Contribua com o SOS Ação Mulher e Família na prevenção e no enfrentamento da violência doméstica e intrafamiliar

Banco Santander (033)

Agência 0632 / Conta Corrente 13000863-4

CNPJ 54.153.846/0001-90

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Como um campeonato de xadrez se tornou palco de uma disputa pela liberdade feminina

FOTO: SPECTRUM STUDIO/DIVULGAÇÃO
Nazi Paikidze: a enxadrista norte-americana lidera um pedido de boicote ao campeonato mundial feminino
 NAZI PAIKIDZE: A ENXADRISTA NORTE-AMERICANA LIDERA UM PEDIDO DE BOICOTE AO CAMPEONATO MUNDIAL FEMININO

  • Tatiana Dias
  •  17 Out 2016

    Contra obrigatoriedade no uso de véu, enxadrista pede boicote ao mundial no Irã. Mas pedido pode ter efeito contrário

    A próxima edição do Campeonato Mundial Feminino de Xadrez será realizada em fevereiro de 2017 em Teerã, capital do Irã. Mas uma das principais competidoras - a campeã dos EUA, Nazi Paikidze, de 22 anos - diz que não vai participar.
    Paikidze anunciou um boicote à competição em protesto à lei iraniana que obriga as mulheres a usarem véu sobre a cabeça. Segundo ela, a regra compromete “seus direitos como mulher”.
    A enxadrista lançou uma petição online para tentar convencer a Federação Mundial de Xadrez (Fide, na sigla em francês) a mudar a sede da competição.
    Segundo ela, a escolha de Teerã é uma violação aos próprios termos da entidade, que rejeitam tratamento discriminatório entre homens e mulheres.
    A roupa não é o único problema. Paikidze diz que, no Irã, as enxadristas podem ser censuradas, já que lá falar publicamente sobre direitos das mulheres pode render prisão. Além disso, vários países - EUA, Canadá e Reino Unido, por exemplo - não recomendam que seus cidadãos viajem ao país.

    “Esses são apenas alguns dos muitos perigos em potencial a serem enfrentados pelas jogadoras que se qualificaram para disputar o mundial. Essas mulheres estão sendo obrigadas a escolher entre alcançar suas maiores aspirações e proteger suas liberdades civis - e suas vidas.”
    Nazi Paikidze
    Enxadrista norte-americana, na petição que pede a mudança do local da competição

    A Fide diz que as enxadristas devem aceitar as regras internas do país e respeitar as “diferenças culturais”.

    Boicote pode ser danoso às iranianas
    A reação da enxadrista dividiu opiniões. Entre as 15 mil pessoas que já assinaram a sua petição, há apoios importantes no universo do esporte, como o russo Garry Kasparov, 13 vezes campeão mundial e hoje presidente da Human Rights Foundation:


    I fully support US chess champ Nazi Paikidze @NaziPaiki in her protest against FIDE hosting a women's event in Iran. 
    https://www. inions/wp/2016/10/05/the-american-chess-champion-challenging-irans-hijab-fetish 

    Mas ativistas pelos direitos das mulheres e jogadoras iranianas dizem que o boicote pode ter o efeito contrário. O campeonato seria o maior evento esportivo para mulheres já realizado no Irã.
    Mitra Hejazipour, enxadrista iraniana de 23 anos e campeã asiática, disse ao jornal “The Guardian” que o evento é importante para as mulheres do país. “É uma oportunidade para mostrarmos a nossa força”, disse Hejazipour.
    A ativista iraniana pelos direitos das mulheres Ghoncheh Ghavami diz que o boicote só prejudicará as mulheres do país.

    “O mundo precisa ouvir as vozes progressivas de dentro do Irã e não ignorar esses pedidos isolando o país.”
    Ghoncheh Ghavami
    Ativista iraniana pelos direitos das mulheres

    Ela diz que as mulheres iranianas têm ganhado poder e aumentado a pressão contra a discriminação. E quem se preocupa seriamente com os direitos humanos no país deveria reconhecer esses esforços.
    Ghavami passou cinco meses na prisão por fazer campanha para que as mulheres do país pudessem assistir às partidas masculinas de vôlei. Lá as mulheres não podem ir aos estádios para ver partidas disputadas por homens.
    As esportistas iranianas enfrentam dois tipos de restrição: dentro do país, com as regras rígidas impostas pela Revolução Islâmica em 1979, e fora, com o choque cultural com o ocidente. Frequentemente elas são banidas de competições internacionais que não permitem o uso da hijab, a vestimenta obrigatória pelas leis iranianas.
    O time feminino de basquete do Irã, por exemplo, luta pela liberação do uso do véu em competições internacionais. A Fiba (Federação Internacional de Basquete) proíbe o uso de vestimentas religiosas em competições. A Fifa (Federação Internacional de Basquete) proíbe o uso de vestimentas religiosas em competições. A Fifa (Federação Internacional de Futebol) só liberou o uso de véus e turbantes em 2014.

    Nenhum comentário:

    Postar um comentário