No país islâmico falar o nome feminino em público é considerado ofensa
por Gabriel Ribeiro
No Afeganistão as mulheres ainda são tratadas como segundo escalão. Uma prova disso é que a cultura local encara como algo negativo até mesmo pronunciar o nome de mulheres em público. Uma campanha online que ganhou a internet nos últimos meses quer tentar reverter esse quadro. #WhereisMyName joga luz em um tema complicado que ainda é presente em alguns países de origem islâmica.
O que para nós do ocidente é normal, no Afeganistão pode ser considerado uma ofensa. Um homem, por exemplo, ao se referir a esposa não pronuncia o seu nome. Ao citá-la ele utiliza expressões como ‘mãe das crianças’, ‘minha família’ e, em algumas regiões do interior, termos mais pejorativos, como ‘minha cabrita’ e até ‘minha galinha’.
Outras pessoas ao se referirem a uma mulher na rua não a chamam pelo nome. Termos como ‘cabeça preta’ e ‘tia’ (alguma semelhança como o Brasil) estão entre as expressões utilizadas. Da certidão de nascimento até o túmulo o nome de uma mulher não é revelado.
Do online para o offlineA campanha foi iniciada por jovens do país com o objetivo de resgatar a identidade das mulheres afegãs. No Twitter já são mais de 1,5 milhão de menções à hashtag #WhereisMyName.
O esforço já conseguiu o apoio de pessoas ligadas a diversas áreas: de homens do parlamento a artistas locais. Ultrapassou também a barreira do online, sendo debatida em canais de TV ao redor do mundo. O New York Times e o The Independent foram algumas das mídias que fizeram questão de abordar a campanha.
No entanto, a caminhada ainda é longa. Setores conservadores do Afeganistão contestam a publicidade ao redor do #WhereisMyName. Para eles, o nome feminino é sagrado e campanhas deste tipo só contribuem para acirrar o conflito entre homens e mulheres.
Mudar uma cultura enraizada durante séculos não é tão simples. Mas a internet está aí para dar o start. Vimos isso em revoluções como a Primavera Árabe. Agora contribuindo para devolver a identidade das afegãs.
B9
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