Comumente chamadas de egoístas, as pessoas sem filhos são alvo de um preconceito escancarado e injusto
28 jul, 2017
As pessoas costumam ter pensamentos preconceituosos sobre raça, gênero e sexualidade, mas costumam guardar isso para si, não expressando abertamente. Nas redes sociais, os anônimos conseguem difundir esse ódio sem temer as consequências. No entanto, há um preconceito amplamente difundido e que não é escondido da mesma forma. Basta perguntar para alguém que não tem filhos.
“Não ter crianças é uma escolha egoísta”, disse uma vez o Papa Francisco. Outros dizem que aqueles que não são pais falham ao não produzir trabalhadores que vão pagar por suas aposentadorias. “Ele fala sobre futuro, mas não tem filhos”, atacou Jean-Marie Le Pen contra Emmanuel Macron. Apesar de Macron ter virado o presidente da França, os eleitores concordaram silenciosamente com a afirmação.
Em muitos países ricos, entre 15% e 20% das mulheres e uma proporção um pouco maior dos homens não vão ter filhos. Entre os motivos estão problemas médicos, não encontrar a pessoa certa a tempo ou simplesmente não querer ter filhos.
Apesar de comumente serem chamadas de egoístas, as pessoas que não têm filhos são mais propensas a criar obras de caridade do que pessoas com filhos, além de gastar mais dinheiro em boas causas.
Cinco dos sete países do G7 são liderados por pessoas sem filhos: Emmanuel Macron (França), Theresa May (Reino Unido), Angela Merkel (Alemanha), Shinzo Abe (Japão) e Paolo Gentiloni (Itália).
Aqueles que não têm filhos realmente pressionam o sistema de aposentadorias. Consequentemente, os governos precisam tomar medidas impopulares como reduzir as pensões pagas, como o Japão vem fazendo, ou aceitar mais imigrantes, como alguns países ocidentais.
No entanto, para sustentar as aposentadorias em longo prazo não há a necessidade de mais pais. O que realmente é necessário é mais bebês. É possível combinar uma alta taxa de pessoas sem filhos com uma alta taxa de natalidade, basta permitir que pessoas possam ter mais de um ou dois filhos. Este era o padrão em vários países ocidentais no século passado.
Aqueles que não têm filhos também deixam sua marca na arte. Em setembro, Jane Austen vai estampar as notas de 10 libras. A decisão foi controversa, apesar de não ser clara. Poucas pessoas escreveram tão bem sobre dinheiro e família, mesmo sem nunca ter casado ou tido filhos.
Fontes:
Nenhum comentário:
Postar um comentário