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sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Cyberbullying: uma ameaça digital

Com a internet, o bullying ganhou força no mundo virtual, mas suas consequências afetam – e muito – a vida real. Saiba como denunciar e entenda quais precauções tomar para se proteger

20/10/2016

Você recebe uma foto constrangedora de um colega e, sem pensar, compartilha com os amigos. Alguém faz uma piada com outro amigo no Facebook, e você não vê problema em curtir, comentar e repercutir. A “zoeira” não tem limites, né?

Por trás de brincadeiras aparentemente inocentes, pode haver um comportamento social perverso. Quando os envolvidos são jovens e crianças, o problema aumenta. As agressões podem trazer consequências irreversíveis para seu desenvolvimento e, em casos extremos, levar ao suicídio. 

Mas, afinal, por que o bullying e o cyberbullying acontecem? Diversos estudos associam o problema ao baixo repertório de habilidades sociais. Trocando em miúdos, trata-se da boa e velha empatia, que anda em falta, principalmente entre crianças e adolescentes, devido à imaturidade emocional.

Segundo Angela Marin, professora da pós-graduação em Psicologia da Unisinos, espera-se que crianças e adolescentes se tornem mais maduros emocionalmente e consigam lidar melhor com seus sentimentos à medida que se desenvolvem. “Isso possibilita que direcionem seu foco para outras atividades, dentro e fora da escola”, explica.

Em tempo de internet, a falta de maturidade emocional tende a gerar agressões ainda mais fortes. Afinal, a rede oferece agilidade e alcance para difamar qualquer pessoa, e o fato de estar escondido atrás de um computador, com a ilusão de que não será descoberto, torna o agressor mais ousado e impiedoso.

“O bullying é um fenômeno que tem sido associado à depressão e à baixa autoestima, bem como a problemas na vida adulta relacionados a comportamentos antissociais, instabilidade no trabalho e relacionamentos afetivos pouco duradouros”, observa a pesquisadora.

Além disso, salienta que, quando o bullying ocorre na infância, pode agravar problemas já existentes ou desencadear novos. Transtornos psicológicos e dificuldades de aprendizagem são efeitos comuns. “Há uma associação entre quadros graves de depressão e bullying que pode levar as vítimas a cometer suicídio”, alerta a professora da pós-graduação em Psicologia da Unisinos, Angela Marin.

Para se ter uma ideia do tamanho do problema, uma pesquisa comandada por especialistas das universidades britânicas de Sheffield e Nottingham mostra que 80% dos entrevistados passaram por, pelo menos, uma situação constrangedora de cyberbullying no trabalho.

Mas o alto índice de pessoas atingidas por essa prática não é uma exclusividade de países que já convivem com a tecnologia há mais tempo. No Brasil, um em cada cinco adolescentes pratica bullying, segundo dados do IBGE apurados em 2012. Outra pesquisa, realizada pela ONG Plan Brasil em 2010, mostrou que 10% dos alunos de escolas públicas e particulares disseram ter sofrido com o bullying.

Punir é possível
Um dos principais problemas para a vítima do cyberbullying na hora de denunciar é a dificuldade de reconhecer o agressor, que normalmente se esconde por trás de perfis falsos e contas fictícias de e-mail para difamar, ridicularizar e humilhar seus alvos.

Mas, conforme as tecnologias avançam, surgem novas medidas de proteção às vítimas, o que tende a diminuir a impunidade. “Tudo deixa rastro. É possível mapear as comunicações virtuais, mediante autorização judicial. Isso ocorre muito em casos de ofensas pelas redes sociais”, exemplifica a delegada e professora de Direito da Unisinos, Elisangela Reghelin. “Os vestígios do crime permanecem, mesmo que apagado o perfil”, garante.

Ela ressalta a importância de denunciar o cyberbullying para que o agressor seja punido. “É necessário que a vítima procure a Delegacia de Polícia mais próxima e faça o registro. O registro dos casos de crimes pela internet em cartório é um importante mecanismo de prova. A vítima poderá tomar tais medidas a qualquer tempo, ainda que nem saiba a autoria das agressões”, acrescenta Elisangela.

A legislação brasileira prevê uma pena de até dois anos de detenção, dependendo do crime praticado na internet – os crimes menos graves, como invasão de dispositivos, podem ser punidos com prisão de três meses a um ano, além de multa. Condutas mais danosas, como obter, pela invasão, informações sigilosas, privadas, comerciais ou industriais, podem ter pena de seis meses a dois anos de prisão, além de multa. O mesmo ocorre se o delito envolver a divulgação, comercialização ou transmissão a terceiros, por meio de venda ou repasse gratuito, do material obtido com a invasão.

Caminhos para solucionar o problema
Colocar-se no lugar do outro e entender as consequências do cyberbullying pode ser um bom começo para acabar com o problema. Nesse contexto, a família e a escola têm papel fundamental. “É importante que pais e professores entendam o que caracteriza o bullying e estejam atentos às relações que são estabelecidas pelos seus filhos e alunos”, afirma Angela.

Além do diálogo – na escola, universidade ou ambiente de trabalho –, é importante que as instituições invistam em Segurança da Informação e mantenham suas ferramentas sempre atualizadas. “Da mesma forma que os meios para o cyberbullying se alteram, os mecanismos de Segurança da Informação utilizados também precisam se adaptar”, alerta Jéferson Nobre.

“Assim, as instituições devem estar atentas para novos meios disponíveis e suas ameaças intrínsecas, assim como para os mecanismos de segurança a serem implementados, como monitoramento das redes e um regimento interno que deixe claro que o cyberbullying não será tolerado naquela instituição”, complementa o professor do curso de Segurança da Informação da Unisinos.

Todos nós temos responsabilidade pelo bullying e pelo cyberbullying, a partir do momento que julgamos o outro, expomos nossas opiniões de maneira pejorativa, desrespeitamos o jeito de ser das outras pessoas. Por isso, o problema só será solucionado quando mudarmos a postura.


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