Não seja você um obstáculo para a operação das coisas
Eduardo Amuri
23 dias para um homem melhor, Trabalho e negócios, Mecenas
Ouvi de um amigo:
“O Fernando, que você acabou de conhecer, é um baita parceiro, é um cara que dá pra contar. Já perdi as contas da quantidade de vezes que ele me ajudou com as coisas aqui de casa. Sempre bons conselhos, sempre companhia boa pra bagunça e pra programa tranquilo.”
O Fernando, amigo do meu amigo, estava procurando emprego. Ele trabalha na mesma área que o Thiago, amigo em questão. Perguntei ao Thiago o motivo pelo qual ele não convida o Fernando para trabalhar junto com ele. A resposta foi bem taxativa.
“Trabalhar com ele não funciona. Já falei com três pessoas que tocaram projetos junto com ele e a opinião foi a mesma. Não rola.”
A verdade é que, apesar das relações de trabalho serem, no limite, relações, elas se valem de algumas características bem peculiares. Trabalhar bem junto envolve alguns fatores ligados à relação (química, sinergia e completude) e não ao indivíduo, é verdade, mas é fato que existem também pontos particulares, estritamente pessoais e cultiváveis.
Deixando as questões que surgem a partir da relação de lado e focando nesses pontos intrínsecos aos indivíduos, vamos perceber que existem pessoas que se encaixam em qualquer ambiente, trabalham bem com qualquer pessoa e dobram qualquer situação.
Ao invés de destrinchar a personalidade dos bons parceiros, a ideia aqui é focar nas ações. O pacote básico já é grande coisa: ser mais organizado, respeitar os prazos, entender que seu trabalho é “resultado do” ou “insumo para” trabalho de outras pessoas, saber a hora de ser flexível ou enérgico.
Mas dá para fazer mais. Abaixo estão duas práticas simples e bem poderosas.
Não vão faltar oportunidades para praticar.
Interrompa uma avalanche de reclamações
As empresas muitas vezes embotam-se de um clima tenso, azedo, que a gente perpetua sem perceber. Rodas de reclamação se formam, não importa qual o assunto base, nem o estilo da empresa. Empresas que têm massagem, horário flexível, doce de graça e lavanderia sofrem desse mal. Empresas quadradas, que obrigam o terno, que batem cartão, também. No fim do dia, no limite, o CNPJ é uma alucinação coletiva. Tire as pessoas de lá e não temos nada.
Cair no papel do insatisfeito crônico é muito fácil porque ele nos exime da culpa e da responsabilidade de fazer as acontecerem.
Acorde um colega de trabalho e interrompa uma reclamação sem sentido. Todo mundo quer vestir a camisa – desde que seja uma camisa que faça sentido.
Resolva um problema
Eu toco a parte financeira do PapodeHomem e, dentre as demais atribuições, eu faço reembolsos, de todos os tipos: aluguel de equipamento de vídeo, refeições, compras para nossa casa, etc.
O Felipe cuida dos negócios e passa grande parte do tempo visitando as agências de publicidade em São Paulo. Tem semanas que ele faz 8 reuniões, em diferentes pontos de São Paulo, e sempre se locomove de táxi.
Todo mês ele pagava o táxi do próprio bolso e me mandava emails e notinhas solicitando o reembolso. Não é algo complexo, mas implica em agrupar, somar, abrir o site do banco, efetuar uma transferência, notificar nosso contador e enviar um e-mail para ele avisando que depositei o valor correspondente. Há alguns meses eu abri minha caixa de mensagens e ele havia me mandado um e-mail cujo título era: “Será que não nos ajuda?”
Era o formulário de inscrição da Easy Taxi. Agora ele paga tudo pelo celular, o dinheiro não sai da conta dele, e eu recebo um boleto com o valor fechado que eu pago em poucos segundos.
Organizar o reembolso e cuidar do tramite que está por trás não era problema dele. Era meu. Na verdade, era da empresa. E agora não existe mais.
Às vezes, basta um olhar cuidadoso para identificar algo que é simples de ser resolvido, mas que, na inércia da rotina, passa batido.
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