Enquanto mais de 80% dos americanos são circuncidados, a população europeia enxerga de maneira diferente a circuncisão masculina
28 jun, 2016
As normas sexuais, de saúde e estética não variam muito no Ocidente. A circuncisão masculina é uma exceção. Mais da metade dos americanos são circuncidados, em comparação com 2% a 3% na Finlândia e no Reino Unido. O procedimento é justificado nos Estados Unidos por razões que têm pouco fundamento na Europa. Primeiro por uma questão de higiene, mas também por que o órgão genital masculino fica com uma aparência melhor e tem uma aceitação social maior.
A circuncisão começou a ser praticada com mais frequência no final do século XIX como uma suposta cura para a masturbação e problemas de saúde, de dor de cabeça a tuberculose. Após a Segunda Guerra Mundial associou-se nos EUA à ideia de higiene e riqueza; outros países desenvolvidos, que têm mais despesas com a saúde pública, não acreditaram em seus méritos.
Mais de 80% dos homens americanos são circuncidados. Muitos pais acham que o espaço entre a glande e o prepúcio que a recobre é difícil de limpar, disse Georganne Chapin do Intact America, um grupo de lobby contra a circuncisão infantil. Se os homens podem se especializar em astrofísica ou serem marceneiros excelentes, argumentou a Sra. Chapin, eles têm condições de aprender as noções básicas de higiene.
Os médicos americanos perguntam rotineiramente às mães se querem que os filhos sejam circuncidados antes de irem para casa. Em geral, os seguros de saúde cobrem a despesa do procedimento cirúrgico, o que incentiva sua prática. Os pais que querem decidir em bases racionais obtêm pouca ajuda. Segundo a Academia Americana de Pediatria, os benefícios “superam os riscos”, mas, por outro lado, não são tão importantes que justifiquem a circuncisão como um procedimento de rotina. A maioria dos pais segue a opinião predominante.
As associações médicas europeias têm uma visão diferente. As associações escandinavas insistem que a circuncisão não traz benefícios para a saúde dos meninos. Para a Royal Dutch Medical Association “deve haver uma política forte de dissuasão”; a associação não ousa recomendar a proibição por receio de direcionar a circuncisão para um contexto religioso estrito. Em geral, os países europeus veem a circuncisão como uma violação da integridade física da criança, que não pode ser justificada em termos médicos.
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