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sexta-feira, 25 de julho de 2014

Demitida por 'ser lésbica'

23/JUL/2014

Professora se recusa a responder perguntas íntimas e é demitida por causa de sua orientação sexual em colégio da Itália. “A diretora afirmou que eu era uma boa profissional, mas que haviam problemas porque diziam que eu seria lésbica”

Uma professora de uma escola católica no norte da Itália está acusando a instituição de tê-la mandado embora por causa de sua orientação sexual, num caso que está causando grande polêmica no país.

A professora do colégio católico Sacro Cuore, na cidade de Trento, disse que foi indagada pela direção da escola se seria homossexual e que se recusou a responder a perguntas íntimas.

“A diretora afirmou que eu era uma boa profissional, mas que haviam problemas por causa de boatos que diziam que eu seria lésbica”, disse a professora, que quer se manter no anonimato e foi citada pelo jornal La Stampa.

Ainda de acordo com o jornal, ela se recusou a desmentir o fato, como foi pedido pela diretora, a madre católica Eugenia Libratore. Depois disso ela teria sido informada que seu contrato não seria renovado.

‘Aspectos éticos’
Em uma nota à imprensa, a escola não negou ter feito o alegado pela professora.

“Quando escolho uma professora para uma escola católica, devo também levar em conta aspectos éticos e morais”, disse a madre.

Ela disse que falou com a professora para esclarecer boatos que havia escutado.

“Ela nem ao menos respondeu as perguntas. Tinha que saber, já que sou responsável por mil alunos e mais de cem professores.”

Em uma nota posterior, divulgada pelo jornal local Il Trentino, a escola Sacre Cuore disse que a professora teria “feito observações impróprias sobre sexualidade, impróprias ao ambiente escolar”. Segundo a nota, pais e alunos teriam comentado o fato junto à direção do colégio.

Polêmica
A ministra italiana da Educação, Stefania Giannini, disse que seu Ministério abriu uma investigação para apurar os fatos. “Se realmente houve discriminação sexual, seremos muito severos”, disse Giannini.

Vários grupos que representam os interesses de gays e lésbicas na Itália protestaram contra o ocorrido. A associação Arcigay exigiu que o governo da província onde fica a cidade de Trento esclareça o caso o quanto antes, já que a escola é financiada com dinheiro público.

Em uma nota conjunta, as associações Arcilesbica, Agedo, Equality e Famiglie Arcobaleno dizem que o ocorrido equivale a uma “execução sumária” e pedem à ministra da educação que “restaure a dignidade à professora ofendida”.

A docente não decidiu ainda se abrirá processo contra a escola. Citada pelo jornal Il Fatto Quotidiano, ela diz que está desempregada, mas que não quer seu emprego de volta.

“Não tenho nenhuma vontade de trabalhar em uma escola que se comporta dessa maneira”, afirmou.

Nos últimos anos, diferentes setores da sociedade italiana passaram a apoiar abertamente os direitos dos homossexuais. Partidos conservadores e o ex-premiê e líder de direita Silvio Berlusconi se proclamaram recentemente a favor da união homoafetiva no país.

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