Especialistas avaliam: “ninguém quer ser igual” e sim valorizado pela sua diversidade.
Por Katherine Rivas, da Envolverde – 23/09/2016
Karina Chávez, gerente de Responsabilidade Social e Diversidade do Grupo Carrefour, estava visitando os distribuidores quando foi pega de surpresa por um dos lojistas. “Preciso te mostrar algo”, comentou o dono do estabelecimento, enquanto apresentava a nova funcionária transexual. A atendente tinha retornado de férias recentemente. Os clientes, contentes com o serviço, solicitavam sempre sua presença.
A gerente sentiu-se realizada com o acontecimento e qualificou esta experiência como uma das grandes conquistas do Grupo Carrefour que há alguns anos vem investindo na promoção da diversidade. “Ver uma garota transexual inserida no mercado significa que as coisas estão caminhando do jeito certo”, comenta Karina.
Durante a Conferência Ethos, realizada nos dias 20 e 21 de setembro, o Grupo Itaú Unibanco reuniu Karina Chávez junto a três especialistas para debater a diversidade no mercado empresarial. Carolina de Luca, coordenadora de Diversidade e Clima do banco Itaú; Guilherme Bara, da Fundação Espaço Eco e Vania Ferraria, do Pensamentos Transformadores, contribuíram na análise de novas demandas da sociedade em relação ao respeito à diversidade.
O momento é de preparação para atender demandas legítimas procurando incluir clientes e fornecedores. O Carrefour está trabalhando com esta estratégia desde 2015 e colocou como desafio promover a real valorização desta diversidade.
Para Guilherme Bara, da Fundação Espaço Eco, as pessoas estão aprendendo a conectar sustentabilidade com diversidade. Cego desde os 15 anos, ele aponta que outro fator de inclusão que precisa ser trabalhado no mercado é a questão de gênero. “ 59% dos graduandos são mulheres e 60% delas estão na pós-graduação, porém existe dificuldade para colocar mais mulheres no mercado de trabalho. Se temos dificuldade para contratar mulheres temos dificuldade para avançar”, afirma. Em relação a diversidade no meio empresarial, Bara considera que as pessoas não querem mais fazer parte do clichê “todos somos iguais”, e sim procuram ser valorizados pela sua diversidade.
Desafios
Carolina de Lucca, coordenadora de Diversidade e Clima do Itaú, afirma que no banco a temática é um valor principal presente nas estratégias. E aponta como desafio transmitir a mensagem de forma clara às famílias e clientes.
Karina Chávez do Carrefour encontra dificuldade em alinhar a liderança devido à existência de mitos internos. Para Karina é necessário sempre se questionar, “porque não?” e colocar o foco no valor do serviço e não na opção sexual da pessoa. “A diversidade nos ajuda a dialogar melhor com os outros”, defende.
Os especialistas defenderam as ideias de respeito e aceitação mesmo quando discordamos do contexto ou escolhas. E afirmaram que é fundamental para as empresas colocar o princípio da diversidade e os direitos humanos em primeiro lugar nos próximos anos.
Histórias de Sucesso
Durante o encontro os especialistas compartilharam algumas estratégias que deram certo nas empresas. Guilherme da Fundação Espaço Eco, instituída pelo grupo Basf, contou da sua experiência de 5 anos na Basf. Ele percebeu que poucas mulheres utilizavam a licença maternidade e que muitos funcionários homossexuais não solicitavam no RH os benefícios para seus conjugues. “Notamos que algo estava errado e iniciamos uma série de palestras e treinamentos para conscientizar os funcionários. Hoje todas as funcionárias fazem uso da sua licença maternidade e os funcionários gays se sentem à vontade para solicitar benefícios para o marido”, comenta.
O objetivo da instituição nos próximos anos será recepcionar novos talentos, compreender novos mercados e trazer soluções inovadoras. (#Envolverde)
Nenhum comentário:
Postar um comentário