14/06/2014 - por Redação Marie Claire
"O controle tem de ser de médicos e farmacêuticos, e não de traficantes", diz Anne-Marie Cockburn, cuja filha Martha Fernback morreu após tomar dose com 91% de pureza de ecstasy
Martha Fernback em foto de página do Facebook em sua memória (Foto: Reprodução) |
Anne-Marie Cockburn está de luto. A sua filha Martha Fernback, de apenas 15 anos, morreu há 11 meses, depois de ingerir uma dose puríssima de ecstasy. Agora, essa inglesa de 43 anos luta para que a droga seja legalizada e que os usuários tenham mais informação sobre o que estão consumindo.
Em 20 de julho do ano passado, Martha Fernback desmaiou em um parque em Oxford, onde vivia com a mãe. Ela sofreu uma parada cardíaca, foi levada ao hospital e morreu poucas horas depois.
No inquérito sobre a morte, o legista fez um alerta a outros adolescentes sobre os riscos do consumo de drogas, explicando que não há nenhuma maneira de saber a pureza das substâncias ilegais. O ecstasy que a menina tomou era 91% MDMA, o princípio ativo da droga, enquanto a média costuma ser 58%.
Após o inquérito sobre a morte da filha, Anne-Marie quer garantir que o que aconteceu com sua filha não se repita. "Precisamos de uma regulamentação rigorosa e responsável. Não sou uma pessoa radical, isso foi bem considerado e pensado. O controle tem que passar a ser de médicos e farmacêuticos, e não de traficantes", disse ao jornal "Daily Mail".
"A lei em vigor atualmente resultou nisso que aconteceu comigo. Proibir é ultrapassado e nem um pouco realista numa sociedade moderna. Regulamentação rigorosa e responsável não é uma abordagem suave, ao contrário: é ter o mínimo de controle."
A mãe lembrou ainda que nenhum pai quer que o filho use drogas, mas que seria mais reconfortante se os pais soubessem que as drogas vêm de uma fonte confiável. "Martha queria curtir o barato da droga, ela não queria morrer. Nenhum pai quer que o filho use drogas, mas uma coisa é mil vezes preferível à outra."
Anne-Marie também está procurando políticos ingleses para tratar sobre a melhora na educação sobre as drogas e colocar em pauta uma reforma política para as drogas recreativas. "Gostaria que uma educação eficiente sobre as drogas tivesse permitido minha filha a tomar uma decisão mais informada, em vez de deixá-la vulnerável e em perigo."
Ela ainda lançou o livro "5.742 Days", no qual fala sobre sua dolorosa e angustiante jornada de ser uma mãe solteira em luto e reconhecer que ainda tem um futuro, uma vida para viver.
Julgamento
O adolescente que vendeu a droga que matou a menina foi julgado no mês passado e não foi para a cadeia. Alex Williams, de 17 anos, vendeu o ecstasy para um amigo de Martha. Ele se declarou culpado por fornecê-lo, mas, em vez da pena de prisão de dez anos que poderia ter recebido, foi encaminhado para uma reabilitação de 18 meses e ficará em liberdade condicional durante outros três meses.
No julgamento, o promotor David Povall contou que Martha havia usado a droga antes e que da fatídica vez, ela se sentiu em um sonho, segundo o relato dos amigos. O grupo notou que ela estava suando muito. Foi neste momento que Martha entrou em colapso.
A mãe se lembra dela como uma garota brilhante: "Seis semanas antes de morrer, ela tirou F em francês. Arrumei um professor particular e, depois da morte dela, recebi resultados do teste, ela tirou A. Era naturalmente brilhante. Estou feliz que, embora tenha tido uma vida curta, foi uma vida muito completa."
'Martha era uma garota incrível, tinha o cérebro de engenheira, era mais alta que eu. Esse é o ponto: ela estava quase lá, quase uma adulta. Mas morreu poucos meses antes de completar 16 anos."
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