Mesmo que seja um filho muito desejado pelo pai de primeira viagem, o mundo das preocupações pode despertar e tem seu momento culminante entre a quarta e a sexta semana após o homem tomar conhecimento da notícia, de acordo com um estudo realizado na Austrália em mais de 200 casais.
As preocupações dos futuros papais giram em torno de três eixos: a relação de casal após o nascimento do filho, o trabalho e, claro, o sexo (e não mencionamos o caso de a criança não ser desejada, o que possivelmente faria com que as preocupações se transformassem em angústia). Além disso, como cada pessoa expressa o que a inquieta de uma forma diferente, não é de se estranhar que no começo da gravidez o homem se mostre mais distante e mais ensimesmado, com a cabeça girando. Não é que não queiram (em alguns casos pode ser que seja assim), mas simplesmente a química os leva a isso.
Durante a gravidez o mundo das preocupações continua, mas a química se encarrega de reduzir o interesse sexual em um momento em que a fecundação não é possível. Faz tudo isso através de dois hormônios, fundamentalmente: a testosterona e a prolactina. A testosterona é o hormônio rei do homem, que lhe traz força, domínio e agressividade. Quando a companheira está grávida, esse hormônio cai e tem seu nível mais baixo durante as três semanas anteriores ao parto, que chega até a 33% menos. A prolactina, pelo contrário, aumenta em até 20% no mesmo período de tempo.
Graças a ela o homem desenvolve novos instintos paternais como aguçar o ouvido quando o bebê chora e diminuir o instinto sexual durante os meses de gestação. É também a responsável pelo fato de alguns pais, especialmente os de primeira viagem, sofrerem a síndrome de Couvade ou “gravidez empática” e que aumentem de peso como se eles também estivessem grávidos (se isso aconteceu com você, pelo menos já tem a explicação: a prolactina). Passado algum tempo, os dois hormônios se reajustam, curiosamente, após a quarentena e quando o filho anda chegam ao seu nível original, como explica Louann Brizendine em seu livro “O Cérebro Masculino”.
A química do cérebro do homem também desperta o instinto protetor com seu filho e a sensação de satisfação
A química do cérebro do homem também desperta o instinto protetor com seu filho e a sensação de satisfação. Quando o bebê sorri ao seu pai quando ele troca suas fraldas e lhe faz um carinho, o circuito de recompensa do homem é ativado, o faz sentir-se muito bem e, sobretudo, reforça seu laço de união com seu filho. Por isso, é muito importante que exista um contato diário do pai com seu filho e que a mulher o deixe ser parte do cuidado desde o primeiro momento, ainda que algumas pensem que seu companheiro não é competente na matéria e alguns prefiram se eximir de certas rotinas.
É muito importante que ocorra um contato diário do pai com seu filho e que a mulher lhe deixe ser parte desse cuidado desde o primeiro momento
Tudo isso tem vantagens muito consideráveis, uma delas para o pai, que o ajuda a fabricar oxitocina, o hormônio do prazer e que o faz sentir-se muito bem consigo mesmo. Também tem vantagens para a criança. O papel coprotagonista do pai ajuda o bebê a ganhar mais confiança em si mesmo. Igualmente, a forma de brincar do pai, que costuma desobedecer algumas regras e que é bem diferente da forma da mãe, é um estímulo à aprendizagem do filho. A vantagem do coprotagonismo durante os primeiros meses também vale para o casal. Ainda que um bebê seja um fator de estresse para uma relação (não vamos nos enganar), se o pai ao menos se envolver desde o começo e a mãe não criticar o que ele faz, os laços de casal se reforçam. Por tudo isso, vale a pena tentá-lo.
Definitivamente, nosso cérebro nos permitiu chegar até aqui como espécie. Por isso, não é de se estranhar que as reações químicas do homem comecem quando chega a notícia de sua paternidade e durem por toda a vida. O objetivo é a criança, mas o fato de ser pai também tem um benefício pessoal ao homem, que o ajuda a acessar novos registros emocionais onde existe mais carinho e maior proveito das pequenas recompensas.
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