24.11.2017
Sabiam que 1 em cada 3 mulheres de todo o mundo é vítima de agressões físicas, psicológicas e sexuais, pelo simples facto de ser mulheres? Ou que, todos os anos, 15 milhões de meninas e adolescentes são obrigadas a casar, o que dá uma média de 28 meninas por minuto? Ou que 8 mil raparigas estão em risco de sofrer mutilação genital diariamente? Feitas as contas, são três milhões de meninas por ano, leram bem. No que toca ao tráfico humano, sabiam que mais de 70% das vítimas são mulheres e meninas, sendo que 3 em cada 4 são depois alvo de exploração sexual? E que feitas a contas às mulheres assassinadas no mundo, mais de metade foram mortas por homens com quem tinham relações de intimidade? Amanhã assinala-se o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, e se têm dúvidas sobre a importância desta data, este texto vai tentar dar uma ajuda com recurso a números.
Multiplicam-se os protestos e marchas, que de ano para ano vão tendo cada vez mais vozes ativas na luta contra a desigualdade de género e a violência inerente a este tipo de discriminação. Por cá, por exemplo, entre marchas e debates, a Secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade promove também a campanha #NemMais1MinutodeSilêncio, que deverá chegar tantos às ruas do nosso país, como aos relvados dos jogos de futebol que têm lugar este fim de semana, onde haverá minutos de silêncio no campo e nas bancadas. Porquê? Porque é urgente criar um movimento nacional de alerta e sensibilização para este problema. E porque nenhum tipo de violência contra as mulheres pode ser tolerado ou menosprezado.
Violência doméstica, tráfico de seres humanos, violação e outras agressões sexuais, casamento forçado, mutilação genital feminina ou assédio sexual são alguns dos crimes praticados contra as mulheres. Mundo fora, incluindo por cá, a mulher continua a ser tida como um elo mais fraco, alvo de constantes demonstrações de poder maioritariamente por parte do sexo masculino, não só através da força física, mas também por via do ataque psicológico, da intimidação, do insulto, da humilhação, da tortura, da privação dos seus direitos mais básicos e demais formas de agressão.
Num país como o nosso, onde, por exemplo, a violência doméstica teve mais de 27 mil ocorrências só em 2016 (números do MAI) - com uma incidência de 80% nas vítimas do sexo feminino – aproveito este espaço para divulgar dez itens de uma lista de dados entregues hoje à imprensa pela Plataforma Portuguesa Para os Direitos das Mulheres. Números gritantes que espelham o grau de violência a que o sexo feminino ainda está sujeito, e que devemos ter em conta quando pensamos na realidade das mulheres portuguesas e a residir na Europa. Tendo em conta que as agressões feitas ao sexo feminino têm impacto direto no processo de evolução das sociedades das quais que todos nós fazemos parte, homens e mulheres.
1 - Estima-se que, em Portugal, cerca de 1 milhão e 400 mil mulheres com 15 e mais anos já tenha experienciado violência sexual e/ou física.
2 - Na Europa, 50 mulheres por semana são assassinadas por parceiros, ex-parceiros, namorados, filhos; em Portugal, em 2016 foram 22 mulheres (uma a cada duas semanas), e em 2017 (até 23.11) 18 mulheres assassinadas. Alguns destes assassinatos acontecem no espaço público!
3 - Por cá, estima-se que uma em cada duas mulheres com deficiência seja vítima de violência masculina. Uma em cada três mulheres com 50 ou mais anos já foi vítima de violência sexual em simultâneo com outras formas de violência.
4 - Em 2016, mais de 2 mulheres por dia apresentaram queixa por crime de natureza sexual à polícia.
5 - 57% das violações foram perpetradas por homens familiares ou conhecidos das vítimas.
6 - Estima-se que entre 60% e 90% das pessoas prostituídas foram submetidas a abuso sexual e a violação na infância.
7 - Um estudo de 2010 aponta para que, em Portugal, 94% das mulheres prostituídas inquiridas tenham sido vítimas de algum tipo de violência nas práticas prostitutivas; e 90% já quis sair do sistema da prostituição mas a falta de alternativas, nomeadamente económicas, manteve-as no sistema.
8 - Na Europa, 9 milhões de raparigas experienciaram algum tipo de violência online até aos 15 anos.
9 - Estima-se que, em Portugal, 6.500 mulheres e raparigas com 15 ou mais anos poderão ter sido submetidas à mutilação genital feminina ou à excisão.
10 - Cerca de uma em cada seis mulheres em Portugal já foi assediada sexualmente no local de trabalho.
A mim, este números deixam-me chocada. E a vocês?
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