Leonardo Sakamoto
1) Caso tenha faltado às aulas de língua portuguesa na escola, compreenda que o real, objetivo, profundo e simples significado da palavra “não'' é “não''. “Não'' não significa “talvez'', muito menos “quem sabe'' ou ainda “insiste que pode rolar''. Um “não'' não te diminui como pessoa, faz parte da vida. Mas deixar de aceitá-lo, faz de você um idiota.
2) As frases “Onde você acha que vai vestida assim?'', “A culpa não é minha, olha como você tá vestida!'', “Se saiu de casa assim, é porque está pedindo'', “Mas é carnaval, vadia! Quem está aqui sozinha é porque quer isso'' e “Me dá um beijo que eu te solto'' não devem passar nem perto da boca de maridos, pais, irmãos, filhos, netos, namorados, amigos e outros barbados. Ou de outras mulheres.
3) Mulheres, em nenhuma hipótese, devem ser chamadas de “prostitutas'' e “vadias'' como xingamento genérico para qualquer comportamento em desacordo com seus planos de “conquista''. E as prostitutas serão tratadas com o mesmo respeito despendido a qualquer outra trabalhadora.
4) Não segure mulheres pelos cabelos, braços, pescoço, cintura ou qualquer outra parte do corpo a menos que ela tenha lhe dado autorização para tanto. Na dúvida se a autorização foi expressa, não faça nada. Na dúvida se é capaz de interpretar corretamente uma autorização, não faça nada. E na dúvida se consegue controlar seus instintos bizarros, não saia de casa.
5) O que alguns chamam de “brincadeira de carnaval'' pode se configurar como assédio ou violência sexuais. Sim, uma “molecagem'' pode levar você a responder legalmente por isso. Então, trate as mulheres, cis e trans, que estão na folia com respeito. Elas não são prêmios de gincana ou carne em açougue.
E se seus amigos te chamarem de “frouxo'' caso você siga essas dicas, ria da cara deles. “Frouxo'' seria se você precisasse seguir a opinião deles para ser feliz.
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