Gravamos um papo com a família Aquino — e agora te convidamos para fazer o mesmo por aí
Breno França
11 de Agosto de 2017
Todo final de semana era mais ou menos a mesma história. Eu combinava de sair com os amigos e avisava meu pai. Ele me falava para ter cuidado e atender o celular. Eu falava pra ele dormir e não se preocupar. Ele falava... para ter cuidado e atender o celular.
Encontrando com a galera, me entretinha com um jogo, uma bebida ou uma menina, dependendo da minha idade, e não via mais a hora passar. Em casa, entediado com a tv, meu pai ficava preocupado e não via mais a hora de eu voltar.
À uma da manhã, a primeira chamada perdida. Às cinco já eram mais de vinte. Era só chegar em casa e esperar por pequenas variações do mesmo ‘diálogo’:
“Não sei porque você se preocupa tanto”, eu dizia.
“Quando você for pai, você vai saber”, ele respondia.
Não precisou de tanto.
Essa história clichê foi a verdade que eu e meu pai vivemos juntos durante minha adolescência. Sou muito grato a ele por ter estado presente na minha vida, me dado liberdade para acertar e para errar e ter tido tanta paciência comigo. Sou grato principalmente por saber que ele foi criado em um contexto tão diferente do meu e que sofreu com isso, mas soube filtrar as coisas ruins e me transmitir apenas as boas. Exatamente como pretendo fazer com meu filho, um dia.
Talvez meu pai esperasse que a ficha caísse de uma vez quando eu me pegasse preocupado com minhas crias, mas confesso que essa ficha vem caindo aos poucos e mais cedo do que esperava. Quando assisti pela primeira vez o vídeo abaixo, que gravamos com a família Aquino, finalmente consegui me colocar no lugar de meu pai e entender as angústias, as preocupações e as dificuldades de alguém como ele. Alguém na posição e da geração dele.
A preocupação de ter que garantir que não nos faltasse nada ao mesmo tempo que tentava não se ausentar do dia a dia da família.
A angústia de ter que se conter para não demonstrar afeto demais em público, muitas vezes reforçada por nós filhos que achamos que ‘pega mal’.
A dificuldade de conseguir romper uma barreira de autoridade e estabelecer um diálogo íntimo comigo sobretudo numa idade em que eu parecia tão fechado.
Não foi fácil pra ele.
Às vésperas de mais um dia dos pais, quero aproveitar a oportunidade pra te fazer um convite: assista ao vídeo abaixo com a mente aberta e o corpo relaxado; depois pare um pouco e pense sobre a relação com seu pai; aí respire fundo e aproveite a data especial para começar uma conversa sincera com ele; puxe assunto interessado realmente em ouvir o que ele tem a dizer, investigue os motivos pelos quais ele te criou do jeito que criou, envie o vídeo abaixo ou mostre esse artigo para começar o diálogo se for preciso; e então nunca mais deixe que isso só aconteça uma vez por ano.
Vai por mim.
Vai ser bom.
Agradecemos muitíssimo à família Aquino por abrir as portas de sua casa e confiar em nós para mediar essa conversa entre seu Idálio, os filhos José Eduardo, Carlos, Pedro, João, e os netos Gabriel e Nicolas. Esse foi um trabalho feito com o coração.
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