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sábado, 26 de julho de 2014

Jihadistas negam que tenham ordenado mutilação genital feminina no Iraque

Relato de ordem do grupo foi anunciado por agente humanitária da ONU residente no país

POR O GLOBO / COM REUTERS
24/07/2014

LONDRES — O grupo jihadista Estado Islâmico, que tomou o controle da cidade de Mossul, no Norte do Iraque, negou que tenha ordenado a mutilação genital de mulheres, e afirmou que a notícia foi divulgada com base em um documento falso.

A afirmação veio de Jacqueline Badcock, agente humanitária das Nações Unidas, que afirmou a repórteres que mais de 4 milhões de mulheres entre 11 e 46 anos corriam risco de serem submetidas à mutilação genital. O site curdo BasNews divulgou que a fatwa (lei islâmica) havia sido imposta pelo autoproclamado "Califa" do Estado Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi, como um "presente para o povo de Mossul". O site manteve a notícia no ar, mesmo após a negativa do grupo jihadista.

— É claro que o Estado Islâmico negaria — afirmou o editor do BasNews, Hawar Abdulrazaq, ao diário britânico "Guardian".

Suspeitas sobre a veracidade da fatwa surgiram, em parte, porque a mutilação genital não é uma regra religiosa islâmica, e é rara no Iraque. A prática é comum no Egito, no Sudão, e em países da África Oriental.

Um documento compartilhado por usuários de mídias sociais e apresentado como a fatwa do Estado Islâmico data, na verdade de 2013, e vem de Aleppo, na Síria. Muitos internautas acreditam que o documento sofreu alterações, e apoiadores do grupo criticaram a circulação da notícia, considerada um "boato motivado pela propaganda".

Recentemente, o grupo também determinou que manequins femininos nas vitrines de Mossul tivessem os rostos cobertos. Nenhum representante do Estado Islâmico estava disponível para comentar o assunto.

A mutilação genital feminina é a retirada do clítoris e até mesmo dos lábios vaginais. É praticada em muitos países da África e nações muçulmanas, com a justificativa de suprimir o desejo feminino e comportamentos imorais.

No mundo, mais de 130 milhões de meninas e mulheres passam por essa prática. A mutilação genital feminina já ocorria em alguns bolsões isolados do Iraque, especialmente nas províncias curdas, mas não é uma prática comum no país.

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