Equipe HuffPost
06/10/2019
Cleópatra, Malala Yusufzai, Coco Chanel, Frida Kahlo, Rosa Parks, Nina Simone, Cora Coralina, Marta, Simone Biles, Beyoncé, Anita Garibaldi, Chimamanda Ngozi Adichie, JK Rowling, Margaret Thatcher, Evita Peron, Hillary Clinton e Michelle Obama. São as histórias dessas e de outras dezenas de mulheres que são contadas no livro “Histórias de Ninar para Garotas Rebeldes”. A publicação foi censurada pelo governo turco por considerá-lo “obsceno” para crianças.
Autoridades do governo autoritário de Recep Tayyip Erdogan determinaram que o livro só pode ser vendido para maiores de 18 anos, medida adotada para obras consideradas pornográficas. O Conselho de Proteção das Crianças contra Textos Prejudiciais para a Infância, órgão vinculado ao Ministério de Assuntos Sociais da Turquia, classificou o livro como perigoso.
Autoridades do governo autoritário de Recep Tayyip Erdogan determinaram que o livro só pode ser vendido para maiores de 18 anos, medida adotada para obras consideradas pornográficas. O Conselho de Proteção das Crianças contra Textos Prejudiciais para a Infância, órgão vinculado ao Ministério de Assuntos Sociais da Turquia, classificou o livro como perigoso.
Além de proibir a venda para menores, ordenou que a obra não seja exibida em vitrines e que seja embalada com um plástico opaco pelas livrarias. De acordo com a Agência Efe, o livro consta como indisponível nos sites das grandes livrarias turcas.
A União de Editores da Turquia denunciou a decisão neste sábado (5), de acordo com agências de notícias internacionais. A organização classificou a decisão como “um perigo da perspectiva das liberdades de expressão e imprensa e uma ameaça aos princípios de uma sociedade democrática”.
A italiana Francesca Cavallo, uma das autoras da obra, também comentou a censura. “Quando um governo se assusta com o livro infantil que promove a igualdade, isso significa que a promoção dessas mensagens através da literatura infantil pode ter e estar tendo um impacto, e isso me deixa ainda mais motivada a continuar lutando todos os dias”, afirmou à Agence France-Presse.
Histórias de Ninar para Garotas Rebeldes
Publicado em 47 idiomas, o best-seller começou com uma campanha de financiamento coletivo e vendeu mais de um milhão de exemplares. Os dois volumes da obra contam histórias reais e inspiradoras de 200 mulheres para crianças pequenas. Escrito pelas italianas Elena Favilli e Francesca Cavallo, o livro é ilustrado por 60 mulheres artistas de diversos países.
Em uma entrevista à BBC, Favilli disse que a ideia é para quebrar com os tradicionais estereótipos de gênero. “Se todas as crianças lerem que as princesas têm que esperar serem salvas pelo príncipe, então a mensagem que elas aprendem é que mulheres não são tão valiosas quanto homens, que não somos iguais″, disse.
Os livros também dão visibilidade a conquistas de mulheres que foram invisibilizadas ao longo da história. “O termo rebelde tem conotações negativas em todas as culturas, e geralmente é considerado ruim quando associado com a mulher. Nossa mensagem é que é aceitável e até mesmo bom para as mulheres quebrar regras”, afirmou Favilli.
Garotas Rebeldes no Brasil
No Brasil, o primeiro volume da obra foi lançado em 2017, pela V&R Editora. “Que essas valentes mulheres inspirem vocês. Que os retratos delas imprimam em nossas filhas e filhos a profunda convicção de que a beleza se manifesta em todas as formas, cores e idades”, diz o texto de apresentação no site da editora.
Algumas histórias podem ser ouvidas em narrações feitas por brasileiras em um podcast inspirado no livro. A youtuber Jout Jout conta a história da pirata irlandesa Grace O’Mally. Já Daniela Mercuy narra a trajetória da também cantora Maria Callas. A apresentadora de programas de televisão Astrid Fontenelle ficou por conta da espiã americana Virginia hall e Sarah Oliveira narra os passos da cientista Margaret Hamilton.
Entre as brasileiras que têm suas trajetórias contadas nos livros está a escritora Cora Coralina, a revolucionária Anita Garibaldi, e a jogadora de futebol Marta, que na última Copa do Mundo, em junho, conquistou o posto de maior artilheira de todas as Copas.
Além dos nomes famosos, o livro resgata também mulheres com menos visibilidade. É o caso de Coy Mathis, uma criança transsexual, nascida em 2007 nos Estados Unidos e de Nanny, líder dos quilombolas jamaicanos no século XVIII.
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