emagrecimento está fadada ao fracasso porque parte de falsas crenças: tudo é uma questão de vontade; tudo é uma questão de seguir uma receita (tão milagrosa quanto bizarra).

Enfim, é necessário primeiramente questionar-se o que é beleza e o que é ser magro. Depois, então, quando se decide pela perda de peso, é importante lembrar que são muitos os fatores que determinam nossas vidas, e na hora de mudarmos a rotina ou nossos hábitos, devemos levar em contas essas determinações. É isso.

*Aurélio Melo, psicólogo, é doutor em desenvolvimento humano pela USP e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

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