20.10.2016 09H31 | POR REDAÇÃO MARIE CLAIRE
Grupos lutam para que ONU reconheça dia internacional dedicado ao aborto seguro
O aborto clandestino tem matado anualmente quase 50 mil mulheres no mundo, segundo o jornal italiano La Repubblica. A situação é mais alarmante em países mais pobres onde o método ilegal para interromper uma gravidez indesejada é a principal causa de morte entre jovens de 15 a 19 anos.
Tentando mudar esse triste cenário mais de 1.800 associações de 115 países escreveram no último mês uma carta de apelo para Ban Ki-Moon, secretário-geral da Organização das Nações Unidas, pedindo que 28 de setembro fosse declarado um Dia Internacional do Aborto Seguro. Em paralelo ao pedido, grupos se manifestaram contra o pedido.
Engana-se quem pensa que os contrários à data pela luta a favor da legalização do aborto faziam parte de países mais pobres. Listas de petições para que a ONU não reconhecesse o dia foram feitas inclusive por países desenvolvidos da Europa. Até a ministra da saúde da Itália Beatrice Lorenzin aderiu a campanha One of Us (Um de Nós), em defesa dos direitos dos fetos e embriões, que em pouco tempo recolheu 1 milhão e 800 mil assinaturas.
Na Itália, onde desde 1978 o aborto é legalizado, muitas mulheres encontram ainda hoje dificuldades para poder fazer o procedimento por conta dos 91% ginecologistas, obstetras, anestesistas e equipe de saúde que se negam a fazer a interrupção da gravidez mesmo ela sendo prevista em lei.
Considerado ilegal na Polônia com exceção em casos de risco de vida, estupro e incesto, o aborto tem sido um tema muito debatido no país, onde um projeto de lei tentou proibir a interrupção da gravidez também em casos especiais. Devido aos protestos, o governo polonês recuou e decidiu não mudar a lei por enquanto. “Em matéria de direitos sexuais e reprodutivos das mulheres, a Europa é um exemplo a não ser seguido”, disse Silvana Agatone, da Laiga, uma associação a favor do aborto.
No Brasil, a opinião pública ainda é majoritariamente contrária à descriminalização do aborto, segundo uma pesquisa realizada recentemente pela agência Hello Research. Dos mil entrevistados, com mais de 16 anos, em 70 cidades do país, 72% de posicionaram contra a medida em qualquer circunstância, e apenas 15% se colocaram a favor.
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