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A automutilação entre os homens tem aumentado desde 2008, ápice da crise financeira global, mas diminuiu entre as mulheres, segundo nova pesquisa divulgada pelo Estudo Multicêntrico de Automutilação, da Inglaterra.
A tendência pode ser explicada porque a crise financeira faz com que os homens se sintam fracassados em seu papel de “provedores”, argumentam os pesquisadores.
No geral, as taxas de autoflagelo caíram entre as mulheres a partir de 2000. Os índices também diminuíram entre os homens, mas apenas até 2008, ano de início da crise financeira, e a partir de então têm crescido de forma constante.
Keith Hawton, professor de Oxford e autor do estudo, disse ao jornal The Independent: "Os problemas que ocorrem após o desaquecimento da economia... incluem o medo de perder o emprego, problemas financeiros, o impacto nas famílias e relacionamentos e, provavelmente, o aumento do consumo de álcool”.
“O aparente maior impacto sobre os homens, pelo menos em termos de comportamento suicida, pode estar relacionado à importância primordial do trabalho para sua autoestima e à sensação de serem os provedores responsáveis por manter as famílias em pé.”
Pouco mais da metade das pessoas hospitalizadas por incidentes de autoflagelo recebe uma avaliação da saúde mental após o ocorrido, apesar de estarem sob um risco maior de suicídio, revela o estudo.
A pesquisa também identificou que pouco mais da metade das pessoas atendidas nas unidades de acidentes e emergência (conhecidas pela sigla A&E no Reino Unido) em razão de automutilação recebe avaliação mental, apesar da recomendação de que isso deve ser feito todas as vezes.
O estudo analisou mais de 84 mil casos em um período superior a 12 anos e constatou que uma “avaliação psicológica” por um especialista da equipe ocorreu em apenas 53,2% do total.
O estudo analisou mais de 84 mil casos em um período superior a 12 anos e constatou que uma “avaliação psicológica” por um especialista da equipe ocorreu em apenas 53,2% do total.
As diretrizes publicadas em 2004 pelo Instituto Nacional de Saúde e Cuidados de Excelência do Reino Unido indicam que as avaliações devem ser feitas em todos os casos.
Em artigo publicado na revista on-line BMJ Open, a equipe liderada pelo professor Hawton disse que as pessoas que se “autoflagelaram” tinham menos probabilidade de receberem uma avaliação da saúde mental comparadas às que se “envenenaram” com overdoses.
“Nossas descobertas de que apenas pouco mais da metade dos indivíduos atendidos no hospital depois do autoflagelo recebeu avaliação psicossocial, que os indivíduos que se autoflagelaram tinham menos probabilidade de receber uma avaliação, além do aumento da automutilação como método de autoflagelo e a ligação entre tais métodos e o suicídio podem ter implicações importantes para a abordagem do autoflagelo nos hospitais”, diz o artigo.
“Essas [implicações] incluem esforços para aumentar a taxa geral de avaliação psicossocial de pacientes que praticam o autoflagelo e, especialmente, assegurar que mais pessoas que se autoflagelam recebam avaliações do que parece ser a prática corrente.”
O artigo também destaca que, embora a “grande maioria” dos casos envolva envenenamento, “há um maior risco de suicídio após a automutilação quando comparado ao envenenamento”.
O estudo, que contou com a participação de Oxford, Universidade de Manchester e da agência Derbyshire Healthcare NHS Foundation Trust, avaliou 84.378 casos de autoflagelo envolvendo 47.048 pessoas em cinco hospitais em Oxford, Manchester e Derby, no Reino Unido, entre 2000 e 2012.
A definição do estudo para autoflagelo inclui “ferimento intencional e overdose de medicamentos prescritos”.
O estudo revelou que cerca de quatro em cada dez pessoas (38%) tinham menos de 25 anos e dois terços (62%) estavam abaixo da faixa dos 35 anos.
Quase um terço dos pacientes estavam recebendo algum tipo de cuidado psiquiátrico quando se autoflagelaram, segundo a pesquisa.
Cerca de três quartos (74,6%) das internações por autoflagelação nos hospitais tinham como causa uma overdose intencional.
Os pesquisadores também identificaram um aumento dos casos envolvendo automutilação, enforcamento ou estrangulamento na segunda metade do período estudado.
Conclusão: “As tendências nas taxas de autoflagelação e suicídio podem estar estritamente relacionadas; portanto, a autoflagelação pode ser um útil indicador mental. Apesar da orientação para todo o país [Reino Unido], muitos pacientes ainda não recebem avaliação psicossocial, especialmente os que se autoflagelam.”
O estudo também verificou um “aumento constante” nos índices de autoflagelo tanto entre homens quanto entre mulheres acima de 55 anos, mas acrescentou: “A magnitude do aumento foi relativamente pequena”.
A pesquisa identificou ainda diferenças nas taxas entre as cidades, com Manchester e Derby com índices maiores do que a abastada Oxford.
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