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domingo, 19 de novembro de 2017

90% das mulheres afirmam já ter sofrido assédio no mercado de comunicação em SP

Estudo inédito do Grupo de Planejamento quantifica e qualifica as relações tóxicas nas agências e empresas paulistas

por Juliana Wallauer
15.nov.2017

A Conferência do Grupo de Planejamento foi o palco para a revelação do estudo ​“Hostilidade,​ silêncio​ ​e​ ​omissão:​ ​o​ ​retrato​ ​do​ ​assédio​ ​no​ ​mercado de​ ​comunicação​ ​de​ ​São​ ​Paulo”, fruto de uma parceria da entidade com a Qualibest.

O estudo trouxe luz para uma realidade que é amplamente conhecida – porque partilhada por todos – mas absolutamente naturalizada: a toxidade do ambiente de trabalho e das relações no mercado de comunicação.

Quando 90%​ ​das​ ​mulheres​ ​e​ ​76%​ ​dos​ ​homens​ ​afirmam​ ​já​ ​ter sofrido​ ​assédio​ ​moral​ ​ou​ ​sexual​ ​no​ trabalho, não temos um problema, temos uma norma, uma forma de existir e funcionar ao redor da qual nosso mercado se constitui.


90%​ ​das​ ​mulheres​ ​e​ ​76%​ ​dos​ ​homens​ ​afirmam​ ​já​ ​ter sofrido​ ​assédio​ ​moral​ ​ou​ ​sexual​ ​no​ ​trabalho.

Quem são os abusadores

É sintomático da natureza estruturante do abuso que os diretores – principal interface sênior com as equipes – sejam ao mesmo tempo assediados e assediadores. Essa é a regra do jogo, mais do que uma marca do desvio de comportamento de um indivíduo ou outro.

Diretores surgem como os que mais afirmam ter sido assediados (83%), ao mesmo tempo que são citados como assediadores por 63% do total da amostra.

O estudo foi respondido por 1.400 pessoas através de questionário online, sendo 68% mulheres e 32% homens com média de idade de 33 anos.

Não causa surpresa que o assédio sexual seja maior entre as mulheres, com uma em cada duas reportando já terem sofrido esse tipo de violência no ambiente de trabalho.

51% das mulheres pesquisadas afirmam já terem sofrido assédio sexual no ambiente de trabalho.

O problema se agrava justamente pelo enfraquecimento dos RH’s, que não são percebidos como uma autoridade para oferecer orientação, muito menos como um canal para buscar proteção ou intermediação do conflito.

87% dos respondentes afirmam não receber orientações e instrumentos específicos sobre assédio e apenas 5% dos respondentes afirmam ter um canal direto oficial para denúncias.

A hostilidade vivida nos ambientes de trabalho têm consequência na saúde dos profissionais: 62% das mulheres e 51% dos homens afirmam ter sofrido algum sintoma de saúde por causa de assédio moral. As pessoas indicam ter sofrido em média seis sintomas. Entre as mulheres, 75% afirmam ter sofrido crises de choro, 72% afirmam ter sofrido síndrome de ansiedade, 68% sentimento de inutilidade e 45% terem sofrido depressão. Entre os homens, 74% afirmam ter sofrido síndrome de ansiedade, 67% sentimento de inutilidade, 32% abuso de bebida alcoolica e 30% diminuição da libido.

Próximos passos

ENGAJAMENTO
O grupo que produziu a pesquisa conseguiu engajar a ABAP (Associação Brasileira de Agências de Propaganda) para buscar soluções engajando FENAPRO (Federação Nacional das Agências de Propaganda), Grupo de Atendimento, Grupo de Mídia, Clube de Criação, APRO (Associação Brasileira da Produção de Obras Audiovisuais) e, claro, a ABA (Associação Brasileira de Anunciantes). O objetivo é realizar ações em conjunto com dirigentes e boards das agências e empresas da indústria para mudar essa realidade.

AÇÃO 
O grupo também planejou um HACKATHON para criar soluções concretas para atacar esse problema: ferramentas, canais de denúncia, rede de apoio, entre outros. O evento acontecerá no início de 2018, e recrutará participantes em breve.

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