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terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

A China está ficando mais conservadora?

Biblioteca na China (Getty)
Ministro chinês disse que livros com 'valores ocidentais' não deveriam entrar em salas de aula

21 fevereiro 2015
Em meio a celebrações do Ano Novo Chinês, o país busca ampliar sua já crescente influência na economia mundial.
Mas, na verdade, a influência que o mundo tem na China é que gera muito mais debate entre a população, já que há sinais cada vez mais claros de que o país está se tornando mais conservador.
Desde que o presidente Xi Jinping assumiu o poder em 2012, ele vem tentando estampar sua autoridade no modo como o país é governado.
Em um discurso em outubro, por exemplo, Xi Jinping falou sobre artes e literatura. "As artes deveriam servir ao socialismo e ao povo", disse, pedindo que os artistas produzissem trabalhos que "divulgassem os valores chineses e o senso de beleza chinês."
Mas o que está acontecendo realmente com o país? A jornalista da BBC chinesa Yuwen Wu conversou com especialistas para discutir como iniciativas recentes do governo foram recebidas no país.
  1. Veto a livros que propagam valores do Ocidente

    O presidente da China, Xi Jinping
    Xi Jinping assumiu o poder com um discurso salpicado de tons nacionalistas e conservadores
    O ministro da Educação da China se viu em uma saia justa ao fazer um discurso a funcionários de uma universidade no fim de janeiro. Yuan Guiren pediu que fosse exercido um controle firme sobre o uso de obras ocidentais, reiterando que "nunca se deveria permitir em salas de aula livros que propagassem valores ocidentais ". O discurso repercutiu nas mídias sociais, com muitos questionando a definição de Yuan para "valores ocidentais" e o porquê de eles serem banidos.
    - Isso significa que o Marxismo deveria ser banido da China, já que ele é parte dos 'valores ocidentais'?, perguntou um usuário do site Weibo. - E a democracia? E os direitos humanos? E o socialismo?, questionou outro chinês na mesma rede. - Então, se a ordem é banir esses livros, é melhor cancelar o meu curso (na faculdade) e desmantelar todo o meu departamento", comentou um usuário no Wechat.
    Outros também apontaram para o fato de muitos dos filhos de funcionários de alto escalão do governo estudarem no Ocidente. "É uma lei para a elite e outra para o povo, não?", questionou um critico do governo. Para o professor Zhan Jiang, da Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim, é inviável banir livros ocidentais, já que muitos cursos são ensinados em inglês, especialmente nas áreas de economia e direito.
    Já o professor de História Zhu Xueqin, da Universidade de Xangai, lembra que, em 2011, o ministro Yuan apoiou o uso de livros estrangeiros. "Os tempos mudaram e agora ele está vendo para que lado o vento está soprando." Zhu Jidong, professor da Academia Chinesa de Ciências Sociais, defendeu o ministro, dizendo que ele estava se referindo a tendências negativas do Ocidente, como o neoliberalismo, e não a conteúdos científicos ou educacionais.
  2. Proibição de decotes em novelas na TV

    Novela chinesa
    Os decotes das cortesãs na novela "A Imperatriz da China" desapareceram após intervenção
    "Imperatriz da China" é uma novela de época que passa na TV local e que tem uma imensa audiência.
    Com uma produção extravagante, ela traz cenários e vestuários bem produzidos – e muitos dos vestidos usados pelas atrizes têm decotes que mostram muito mais do que se costuma mostrar nas novelas chinesas.
    Após alguns episódios, a novela foi tirada do ar, sob a justificativa de problemas técnicos. Quando voltou a ser exibida, o que se viu foi um programa bem diferente: todas as cenas com mulheres foram exibidos com um novo enquadramento, em que a cabeça das atrizes aparecia ampliada e não se via quase nada abaixo da linha do pescoço. Ou seja, nada de decotes.
    A mudança provocou revolta entre os expectadores.
    Muitos reclamaram que as cenas eram desconfortáveis de se assistir e que o senso de beleza da novela se perdeu, à medida que o figurino quase não aparecia mais.
    O público disse que os burocratas "jogaram no lixo o trabalho da produção, que recriava com detalhes a atmosfera da época".
    No entanto, muitos apoiaram as mudanças, alegando que a novela e seus decotes abriam um precedente perigoso e a situação poderia sair de controle.
    A coordenação da Televisão Nacional explicou que havia recebido muitas reclamações sobre algumas cenas serem inapropriadas para jovens.
    Os censores checaram as imagens, concordaram e fizeram os cortes, alegando que a arte deveria promover os valores centrais da sociedade chinesa e divulgar a beleza "real". Soa familiar?
  3. Proibição de modelos em feiras do automóvel


Modelo em feira de automóveis
O veto às modelos não foi uma medida tão impopular como outras mais conservadoras

No início deste ano, os diretores da feira de automóveis Xangai Motor Show fizeram um anúncio chocante: as modelos serão banidas do evento.
Segundo os organizadores, a feira, que acontecerá em abril, "vai voltar às suas origens e criar uma atmosfera nova e civilizada para receber o público".
As modelos começaram a participar do evento em 1993 e agora usam roupas cada vez menores a cada ano que passa.
A mídia estatal chinesa diz que a prática "desafia o nível de tolerância da sociedade"
Comparada às outras duas proibições, essa iniciativa foi bem recebida nas mídias sociais, com comentários do tipo "ótimo, agora podemos nos concentrar nos carros".
Resta agora confirmar se o veto vai mesmo ser implementado.

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