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domingo, 22 de junho de 2014

Hoje na História: 1908 – Manifestação pelo direito ao voto leva 250 mil mulheres ao Hyde Park


Conhecido como "Women's Sunday", protesto foi a primeira reunião em massa das militantes inglesas

Em 21 de junho de 1908, as suffragettes manifestam-se violentamente no Hyde Park, em Londres. Apesar da enorme multidão de cerca de 250 mil pessoas, os manifestantes não conseguiram fazer avançar sua reivindicação: o voto das mulheres. A manifestação ficaria conhecida como "Women's Sunday" — "domingo das mulheres" —, primeira reunião política em massa das militantes do Women's Social and Political Union (WSPU) na Inglaterra.
As militantes, porém, só viriam a obter uma vitória em 28 de dezembro de 1918 com a outorga do direito de voto das mulheres de mais de 30 anos.
Desde os primórdios, o movimento feminista vinha propondo uma renovação dos métodos de ação política que reproduziam pautas patriarcais. Se bem que tenha havido vozes contemporâneas à Revolução Francesa, como as da inglesa Mary Wollstoncraft ou da francesa Olimpe de Gouges, o movimento se articulou ao longo do século 19 em torno do direito de voto da mulher.

Depois da Guerra Civil norte-americanas fundiram-se o que restou do movimento antiescravista com o das mulheres para pedir o voto para negros e mulheres. Em 1868 e 1872 mulheres, como Susan Anthony, foram condenadas por tratar de votar. Susan foi, ademais, uma grande impulsora do internacionalismo nos movimentos de mulheres e conseguiu fundar em 1904 a Aliança Internacional Pelo Sufrágio das Mulheres (IWSA).
No entanto, a principal campanha de ação direta levada a cabo pelo movimento sufragista se realizou no Reino Unido, a partir de 1903 por Emmeline Pankhurst, pertencente à Liga Fabiana e ao Partido Trabalhista, fundadora da Liga em Favor do Direito do Voto da Mulher em 1892 e em 1898, da União Política e Social da Mulher (WSPU). As ativistas que acompanharam sua estratégia ficaram conhecidas como “suffragettes”, foram aos poucos radicalizando e não mantiveram a pauta de ‘não-resistência’. Tanto Emmeline como suas filhas foram presas em várias ocasiões.
Ficaram famosas as palavras de Emmeline dirigidas aos jurados que a julgavam em 1908: “Estamos aqui não para violar as leis e sim pelo esforço de criar novas leis.”
Em 21 de junho de 1908 conseguiram convocar uma manifestação com mais de 250 mil mulheres no Hyde Park, Londres, que acabou com as participantes lançando pedras contra a residência do primeiro-ministro.
A partir de 1909 começaram a usar a greve de fome como estratégia, uma vez que as suffragettes eram presas. A violência policial se manifestou nas ruas. Um célebre incidente às portas do Parlamento em 18 de novembro de 1910, conhecido como Sexta-Feira Negra, 300 mulheres foram maltratadas, vexadas e 100 delas presas quando tratavam de furar o bloqueio policial para se entrevistar com o primeiro ministro Asquith. Entretanto, a consequência da Sexta Feira Negra foi a aprovação das Conciliation Bills, leis que possibilitaram o sufrágio às mulheres ricas.

[A 'suffragette' Emmeline Pankhurst, morta em 1928, pouco tempo após a lei que estendeu a todas as mulheres maiores de idade o direito ao voto]
Em 1912, uma segunda lei eleitoral se estava discutindo quando as suffragettes  faziam uma campanha para a quebra de vidros, o que levou Emmeline à cadeia. Na prisão, iniciou sua primeira greve de fome, negando-se a ser alimentada, procedimento habitual em outras ocasiões.
A polícia a princípio tratou de todo modo forçar a alimentação das presas. Depois cuidaram de colocar as ativistas em liberdade quando estavam muito debilitadas, a fim de evitar danos do governo junto à opinião pública. Uma vez restabelecida a saúde eram novamente presas quando tentavam retomar a atividade política.
Nesse mesmo ano as suffragettes radicalizam e chegam a provocar pequenos incêndios com coquetéis molotov. Chegaram a por cartazes na carruagem do primeiro ministro com a inscrição “voto para a mulher”. Essas táticas foram afastando as suffragettes do apoio da opinião pública, levando até algumas figuras a abandonar o movimento.
Em 1918, justo no final da guerra, uma lei permitiu o voto a mulheres com mais de 30 anos. Um novo cisma surgiu no movimento sufragista ante as divergências de se criar organizações mistas. Emmeline optou por continuar em organizações só de mulheres e fundou o Women Party, ainda ativo nos nossos dias.
Após o fim da guerra, dedicou-se a apoiar o Império Britânico contra o bolchevismo, empreendendo novas viagens pelo mundo. Finalmente, em 1926 ingressou no Partido Conservador, por, segundo seu critério, ser o único partido que lhe permitiria trabalhar o “empoderamento” da mulher, já que o Partido Liberal havia sido alvo de seus ataques antes da guerra e havia deixado o Partido Trabalhista. Morreu em 1928, pouco depois que a lei estendeu a todas as mulheres maiores de idade o direito de voto.

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