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quinta-feira, 18 de outubro de 2012


Oficina promove reflexão sobre violência intrafamiliar

O projeto “Reunindo e articulando recursos em duas ‘comunidades pacificadas’ do Rio de Janeiro: uma ação em Educação, Direitos Humanos e Prevenção da Violência Intrafamiliar e de Gênero”, desenvolvido pelo Instituto Noos em parceria com a Casa da Arte de Educar e com apoio da Childhood Brasil tem como objetivo estruturar práticas educativas articuladas aos direitos humanos. Essas práticas, por sua vez, são desenvolvidas por meio da resolução de problemas cotidianos, em especial da violência sexual, e pelo apoio ao desenvolvimento saudável de crianças e adolescentes, bem como o fortalecimento da rede local de garantia dos direitos de crianças e adolescentes.

A Casa da Arte de Educar tem uma longa atuação nas comunidades da Mangueira e dos Macacos, na cidade do Rio de Janeiro, desenvolvendo ações de educação integral para crianças e adolescentes. E o Instituto Noos possui uma longa trajetória em ações de prevenção da violência intrafamiliar e de gênero, tendo como foco as relações familiares e comunitárias, bem como na disseminação, através do ensino, das metodologias que utiliza para lidar com essa temática. Em seus dezoito anos de atuação, entretanto, ainda não havia tido a oportunidade de focar suas ações em um território delimitado. E é neste sentido que se desenrola o projeto em parceria com a Casa da Arte.
Além da participação em rodas de conversa, atendimento a famílias e outras atividades, está a promoção de cinco oficinas de formação com profissionais que atuam na Casa da Arte no enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes. No último dia 28 de setembro, foi realizada a oficina sobre prevenção da violência intrafamiliar.
O facilitador e psicólogo clínico Dario Córdova, do Instituto Noos começou a atividade ao pedir para os participantes se dividirem em duplas. Enquanto um representava uma pessoa, o outro representava um objeto. O objetivo desta dinâmica foi o de provocar a reflexão do grupo.
Enquanto a pessoa tem vida própria, pensa, pode tomar decisões, a “coisa”, por sua vez, não pode pensar, não sente, não pode tomar decisões. Durante cinco minutos, a pessoa pode fazer o que quisesse com sua “coisa”.
“Há uma tendência grande de o adulto fazer da criança um objeto. É uma relação de posse muito grande”, concluiu Lolla Azevedo, coordenadora pedagógica da Casa da Arte de Educar. A partir daquela reflexão, a oficina buscou despertar nos participantes outras análises para responder a duas perguntas-chave: como reconhecer o que é abuso e qual é a margem entre
o abuso e o não-abuso. Dario distribuiu cartazes na sala com os dizeres “é abuso”, “não é abuso” e “estou em dúvida” e apresentou diversos casos para os participantes se posicionarem sobre o assunto. Um exemplo é a seguinte situação: Um rapaz de quase 30 anos namora uma menina de 13, com o consentimento da família. “É abuso?”, perguntou Dario. Não houve consenso dos participantes nas respostas, fato que ocorreu na análise de outros casos. “São muitas variáveis que entram em jogo quando discutimos violência sexual”, afirma Dario, ressaltando que o objetivo do exercício não era trazer respostas, mas provocar o debate.

Em outra etapa, Dario dividiu os participantes em dois grupos para analisarem outra situação, exemplificada no livro “Cuidar Sem Violência Todo Mundo Pode! Guia Prático para Famílias e Comunidades”, do Instituto Promundo e do Centro Internacional de Estudos sobre a Infância. No caso apresentado, Manuela, uma menina de 11 anos, pede para sair com as amigas, mas sua mãe não deixa. Seu tio, que mora na mesma casa e que representa um pai para Manuela, diz à criança que se ela o der um beijo e um abraço, ele convenceria sua mãe a mudar de ideia. No entanto, quando a menina foi dar um beijo nele, o tio se virou e a beijou na boca. Dario convidou os participantes a discutirem se esse fato significava abuso ou não e o que fariam no lugar da mãe ao saber da história.
Embora tenha havido consenso entre os grupos em considerar o fato abuso sexual, as reações foram diversas. Enquanto um grupo disse que a mãe deveria denunciar imediatamente o tio da menina e procurar apoio psicológico para a família, além de “fazer um escândalo” e delatar para toda a família o ocorrido, o outro grupo foi mais cauteloso e procurou analisar a situação como um todo. “Cada família é uma família. Não há uma resposta pronta. Os próprios grupos demonstraram isso. Enquanto um foi mais racional, ou outro foi pautado pela emoção”, conclui Dario.
“Provocar essas discussões é fundamental para se ter consciência do problema e saber como enfrenta-lo. As situações são distintas e as medidas de prevenção e enfrentamento devem ser criativas e articuladas. Iniciativas como essa preparam o olhar dos profissionais que lidam diretamente com crianças e adolescentes e contribuem para uma infância livre de violência”, disse Anna Flora Werneck, coordenadora de programas da Childhood Brasil.
“Cuidar Sem Violência Todo Mundo Pode! Guia Prático para Famílias e Comunidades” traz vários outros casos e sugestões de dinâmicas de grupos para discutir violência intrafamiliar e seu enfrentamento. O livro pode ser baixado gratuitamente aqui.

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