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terça-feira, 25 de julho de 2017

Médicos norte-americanos persistem em operar crianças com sexo indefinido

“Os médicos disseram-nos que era importante efetuar de imediato a cirurgia porque seria traumático para a nossa criança crescer parecendo diferente. O que é mais traumático? Este tipo de operação ou crescer parecendo um pouco diferente?”, questionam os pais de uma criança de oito anos, que integram a ampla lista de testemunhos recolhidos pela Humans Rights Watch

25.07.2017 

Médicos norte-americanos continuam a pressionar os pais a efetuarem operações desnecessárias, lesivas e irreversíveis em crianças com sexualidade indefinida, ainda demasiado novas para tomarem uma decisão por si próprias, segundo denuncia um relatório divulgado esta terça-feira pela Humans Rights Watch e pela interACT, organização que fornece apoio legal a jovens com estas características.
“Eu Quero Ser Como a Natureza Me Fez: Cirurgias Médicas Desnecessárias em Crianças Intersexo nos Estados Unidos” é o título do documento que, ao longo 160 páginas, denuncia a situação, com recurso a testemunhos de 30 adultos intersexo, duas crianças intersexo, 17 pais de crianças intersexo e 21 profissionais de saúde, entre os quais ginecologistas, endocrinologistas, urologistas e psicólogos.
Outrora designadas como hermafroditas, um termo que deixou de ser utilizado por ser considerado pejorativo e desatualizado, as pessoas intersexuais não são casos raros, embora a sociedade tenha grande dificuldade em lidar elas. Cerca de 1,7% dos bebés nascem não correspondendo ao que é tipicamente designado como rapaz ou rapariga, devido aos seus cromossomas e aos seus órgãos sexuais internos e externos.
Nos últimos anos, as Nações Unidas têm aumentado as criticas aos países de diversos pontos do mundo que não banem as cirurgias medicamente desnecessárias a crianças intersexo.
Nos anos 1960 popularizou-se a teoria médica de que as crianças intersexo deviam ser submetidas a cirurgias para que pudessem crescer como “normais”. Os resultados, contudo, têm mostrado que as consequências são frequentemente, catastróficas. As operações raramente necessárias nessa altura da vida por motivos médicos, podem ser efetuadas posteriormente, caso seja essa a decisão do próprio. E os alegados benefícios, das operações irreversíveis, continuam por provar.
“A devastação causada pelas cirurgias médicas desnecessárias em crianças intersexo é tanto física como psicológica”, frisa Kimberly Zieselman, mulher intersexo e diretora executiva da interACT.
“Apesar de ao longo de décadas os defensores dos pacientes terem altertado a comunidade médica sobre o mal que estes procedimentos causam, muitos médicos continuam a apresentar aos pais estas cirurgias como boas opções”, acrescentou.
Cirurgias para remover ovários, testículos e genitais podem implicar a esterilidade sem o consentimento do paciente e requerer terapias de substituição hormonal para o resto da vida. As intervenções para alterar o tamanho ou aparência dos genitais das crianças também podem provocar incontinência, insensibilidade e traumas psicológicos.
Os pais de uma criança de oito anos que nasceu com genitais atípicos relataram: “Os médicos disseram-nos que era importante efetuar de imediato a cirurgia porque seria traumático para a nossa criança crescer parecendo diferente. O que é mais traumático? Este tipo de operação ou crescer parecendo um pouco diferente?”, questionam.
“Os pais das crianças intersexo estão muito frequentemente assustados e confusos sobre a melhor forma de protegerem os seus filhos do estigma. É um alívio tão grande quando eles encontram outros com filhos idênticos e veem que eles cresceram saudáveis e felizes”, afirma Kimberly Zieselman.

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