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sábado, 23 de março de 2019

Por que há tantos casos de feminicídio?

Para especialistas, é difícil mensurar, porém as agressões de força contra o sexo feminino ocorrem desde quando o mundo é mundo.

SARAH RAMALHO
14.03.2019

Por que há tantos casos de feminicídio, a violência contra a mulher? Está havendo um surto ou na verdade as agressões sempre existiram? Para especialistas, é difícil mensurar, porém as agressões de força contra o sexo feminino ocorrem desde quando o mundo é mundo. A sensação é que atualmente, mais mulheres estão tendo coragem de denunciar episódios que vem vivenciando há anos e que por medo aguentavam caladas.  “Existe a questão da dependência financeira e psicológica: o agressor utiliza-se da tática do medo e convence a vítima que ele é a única possibilidade de sobrevivência e até mesmo de existência dessa mulher”, declara Sarah Ramalho, farmacêutica-bioquímica especialista da Kantar Health Brazil.

Os dados são alarmantes: há cada duas horas uma mulher é morta, segundo o levantamento da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. A Lei do Feminicídio existe justamente para mostrar que o assassinato de parceiras é um crime de gênero, ou seja, “considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: violência doméstica e familiar; menosprezo ou discriminação à condição de ser mulher”. Só em 2018 foram 4.254 de homicídios. Roraima é estado que possui o maior índice contra mulheres: 10 homicídios a cada 100 mil. Até agora em 2019 foram mais de 200 casos de feminicídio, porém, preveem que esses números sejam maiores, já que, nem todas as mulheres denunciam.

Consequências na saúde

Uma mulher que passou por violência doméstica carrega uma variedade de problemas de saúde agudos e crônicos, que vão desde lesões imediatas, infecções sexualmente transmissíveis até transtornos de saúde mental. Acompanhamento médico e psicológico são necessários representando uma importante questão de saúde pública global. E não é só: os custos sociais e econômicos dessa violência são enormes e têm efeito cascata em toda a sociedade.

As lesões físicas são um dos maiores problemas enfrentados por elas: aproximadamente 42% das mulheres que sofreram violência apresentaram contusões, fraturas e até incapacidades crônicas. Além disso, essas mulheres estão sujeitas a desenvolverem uma série de transtornos psicológicos, como depressão, estresse pós-traumático, ansiedade, dificuldades de sono, distúrbios alimentares e tentativas de suicídio. “Neste aspecto, vale ressaltar o papel das equipes de saúde no reconhecimento destas vítimas, principalmente na atenção primária que é na maior parte dos casos o primeiro contato/possibilidade do Estado em intervir na vida desta mulher”, pontua Ramalho.

Importância da denúncia

A violência por parte de um companheiro começa com uma ameaça, um grito, um aperto no braço mais forte, um ato de superioridade. A sociedade por anos teve o pensamento de que briga de marido e mulher não se ‘mete a colher’. Porém, cada vez mais vem se falando em sinais que demonstram o quão essa mulher esteve vulnerável a situações que por vezes, considerava normal.  “Outro aspecto é o isolamento, a mulher que sofre violência doméstica geralmente está sozinha e por isso não tem estabilidade emocional (e até mesmo financeiras) para procurar ajuda e quando o faz é reprimida por críticas, burocracias e barreiras artificiais que estão enraizadas em nossa sociedade”, destaca Ramalho. Ou seja, ao vivenciar qualquer tipo de violência seja ela direta ou indiretamente, tem que denunciar. “Às vezes a própria mulher não consegue sozinha, mas com o apoio de outra podemos reduzir esses dados”.

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