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quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Casa da Mulher Brasileira é inaugurada em Campo Grande (MS)

03/02/2015

Centro reúne assistência jurídica e médica para mulheres vítimas de violência.

Número de denúncias de agressão contra a mulher aumentou 40% em 2014.

Gioconda Brasil
Brasília

A primeira unidade da Casa da Mulher Brasileira foi inaugurada, nessa terça-feira (3), em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. O projeto é uma inovação no atendimento à mulher que sofre qualquer tipo de agressão, porque reúne no mesmo espaço todos os serviços necessários, desde o acolhimento a essa mulher e aos filhos, apoio psicológico, delegacia para ela prestar queixa e órgãos do juizado e Ministério Público. A ideia é levar o projeto para vários estados.

“Para que ela possa fazer a denúncia, para que ela possa receber todos os serviços que ela veio procurar de uma maneira que se sinta apoiada e fale: ‘aqui eu vou ter apoio, aqui eu posso realmente denunciar, aqui vão me dar toda a segurança que eu preciso’”, diz Liz Derzi de Mattos, secretária municipal de Políticas Para as Mulheres.

“Teve um aumento do número de assassinatos de mulheres, diminuiu a tentativa, mas aumentou os assassinatos. Portanto, esses são os desafios que estão colocados aí para a Casa da Mulher Brasileira e para os profissionais que atuarão aqui dentro”, afirma Aparecida Gonçalves, secretária nacional de Enfrentamento à Violência Contra às Mulheres.

Agressões no Brasil
O número de denúncias de agressão contra a mulher aumentou 40% em 2014. São mais de 1,3 mil queixas por dia de todo tipo de agressão, inclusive a psicológica. A sala que funciona o “Ligue 180”, o disque-denúncia que atende mulheres de todo o país vítimas de violência, é um lugar sigiloso e de pouco acesso. A central telefônica funciona todos os dias da semana, 24 horas por dia.

Todas as atendentes são mulheres, treinadas para fazer com que a vítima, do outro lado da linha, se sinta mais acolhida, segura para fazer a denúncia. O número desses atendimentos não para de crescer.

A maior parte das denúncias (51,6%) é de violência física. Em seguida, está a violência psicológica (31,8%) e a violência moral (9,6%). As denúncias de violência sexual aumentaram 20% no ano passado em comparação a 2013 e a central registra, em média, três casos de estupro por dia.

Em 2014, o telefone 180, da Central de Atendimento à Mulher se transformou em disque-denúncia e os casos mais graves de violação passaram a ser encaminhados direto para o Ministério Público ou para a polícia. Desde que o serviço foi criado, em 2005, o “Disque 180” já realizou mais de quatro 4,1 milhões de atendimentos.

O serviço telefônico recebe histórias como a de uma mulher que durante nove anos foi vítima de violência doméstica na aldeia onde morava, no Mato Grosso do Sul. No dia em que o marido a ameaçou de morte, ela decidiu fugir e denunciou o caso à polícia, mas ele nunca foi preso. “Eu disse que se eu não tomasse uma atitude, meus filhos ficariam sem a mãe deles. Então, a atitude partiu de uma mãe, de uma mulher e no fundo de ser a corajosa que eu fui. Isso pra mim dói, falar do que eu passei, porque eu consegui dar a volta por cima, mas muitas ainda não conseguiram”, relata.   

Uma outra mulher foi abordada na rua quando voltava do trabalho. Ela foi estuprada em um terreno baldio, denunciou e o homem foi preso: “Ele me ameaçou todo o tempo com a faca falando que ia me dar três facadas e eu falava pra ele que eu não tinha dinheiro na bolsa, mas mesmo assim ele me guiava. Eu fiquei com ele durante uns 40 minutos ou mais. Foi bem complicado”.

Mesmo com os avanços, a coordenadora do disque-denúncia, Laisa Spagna, diz que ainda há muito que fazer para proteger a mulher da violência: “São várias amarras culturais que criam essa ideia de que uma diferença entre homens e mulheres permite uma dominação de homem sobre a mulher, pela violência inclusive, uma das armas utilizadas é a violência”.

G1

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