De acordo com o Sistema de Informação sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde, as principais causas de morte materna no Brasil são hipertensão, hemorragia, doenças cardiovasculares, infecção no pós-parto e aborto clandestino
Morte materna é a morte de mulheres durante a gestação, o trabalho de parto ou até 42 dias após o término da gravidez, no período chamado puerpério. É causada por qualquer fator relacionado ou agravado pela gravidez ou por medidas tomadas em relação a ela.
O Brasil não alcançou a meta de redução de mortalidade materna recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de 35 mortes para cada 100 mil nascidos vivos. Embora o país tenha conseguido reduzir os índices, ainda registra, em média, 62 mortes para cada 100 mil nascidos vivos. Os estados que lideram esses índices são Bahia, Pará, Maranhão e Rio de Janeiro.
De acordo com a médica obstetra Esther Vilela, coordenadora da área técnica de saúde da mulher do Ministério da Saúde, "a grande questão da morte materna é o seu grau de evitabilidade, ou seja, em torno de 92% dessas mulheres que morreram por questões maternas, elas não precisariam ter morrido. Isso causa nas famílias que perderam essas mulheres uma grande dor e em nós também, gestores, profissionais de saúde, ninguém quer que uma mulher morra decorrente da morte materna".
O Caminhos da Reportagem vai contar cinco histórias de mulheres que perderam a vida por diferentes causas, mas todas com algo em comum: envolviam gestação, parto ou puerpério. Familiares contam o que essas vítimas enfrentaram para obter atendimento médico e falam sobre a luta por justiça.
Entre os casos está a história de Nayres Rodrigues. A jovem de 19 anos vivia em Alcântara, no Maranhão e, em 2015, faleceu durante o trabalho de parto. O bebê também não sobreviveu. A jovem mãe foi enterrada com o filho ainda na barriga e, mais de um ano depois da morte dos dois, a família aguarda o laudo da exumação do corpo e ainda busca entender o que aconteceu.
Ainda no Maranhão, o programa revela as dificuldades que as gestantes enfrentam para ter acesso aos serviços básicos de saúde. Em locais improvisados - como escolas e casas cedidas pelos próprios moradores -, a equipe da Força Nacional de Saúde oferece atendimento à população do interior do estado.
Catiane Alves, 25, é estudante, está grávida do sexto filho e sua gestação é de alto risco. Além de ter de esperar a visita de algum médico na região, precisa do irmão para levá-la de moto ao local do atendimento, que acontece distante de sua residência.
“A gente observa, pelos povoados que a gente já andou, assim, uma dificuldade de acesso ao serviço de saúde. Até pelo ambiente mesmo, que é cheio de rios, dunas, o posto é longe, o pessoal não tem condição de se deslocar”, diz a enfermeira Flávia Rodrigues, que atua na Força Nacional de Saúde.
O Caminhos da Reportagem também vai mostrar os desafios para a humanização dos serviços de saúde pública e, ainda, relembrar a história de Alyne Pimentel, que faleceu aos 28 anos no corredor de um hospital no Rio de Janeiro aguardando por um leito. Uma história de omissão e descaso que levou o país a ser condenado pelo Comitê para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres (CEDAW).
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