Regina Navarro Lins
Comentando a Pergunta da Semana
A maioria das pessoas que responderam à enquete da semana nunca se vingou da pessoa amada. Entretanto, há quem seja a favor da vingança no amor. Um dos internautas disse:
“O amor é um sentimento forte, arrebatador. Se algo ocorre e esse amor é rompido por culpa do(a) parceiro(a), a vontade de se vingar é quase certa, porque a decepção é um sentimento tão forte quanto o amor. Claro que depende da vingança, afinal, sou contra a vinganças criminosas. Mas se for para ver aquela pessoa sofrer por motivos semelhantes àqueles que te fez sofrer, a vingança é válida – sim – e, embora eu nunca tenha passado por isso, sou a favor da vingança no amor.”
Mas nem todos repudiam as vinganças criminosas. Uma chinesa que queria vingar-se do marido, por ele ter pedido o divórcio, em março de 2006 explodiu o edifício em que ele morava, informou a polícia de Leye (sul da China). Segundo um oficial, a mulher de 37 anos comprou o explosivo por US$ 23 e, com a ajuda de três cúmplices, detonou a carga no edifício residencial de três andares, deixando um saldo de nove mortos e quatro feridos.
Os homens suportam menos ainda o abandono. A procuradora de justiça de São Paulo, Luiza Nagib Eluf, afirma que as mulheres são menos afeitas à violência física. “A história da humanidade registra poucos casos de esposas ou amantes que mataram por se sentirem traídas ou desprezadas. Essa conduta é tipicamente masculina. (…) O crime passional costuma ser uma reação daquele que se sente ‘possuidor” da vítima. (…) Por isso, quando se vê contrariado, repelido ou traído acha-se no direito de matar.”
Um bom exemplo é a ópera Carmen de Bizet, que estreou, em 1875, em Paris. É por Carmen, a bela e fascinante vendedora de cigarros, que Dom José se apaixona e deserta da vida militar. A mulher primeiro o seduz, o faz sonhar, mas depois se apaixona por outro, o toureiro Escamillo. Inconformado com o abandono Dom José a apunhala no peito, perto da entrada, da Praça de Touros, onde Escamillo está a sendo aclamado pela multidão, após a sua atuação.
Apesar de na vida real existirem inúmeros casos de mulheres assassinadas por terem desejado o término da relação, a grande maioria das pessoas, felizmente, não reage dessa forma quando é abandonada. Mas quem vive uma situação de abandono diz se sentir completamente só com seu desespero. Afirma não haver palavras que amenizem a dor, porque o desespero da perda faz com que a pessoa se feche em si mesmo e é difícil que alguém possa lhe ajudar. Todo discurso racional, de conforto e de consolo, é ineficaz.
Para o psicólogo americano David Buss, um refrão comum aos matadores emitido para suas vítimas ainda vivas é: “Se eu não posso ter você, ninguém pode.” As mulheres estão sob um risco maior de serem assassinadas quando realmente abandonaram a relação, ou quando declararam inequivocamente que estão partindo de vez.
Buss aponta dados importantes. Um estudo de 1333 assassinatos de parceiras no Canadá mostra que mulheres separadas têm de cinco a sete vezes mais possibilidades de serem assassinadas por parceiros do que mulheres que ainda estão vivendo com os maridos. O tempo de separação parece ser crucial.
As mulheres correm o maior risco nos primeiros dois meses depois da separação, com 47% das mulheres vítimas de homicídio sendo mortas durante esse intervalo, e 91% dentro do primeiro ano depois da separação. Os primeiros meses depois da separação são especialmente perigosos, e precauções devem ser tomadas por pelo menos um ano.
Os homens nem sempre emitem ameaças de matar as mulheres que os rejeitam, claro, mas tais ameaças devem sempre ser levadas a sério. Eles ameaçam as esposas com o objetivo de controlá-las e impedir sua partida. A fim de que tal ameaça seja acreditada, violência real tem que ser levada a cabo. Os homens às vezes usam ameaças e violência para conseguir controle e impedir o abandono.
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