por: Karol Gomes
“Não devemos mais fingir que esses desafios sociais e esses desenvolvimentos políticos globais não existem”, declarou o presidente da Federação Alemã de Futebol (Deutscher Fussball-Bund), Fritz Keller, ao anunciar que nenhuma seleção do país, feminina ou masculina, irá jogar em países que ainda discriminam mulheres e impedem o acesso delas em estádios de futebol.
Keller afirmou ainda que a decisão foi aprovada por unanimidade pela diretoria da Federação, que vê, institucionalmente, os direitos das mulheres como um ‘valor inquebrável‘ e assumir esse valor faz com que o futebol alemão responda, de maneira diferenciada, a perguntas complexas.
A seleção alemã de futebol em outubro de 2019
A questão da diversidade e inclusão tem sido um debate contínuo nos times alemães, que têm ficado cada vez mais misto, com jogadores de origem turca. Sobre isso, Keller é pontual e demonstra que os alemães têm trabalhado empatia. “O direito à liberdade de expressão é indispensável e protegido constitucionalmente”.
Enquanto isso, na Seleção Brasileira, o time masculino está em Abu Dhabi, se preparando com o técnico Tite para um amistoso contra a Argentina, que acontece nesta sexta-feira, às 14h (de Brasília), na Arábia Saudita.
Seleção vai jogar em país conhecido por totalitarismo e intolerância
Oficialmente denominada de Reino da Arábia Saudita, é um país localizado de origem da religião islâmica na Ásia, mais precisamente no Oriente Médio. O país faz fronteira com a Jordância, Iraque, Kwait, Catar, Emirados Árabes Unidos, Omã e Iêmen.
O regime de governo adotado por lá é o de monarquia absoluta que rotula oficialmente o feminismo e a bissexualidade como ‘extremismos’, o que dificulta a luta por direitos das mulheres e outras minorias, muito oprimidas dentro do país. Na Arábia Saudita, as mulheres ainda são proibidas de frequentarem estádios de futebol, por exemplo.
A imprensa esportiva, principalmente a brasileira, está super focada nos treinos, nas coletivas de imprensa e outras atividades do time durante a concentração, mas as políticas para mulheres na Arábia Saudita ou mesmo a posição da Federação Alemã não foi pauta de nenhuma das entrevistas. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) também não se pronunciou sobre a decisão dos colegas.
O futebol masculino do Brasil tem cinco títulos mundiais: 58, 62, 70, 94 e 2002. Já a Alemanha é tetracampeã (54, 74, 90 e 2014), sendo que o último foi conquistado no Brasil, após o fiasco do 7×1 – os alemães foram empáticos nesse momento também, deixando de comemorar os gols quando o placar se tornou oficialmente uma goleada, lembra?
A jogadora Marta Silva, da seleção brasileira
Já a seleção feminina alemã já garantiu dois troféus de Copa do Mundo: em 2003 e 2007, honra ainda não conquistada pelo nosso time feminino. Porém, nós temos ninguém menos que Marta, eleita a melhor jogadora do mundo por seis vezes e recordista nesta categoria entre homens e mulheres.
Além de brilhante nos campos, Marta também é voz ativa sobre os direitos e a importância do apoio ao futebol feminino brasileiro, que ainda está distante de alcançar os lucros do futebol masculino.
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