Especialistas apresentam resultados de pesquisas sobre gênero e uso do tempo na América Latina
Secretária-executiva da SPM, Lourdes Bandeira (à esquerda), acompanha apresentação de institutos de pesquisas Foto: Elza Milhomem/SPM
Em encontro promovido pela SPM, pesquisadoras expõem últimos trabalhos realizados sobre estudos populacionais com perspectiva de gênero
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentou nessa quinta-feira (18/10), durante o seminário “Uso do Tempo e Políticas Públicas de Cuidado: Reflexões para uma Agenda de Desenvolvimento Sustentável”, as primeiras desagregações de uma pesquisa piloto sobre uso do tempo no Brasil, realizada em parceira com a Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da Pública (SPM-PR). Os dados foram obtidos em 2009 e se baseiam em informações coletadas com 5.360 pessoas.
O evento é promovido pela SPM, em parceria com a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) e apoio do Comitê Técnico de Estudos de Gênero e Uso do Tempo (CGUT), até esta sexta-feira (19/10), em Brasília.
Lara Gama, analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE, informou que a pesquisa piloto foi realizada no Pará, Pernambuco, Distrito Federal, São Paulo e Rio Grande do Sul, com pessoas a partir de 10 anos de idade. O grupo entrevistado recebeu um diário para preencher por 24 horas as atividades a que se dedicava e o tempo utilizado em cada uma delas. Dos 10.092 formulários distribuídos, apenas 53,1% foram considerados válidos, por problemas no preenchimento.
A analista do IBGE esclareceu que a pesquisa ainda não está completamente pronta, já que é necessário analisar, ainda, algumas variáveis. “Também temos de desagregar as atividades a níveis mais detalhados e fazer a análise de grupos específicos”, informou.
A secretária-executiva da SPM, Lourdes Bandeira, ponderou que a noção de tempo precisa ter uma base de significado. “A pesquisa reafirma o que já sabemos, que a mulher trabalha mais que o homem. Devemos, agora, pensar apenas em ajustes metodológicos para que as informações fiquem cada vez mais claras”, disse.
A pesquisa do IBGE usa como base a Classificação Internacional de Atividades para Estatísticas sobre Uso do Tempo (Icatus, na sigla em Inglês), da Organização das Nações Unidas.
Estudos na América Latina e Caribe - Para a oficial de Assuntos Sociais da Divisão de Estudos de Gêneros da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), Ana Ferigra Stefanóvic, é necessário fazer a medição do trabalho das mulheres para que se tenham argumentos sólidos que mostrem a importante contribuição feminina para a sociedade e a economia.
Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Chile, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Peru, Uruguai e Venezuela já realizaram pesquisas sobre uso do tempo e trabalho não remunerado. De acordo com Ana Ferigra, esses países estão seguindo recomendações da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher (Cedaw, na sigla em Inglês). Entre elas, estão medidas de política social e econômica necessárias para avançar na valorização social e o reconhecimento do valor econômico do trabalho não remunerado prestado pelas mulheres na esfera doméstica e de cuidado.
Segundo Ana Ferigra, nas pesquisas de uso do tempo ao redor do mundo, há um indicador-chave para a perspectiva de gênero: o tempo total de trabalho, composto pelo tempo de trabalho remunerado mais o tempo de trabalho doméstico não remunerado. Quando somadas ambas as jornadas, o tempo total destinado ao trabalho dentro e fora de casa é sempre maior para as mulheres.
Pesquisa na Guatemala - A situação do uso do tempo na Guatemala foi apresentada por Bertha Falla, da Secretaria Presidencial da Mulher. Os resultados registram que, no ano 2000, a carga global de trabalho para os homens era de 11,9 horas por dia, enquanto as mulheres, 14,5 (entre trabalho remunerado e não remunerado). Já em 2011, as horas trabalhadas de ambos chegaram a 11,2 para eles e 13,3 para elas. Esses dados se referem à área urbana.
Bertha listou como principais desafios para as próximas pesquisas: financiamento para planejamento e realização de pesquisa de uso do tempo específica; uso da informação para a análise de gênero e população; e utilização da Classificação Internacional de Atividades para Estatísticas sobre Uso do Tempo.
Seminário “Uso do Tempo e políticas públicas de cuidado: reflexões para uma agenda de desenvolvimento sustentável”
Dias: 18 e 19 de outubro de 2012
Horário: das 9h às 18h
Local: Hotel Lakeside (Setor de Hotéis de Turismo Norte, Trecho 1, lote 2, sala Flagger) - Brasília/DF
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