Minoria muçulmana de Mianmar se refugiou em Bangladesh. Violência sexual foi 'ordenada' e cometida 'devido à etnia e religião' das mulheres
G1Por France Presse
As forças armadas birmanesas praticaram "sistematicamente" estupros coletivos de mulheres rohingyas, declarou uma representante especial da ONU que reuniu depoimentos no sudeste de Bangladesh, onde se refugiaram centenas de milhares de membros desta minoria muçulmana.
Pramila Patten, representante especial do secretário-geral da ONU encarregada de investigar a violência sexual contra as mulheres rohingyas, visitou o distrito de Cox's bazar, onde se refugiaram 610 mil rohingyas nas últimas 10 semanas.
Muitas destas atrocidades, "orquestradas" pelas forças armadas birmanesas, "poderiam ser crimes contra a humanidade", declarou Dacca neste domingo (12) à imprensa. "Escutei relatos horríveis sobre estupros e estupros coletivos, um grande número de mulheres e meninas morreram depois de ser estupradas", acrescentou.
Segundo Patten, estes estupros coletivos fazem parte de "um esquema de atrocidades em grande escala" dirigido "sistematicamente contra as mulheres e as jovens rohingyas devido à sua etnia e religião". Esta violência sexual foi "ordenada, orquestrada e cometida pelas forças armadas de Mianmar" no estado de Rakain, declarou Patten.
Entre os responsáveis pelos atos de violência sexual também se encontram policiais de fronteira birmaneses e membros de milícias formadas por budistas e por outros grupos étnicos no estado de Rakain, indicou.
Estupro coletivo e humilhação
Os testemunhos das sobreviventes dão conta, sistematicamente, de "estupros coletivos cometidos por vários soldados, de humilhações", de mulheres "obrigadas a se despir em público" e de "escravidão sexual em cativeiro", segundo a representante.
"Uma sobrevivente contou que tinha sido detida pelas forças armadas birmanesas por 45 dias, durante os quais foi estuprada sistematicamente. Outras ainda têm cicatrizes, contusões e marcas de mordidas que mostram o que sofreram", acrescentou Patten.
Fuga para Bangladesh
Cerca de 900 mil muçulmanos rohingyas de Mianmar - do total de um milhão que viviam no estado de Rakain - fugiram do país para se refugiar em Bangladesh.
Segundo Patten, os atos de violência sexual, cometidos no âmbito de uma "perseguição coletiva dos rohingyas" foi "um fator-chave dos deslocamentos forçados em grande escala" e representaram uma "ferramenta calculada dirigida à exterminação e à supressão dos rohingyas como grupo".
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