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segunda-feira, 20 de novembro de 2017

20 de novembro - Por Cinthia Vilas Boas, psicóloga do SOS Ação Mulher e Família


Por Cinthia Vilas Boas
Psicóloga do SOS Ação Mulher e Família
20/11/2017
O Dia da Consciência Negra lembra a data da morte de Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares, perseguido e morto em 20 de novembro de 1695. A data foi incluída no calendário escolar nacional em 2003. Em 2011 a Lei 12.519 instituiu oficialmente a data como o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, depois de muita luta, resistência e persistência do povo negro. Entretanto, a data de 20 de novembro é feriado em algumas cidades brasileiras. No país em que a escravidão se perpetuou por mais de 300 anos, se naturalizou, infelizmente, os discursos opressivos contra a população negra. Não podemos esquecer a luta de Dandara, mulher negra e heroína para o povo brasileiro, assim como tantas outras mulheres negras brasileiras no mundo, que lutam para viver o dia a dia. Lutar para viver o dia a dia, significa não estar nas estatísticas de morte, de violência física ou psicológica, de abuso sexual, de pessoas que ganham os menores salários, de não ver seus filhos mortos pela policia, entre outros.
É mais um dia de luta, mas também um dia de reflexão para negros e brancos, a fim de buscar novas formas de enfrentamento do racismo, esse mal que ainda dificulta e tira a vida de mulheres e homens em todo o país. A indignação aumenta ao perceber que grande parte da violência é promovida justamente por aqueles que deveriam evitá-la. Segundo a Anistia Internacional, em 2011, o número de mortes por autos de resistência apenas no Rio de Janeiro e em São Paulo foi 42,16% maior do que todas as execuções promovidas por 20 países em que há pena de morte! Em São Paulo, só em 2012, 546 pessoas foram mortas em decorrência de confronto com a Polícia Militar. Como parâmetro para esse escândalo, basta lembrar que os movimentos de defesa de Direitos Humanos reivindicam a morte e desaparecimento de 426 pessoas em 21 anos da ditadura civil-militar, iniciada em 1964. Na cidade de São Paulo, de acordo com o IBGE, 56 % dos jovens vítimas de homicídios são negros. Esse número atinge 71% nos casos de jovens mortos em confronto com a polícia. O Estado é um violador de direito. 
A escravidão no Brasil - um dos maiores crimes de lesa-humanidade já vistos - ocupou três quartos de nossa História. Mas podemos mudar o curso dessa história de olharmos de fato para as diferenças raciais, sociais e capitais que nos cercam. Está tudo interseccionado, não podemos falar de racismo, sem falar de machismo, xenofobia, capitalismo, globalização, trabalho e renda, entre outros. Como herança, resta não só a desigualdade no contexto do desenvolvimento econômico e as condições degradantes de vida dos afrodescendentes, mas, sobretudo, a naturalização do sofrimento, da dor e da morte negra. A ideia de que a "carne mais barata do mercado é a carne negra" se reafirma pela poesia da bala, que, trocada ou perdida, sempre atinge seu alvo: o corpo negro.
O corpo negro também é o corpo atendido nas diversas politica publicas do pais. O corpo negro que perpassa a politica de assistência social, de educação, de habitação, de alimentação, de comunicação, de saúde e todas as outras. Não podemos deixar de olhar para a população que é mais de 54% da população brasileira auto declarada e nem para o território em que ela esta inserida. O desmonte das politicas publicas irá atingir a população negra e novamente vamos fazer parte da história de forma negativa. Isso, porque as pessoas não se importam em contar e ou guardar a parte positiva. Como por exemplo, as nossas lutas, a nossa descendência de reis e rainhas, e não de povo escravo, a nossa sabedoria popular. Precisamos olhar para quem atendemos na sua totalidade, e isso é olhar para a cor da pele, pois restam alguns indícios de desigualdades, é se é pela cor da pele, chamo aqui de desigualdade racial.
Que o 20 de novembro não seja somente mais um feriado, que seja um dia de luta e resistência para toda população.

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