Dados compilados pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) mostram que cerca de 870 mil mulheres são infectadas pelo HIV todos os anos no mundo, e só metade tem acesso ao tratamento capaz de salvar vidas. Isso coloca a AIDS como a maior causa de mortes entre mulheres em idade reprodutiva (de 15 a 49 anos) globalmente.
“Quando jovens mulheres são empoderadas no exercício de seus direitos, a prevalência do HIV cai, há menos registros de gravidez indesejada, menos casos de mortes maternas e menos evasão escolar, além de maior adesão do mercado de trabalho”, afirmou o relatório do UNAIDS “Direito à Saúde”, divulgado na segunda-feira (20).
Dados compilados pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) mostram que cerca de 870 mil mulheres são infectadas por HIV todos os anos no mundo, e só metade tem acesso ao tratamento capaz de salvar vidas. Isso coloca a AIDS como a maior causa de mortes entre mulheres em idade reprodutiva (de 15 a 49 anos) globalmente.
Os números foram divulgados para a ocasião do Dia Internacional para Eliminação da Violência contra as Mulheres, lembrado anualmente em 25 de novembro, e do início dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres.
A iniciativa, liderada pela ONU Mulheres, uma das instituições copatrocinadoras do UNAIDS, tem como objetivo chamar a atenção para a urgência da eliminação da violência de gênero e mobilizar a sociedade por meio de mensagens e iniciativas de impacto.
O UNAIDS lembra que mulheres que vivem com HIV enfrentam estigma e discriminação dentro de suas próprias famílias, comunidades, locais de trabalho e serviços de saúde. Estes últimos, incluindo os de saúde sexual e reprodutiva, ainda não estão disponíveis a todas as meninas e mulheres. Muitas ainda não são capazes de tomar decisões sobre sua própria saúde.
A violência contra mulheres e meninas permanece como uma mancha no tecido social globalmente. Todos os anos, milhões de meninas são forçadas ao casamento antes de estarem prontas ou de dar seu consentimento.
Quando essas meninas e mulheres não podem usufruir de sistemas sociais, educacionais e de saúde, elas não apenas têm seus direitos humanos negados, incluindo o direito à saúde, mas também tem seu futuro usurpado e desprovido de oportunidades de florescer e viver em plenitude, salientou o programa da ONU.
“Quando jovens mulheres são empoderadas no exercício de seus direitos, a prevalência do HIV cai, há menos registros de gravidez indesejada, menos casos de mortes maternas e menos evasão escolar, além de maior adesão do mercado de trabalho. Quando mulheres jovens têm acesso a educação, os resultados relacionados à saúde melhoram consideravelmente”, afirmou o relatório do UNAIDS “Direito à Saúde”, divulgado na segunda-feira (20).
“Meninas e mulheres estão no centro da resposta à AIDS. Fatores como idade, etnia, desigualdades de gênero, deficiência, orientação sexual, profissão e posição socioeconômica são determinantes na capacidade que meninas e mulheres têm de se proteger do HIV”, disse o documento.
A violência ou o medo da violência representam um grande obstáculo para o acesso de adolescentes e mulheres ao sexo seguro, as ações de prevenção, testagem e tratamento, bem como aos serviços de saúde sexual e reprodutiva.
Segundo o relatório “Acabando com a AIDS”, 64,3% das mulheres jovens (entre 15 e 24 anos) reportaram o uso de preservativo na primeira relação sexual, entretanto, apenas 17,9% das mulheres relataram o uso do preservativo nos últimos 12 meses com parceiro fixo.
Os números mostram que mesmo as mulheres que não sofrem violência física estão suscetíveis ao vírus quando coagidas por seus parceiros a terem relações sexuais sem camisinha.
História de vida
Para Silvia Almeida, consultora do UNAIDS Brasil, a submissão feminina ainda está enraizada em nossa sociedade.
“Na nossa cultura as mulheres sempre exerceram um papel de submissão econômica que se reflete na autoestima e na educação sexual. Precisamos desconstruir a ideia machista de dominação masculina e interiorizar a importância do cuidado com o próprio corpo através de uma educação sexual abrangente desde cedo.”
Silvia descobriu que tinha HIV em 1994, após ter contraído o vírus do marido — seu primeiro namorado, com quem foi casada durante 15 anos, e pai de seus dois filhos. Ele faleceu dois anos depois do diagnóstico.
“As mudanças acontecem lentamente na nossa sociedade, por ,isso precisamos bater na mesma tecla constantemente. Uma mulher que anda com preservativo é vista como mal-intencionada, quando, na verdade, ela tem boas intenções para com seu corpo e sua própria saúde.”
“Ainda hoje a camisinha é vista apenas como um método contraceptivo. E a desinformação é ainda maior em regiões mais remotas do país”, salientou.
16 dias de Ativismo
O mote deste ano da campanha 16 Dias de Ativismo é ‘não deixar ninguém para trás’, alcançando as mulheres mais vulneráveis primeiro. O movimento está sendo construído por meio de ações que colocam em destaque implicações e consequências da violência contra mulheres e meninas nos grupos mais marginalizados.
“Como comunidade global, podemos acabar com a violência contra mulheres e meninas, transformar instituições e unir os esforços para erradicar a discriminação, restaurar os direitos humanos e a dignidade e não deixar ninguém para trás”, declarou Phumzile Mlambo-Ngcuka, secretária-adjunta da ONU e diretora-executiva da ONU Mulheres.
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