JOEL RENNO
26 Janeiro 2015
A cada ano estamos mais estressados e ansiosos com as cobranças e correria do dia a dia. E o que isso poderia prejudicar nosso convívio harmônico e generoso no dia a dia com as pessoas? Estaríamos tendo um menor “fairplay” com os nossos semelhantes?
Quando estamos estressados e nos sentimos ameaçados, a nossa prioridade torna-se a auto-preservação e a autodefesa exacerbada nesses momentos pode afetar até mesmo os nossos juízos ético-morais, levando-nos à maior chance de trapaças.
Imagino que a princípio tudo possa parecer exagerado ao leitor, mas temos pesquisas atuais sérias que caminham nessa direção. Obviamente que o comportamento humano é complexo e depende de vários fatores como personalidade, educação, cultura, genética entre outros.
Vivemos em uma sociedade paranóica devido às várias violências e pressões às quais somos todos submetidos no cotidiano. É essa sensação de ameaça constante que pode, em momentos de fragilidade, nos levar a comportamentos radicais e incoerentes aos nossos valores e perfil psicológico. E que atire a primeira pedra quem puder e se achar invulnerável.
Provavelmente, em situações de sensação de ameaça extrema somos provocados a uma defesa imediata do nosso self que parece prestes a se desintegrar. Isso deve ocasionar estragos no nosso aparato de julgamentos morais em geral. Posteriormente ao ato praticado, as pessoas estressadas até conseguem ter crítica sobre o ato equivocado praticado, mas o “gatilho” desencadeador do ato parte de uma situação em que o indivíduo extremamente ansioso não se percebe totalmente fora do seu eixo de equilíbrio ou de controle. Quando estamos ansiosos, nosso sistema nervoso simpático nos inunda com a noradrenalina, ativando os nossos caminhos de luta ou fuga- aqui o que vale é a sobrevivência a todo custo. E nessas horas nossos princípios humanos mais elevados podem se tornar secundários, não se levando em conta as distribuições justas ou de longo prazo que nos humanizam.
Por fim, essas novas descobertas não podem servir de justificativas para violações mais graves, como a vontade de prejudicar os outros, mas as pesquisas sugerem que estamos em um rápido caminho para esquecer as noções sublimes como “fair play” quando, é claro, nos sentimos ameaçados.
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