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terça-feira, 10 de janeiro de 2017

“Não preciso mais dar coelhadas para conquistar meu espaço”, diz filha que inspirou Mauricio de Sousa

Mônica Sousa é diretora-executiva da empresa do pai e comanda o projeto feminista #DonasdaRua. Segundo ela, a personagem homônima é uma menina empoderada desde os anos 60

09.01.2017 | POR DOLORES OROSCO

Mônica era uma menina dentuça, de vestido vermelho que apareceu pela primeira vez na tirinha Cebolinha. O ano era 1963 quando a menina e seu inseparável coelho Sansão roubaram o protagonismo do amigo que trocava os “erres” pelo “l” e nascia assim a Turma da Mônica – a HQ mais famosa do Brasil. A grande inspiração do quadrinista Mauricio de Sousa, 81 anos, foi um de seus 10 filhos, Mônica Spada e Sousa, 53.

No comando da empresa do pai, a Mauricio de Sousa Produções, Mônica é uma das executivas mais poderosas do país. Atualmente, está envolvida em um projeto social que pretende tornar as meninas brasileiras tão empoderadas quanto ela e a personagem de índole forte que inspirou.

Chamada de #DonasdaRua, a iniciativa quer incentivar que as meninas podem ser o que quiserem, seja nas brincadeiras infantis ou na vida. “Nas historinhas da Turma da Mônica meninos e meninas brincam de casinha, de futebol, de viagem espacial, do que quiserem brincar. Juntos”, diz Mônica. “Conversar com as nossas crianças em casa e na escola, principalmente dando o exemplo, é a melhor forma de contribuir para um futuro menos machista”.

Na entrevista a seguir, a diretora-executiva fala sobre o projeto, feminismo e da personagem que inspirou. 

MARIE CLAIRE - O que é, na prática, o projeto #DonasdaRua?

MÔNICA SOUSA - O projeto quer mostrar que toda menina pode ser o que quiser. Desenvolvemos um site, que é o ponto principal de interação entre nós, os personagens da Turma da Mônica e as crianças, com conteúdos que demonstram como as garotas podem exercitar esse direito. É uma plataforma colaborativa para que elas enviem textos, fotos e vídeos, contando o que as fazem sentir-se como verdadeiras donas da rua.

MC Por que decidiu lançar o projeto agora?

MS Acreditamos que meninos e meninas podem aprender a conviver respeitosamente desde cedo. Vivemos um momento em que é importante lutarmos por um mundo com mais igualdade desde a infância. Defender os direitos das mulheres faz bem para os próprios homens, que sofrem com os estereótipos. Nas historinhas da Turma da Mônica meninos e meninas brincam de casinha, de futebol, de viagem espacial, do que quiserem brincar. Juntos.

MC Você acha que o machismo é presente entre as crianças? 

MS Existe uma cultura machista onde se ensina aos nossos meninos que eles devem ser machos. Não podem chorar, nem gostar de rosa. Isso tudo reflete no tratamento das meninas na sociedade. O #DonasdaRua também é para os garotos, suas famílias e professores. Conversar com as nossas crianças em casa e na escola, principalmente dando o exemplo, é a melhor forma de contribuir para um futuro menos machista.

MC Quais foram os relatos que mais te surpreenderam até agora?

MS É difícil escolher um só! Todas as histórias são emocionantes e têm muito significado. Tivemos depoimentos de pessoas como a Myrian Dimenstein, reconhecida especialista na área de pedagogia, contando como a Mônica a influenciou. A filha de um dos nossos diretores de criação fez questão de fazer uma foto para o site com um cartaz e os seguintes dizeres, escolhidos por ela: “Sou dona da rua, porque sou forte e capaz”.

MC A Mônica é uma personagem feminista?

MS Ela é uma menina empoderada desde os anos 1960! Naquela época as coisas eram ainda mais difíceis para as mulheres e ela já estava nas histórias mostrando a que veio. Conquistou seu espaço, enfrentou os meninos, mostrou que também pode ser amorosa e defender seus amigos. Esses são ideias em que acreditamos muito e por isso entendemos que a Mônica virou uma referência para meninas e mulheres que a admiram e até gostariam de ser como ela.

MC Você é feminista?

MS Venho de uma família de matriarcas, de mulheres extremamente fortes, desde a minha bisavó Dita. Sou a filha que serviu de inspiração para a personagem que é vista por muitos como símbolo da luta das mulheres por oportunidades iguais. Como diretora-executiva, sei que ainda represento uma minoria no mundo corporativo, acredito que eu e uma empresa como a MSP devemos lutar por causas como essa e por isso esse projeto foi pensado para podermos mostrar para as meninas desde cedo que elas têm direitos e devem ser apresentadas à maior gama possível de oportunidades, sem limitações por serem meninas.

MC Você foi uma menina de personalidade forte como a Mônica?

MS Quando meu pai criou a Mônica eu tinha apenas dois anos. Minhas características físicas eram bem semelhantes às da personagem. Eu também era uma menina forte, mesmo sendo bastante pequena. Hoje não preciso mais dar coelhadas para conquistar meu espaço... De resto, eu e a Mônica somos realmente muito parecidas! É muito bom servir de inspiração de uma personagem tão forte e determinada.

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