Recifenses seriam levados para trabalho escravo no Oriente Médio
Infelizmente, ainda é comum ouvirmos casos de pessoas que caem nas garras de redes criminosas que ganham dinheiro traficando pessoas. O Diario de Pernambuco traz na edição desta terça-feira em sua manchete de capa matéria assinada pelo repórter Raphael Guerra sobre escravidão e tráfico de pernambucanos para o Oriente Médio. Graças à denúncia de um homem, o grupo não chegou a embarcar e a Polícia Federal e o Ministério Público do Trabalho estão de olho em situações como essas.
Promessas de trabalho fixo, ganhos acima de normal e muitas vantagens são as iscas que os aliciadores usam para recrutar o seu exército de traficados. Não se deixe enganar por conversas como essas. Procure saber tudo sobre o destino para onde pretende viajar e sobre a empresa onde estão oferecendo emprego. Muitas vezes, essa viagem pode ser um caminho sem volta e de muito sofrimento.
Confira parte da reportagem de página inteira publicada na edição do Diario de Pernambuco desta terça-feira:
Um grupo formado por 58 recifenses seria vítima de escravidão em Barein, país do Oriente Médio, segundo o Ministério Público do Trabalho (MPT). Pessoas com idades entre 25 e 40 anos, de baixa escolaridade e com empregos temporários, estavam sendo convidadas em sites de busca de emprego. A empresa internacional apresentava propostas financeiras tentadoras para viagem imediata. Eles precisavam pagar apenas US$ 200, que supostamente seriam usados na retirada do visto. A passagem do Recife para Bahrain, que custa em média 12 vezes mais do que o valor cobrado, seria paga pela empresa. Desconfiado, um dos homens interessados em melhorar de vida procurou o Núcleo Estadual de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, que encaminhou o caso para investigação do MPT e da Polícia Federal.
A informação vem à tona menos de uma semana após o Ministério da Justiça apresentar o primeiro diagnóstico nacional sobre esse tipo de crime, que, nos últimos sete anos, contabilizou 475 vítimas brasileiras. Pernambuco está entre os três estados com maior número de casos registrados. Uma série de indícios comprovou que o grupo de recifenses cairia no golpe.
Procuradora Débora Tito |
“O fato de uma empresa recrutar profissionais de diferentes áreas já nos deixou em alerta quanto à suspeita de tráfico internacional de pessoas. No Barein também não há embaixada brasileira, o que inviabiliza a defesa dos trabalhadores. Outro indício é que o site da empresa está hospedado em outros sites, o que torna mais difícil identificar a origem dele”, explicou a procuradora do Trabalho Débora Tito, que comanda o inquérito. Foi solicitado que a empresa suspeita enviasse uma lista de documentos para comprovar que era segura, mas isso nunca aconteceu. “A gente mostrou que o Brasil tem leis”, afirmou Débora Tito.
A primeira denúncia foi registrada em fevereiro deste ano, quando o contato pela internet com os trabalhadores interessados já estava em estágio avançado. Não havia nenhuma relação entre os recifenses cadastrados no site. A procuradora disse ainda que há dúvidas se as vítimas também seriam exploradas sexualmente no Barein. O processo foi encaminhado ao Ministério Público Federal, que vai apurar se a empresa praticou crime de estelionato, já que solicitou os documentos das vítimas para a confecção do “visto” e o pagamento da quantia de US$ 200.
Prevenção
A coordenadora do Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, Jeanne Aguiar, destacou que as possíveis vítimas desse crime continuam com medo de procurar ajuda. Caso contrário, as estatísticas seriam bem maiores. “O núcleo está fazendo ações para orientar as pessoas.” Para não cair em armadilhas, especialistas apontam recomendações. A primeira é não acreditar nas promessas de altos salários e boas condições de vida. Outra dica é pesquisar as informações possíveis relacionadas à empresa e pedir ajuda aos órgãos competentes, além de verificar se o país de destino tem consulado brasileiro e manter sempre contato com seus representantes.
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