Apesar de os estereótipos persistirem, a grande maioria se opõe à diferença salarial entre gêneros
ÁLVARO SÁNCHEZ
El País
Bruxelas 20 NOV 2017
Um clamor percorre a Europa: o clamor da igualdade de gênero. A última pesquisa sobre o assunto na União Europeia publicada na segunda-feira, dia 20, mostra que cidadãos dos vinte e oito países que compõem a comunidade, apesar da persistência de muitos estereótipos, mantêm uma rara unanimidade em torno da condenação da diferença salarial entre homens e mulheres. A Comissão Europeia dimensiona a diferença no salário bruto por hora média recebido por homens e por mulheres na realização de um mesmo trabalho em 16,3%. Um abismo que nove em cada dez europeus classifica de “inaceitável” e do qual têm consciência na grande maioria dos casos. Além disso, quatro em cada cinco consultados afirmam que a igualdade de gênero “lhes importa pessoalmente”.
Só um em cada três homens aprovam que seus congêneres se declarem abertamente feministas
Mas por trás dessas estatísticas estão opiniões aparentemente opostas: 44% dos europeus pensam que o papel mais importante da mulher é cuidar da casa e da família. E não se trata de uma opinião exclusivamente masculina. Cerca de 44% das mulheres e 43% dos homens acreditam nisso. A mesma porcentagem estima que o papel mais importante do homem é ganhar dinheiro. A existência de visões contraditórias quanto ao apoio à igualdade se estende a outros âmbitos: só um em cada três homens aprova que seus congêneres se declare abertamente feminista. E menos da metade deles vê com bons olhos que se critique um amigo que faça uma piada machista. As lágrimas ganharam prestígio: 88% vê como aceitável que um homem chore.
Observando essa série de dados e percepções, a Comissão Europeia divulgou seu plano para reduzir a diferença salarial. Trata-se de três medidas: fortalecer o princípio de igualdade salarial reformando a diretriz de Igualdade de Gênero, instar a Câmara Europeia e os Estados membros a adotarem o quanto antes a proposta de conciliação de vida profissional e pessoal, e financiar projetos que promovam a presença de mulheres em altos postos de direção. “As mulheres estão sub-representadas nos postos de tomada de decisões, tanto na política como no mundo dos negócios”, lamentou a comissária de Justiça, Vera Jourova.
A diferença salarial total é muito maior: de 39,7% na UE. Essa variável leva em conta a diferença entre a renda anual média das mulheres e dos homens considerando seu menor salário por hora, o fato de terem menos horas de trabalho remunerado e também índices de emprego inferiores — por exemplo, por interromper sua carreira para cuidar dos filhos ou de familiares.
As leis europeias proíbem desde 1950 essa discriminação salarial. Uma lei à qual se seguiram muitas outras — nacionais e da Comunidade — que apesar de tudo não conseguiram reduzir o problema. Entre os fatores que Bruxelas utiliza para explicar sua persistência estão a pouca presença de mulheres à frente das empresas — menos de 6% são presidentes —, o impacto sobre suas aposentadorias e receitas que têm as interrupções profissionais por questões como gravidez, sub-representação em trabalhos com pior pagamento, as maiores cargas familiares que assumem — e pelas quais não cobram — ou a discriminação pura e simples.
ÁLVARO SÁNCHEZ
El País
Bruxelas 20 NOV 2017
Um clamor percorre a Europa: o clamor da igualdade de gênero. A última pesquisa sobre o assunto na União Europeia publicada na segunda-feira, dia 20, mostra que cidadãos dos vinte e oito países que compõem a comunidade, apesar da persistência de muitos estereótipos, mantêm uma rara unanimidade em torno da condenação da diferença salarial entre homens e mulheres. A Comissão Europeia dimensiona a diferença no salário bruto por hora média recebido por homens e por mulheres na realização de um mesmo trabalho em 16,3%. Um abismo que nove em cada dez europeus classifica de “inaceitável” e do qual têm consciência na grande maioria dos casos. Além disso, quatro em cada cinco consultados afirmam que a igualdade de gênero “lhes importa pessoalmente”.
Só um em cada três homens aprovam que seus congêneres se declarem abertamente feministas
Mas por trás dessas estatísticas estão opiniões aparentemente opostas: 44% dos europeus pensam que o papel mais importante da mulher é cuidar da casa e da família. E não se trata de uma opinião exclusivamente masculina. Cerca de 44% das mulheres e 43% dos homens acreditam nisso. A mesma porcentagem estima que o papel mais importante do homem é ganhar dinheiro. A existência de visões contraditórias quanto ao apoio à igualdade se estende a outros âmbitos: só um em cada três homens aprova que seus congêneres se declare abertamente feminista. E menos da metade deles vê com bons olhos que se critique um amigo que faça uma piada machista. As lágrimas ganharam prestígio: 88% vê como aceitável que um homem chore.
Observando essa série de dados e percepções, a Comissão Europeia divulgou seu plano para reduzir a diferença salarial. Trata-se de três medidas: fortalecer o princípio de igualdade salarial reformando a diretriz de Igualdade de Gênero, instar a Câmara Europeia e os Estados membros a adotarem o quanto antes a proposta de conciliação de vida profissional e pessoal, e financiar projetos que promovam a presença de mulheres em altos postos de direção. “As mulheres estão sub-representadas nos postos de tomada de decisões, tanto na política como no mundo dos negócios”, lamentou a comissária de Justiça, Vera Jourova.
A diferença salarial total é muito maior: de 39,7% na UE. Essa variável leva em conta a diferença entre a renda anual média das mulheres e dos homens considerando seu menor salário por hora, o fato de terem menos horas de trabalho remunerado e também índices de emprego inferiores — por exemplo, por interromper sua carreira para cuidar dos filhos ou de familiares.
As leis europeias proíbem desde 1950 essa discriminação salarial. Uma lei à qual se seguiram muitas outras — nacionais e da Comunidade — que apesar de tudo não conseguiram reduzir o problema. Entre os fatores que Bruxelas utiliza para explicar sua persistência estão a pouca presença de mulheres à frente das empresas — menos de 6% são presidentes —, o impacto sobre suas aposentadorias e receitas que têm as interrupções profissionais por questões como gravidez, sub-representação em trabalhos com pior pagamento, as maiores cargas familiares que assumem — e pelas quais não cobram — ou a discriminação pura e simples.
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