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quarta-feira, 3 de julho de 2013

Assédio moral: não sofra calada!

Quando as broncas e brincadeiras no escritório ultrapassam as fronteiras do profissionalismo para se transformar em assédio moral, é hora de colocar a boca no trombone. Veja aqui como agir

Reportagem: Dagmar Serpa / Edição: MdeMulherConteúdo NOVA

Ponha a boca no trombone contra o assédio moral

O assédio moral não é um fenômeno novo. Mas, desde que informações sobre esse mal começaram a ser mais disseminadas e ele passou a ser visto como algo não inerente ao trabalho, boa parte das vítimas tem deixado de sofrer calada e partido para a ação. Por isso, nos últimos anos, as queixas formais se tornaram mais frequentes e ganharam importância. "É como se tivesse sido tirada a tampa de uma panela de pressão", explica a médica do trabalho Margarida Barreto, uma das primeiras a se debruçar sobre o tema no país.

Claro, tomar uma atitude não é fácil. "O assédio é um tsunami, que chega de surpresa e destrói a pessoa. Para reagir, ela precisa contar com ajuda", diz a psicóloga Ana Parreira, autora de assédio moral — Um Manual de Sobrevivência (Russell). “Por outro lado, simplesmente pedir as contas e sair pela porta dos fundos também pode fazer mal”, acrescenta. Ana escreveu o livro após ter sido assediada pela chefe em uma empresa pública por três anos. Demitida, decidiu entrar na Justiça, dar apoio a outras vítimas e realizar palestras e cursos em empresas. Mas é comum a profissional pôr a boca no trombone às vezes tarde demais, quando já adoeceu ou perdeu a autoestima. Isso ocorre porque muita gente tem dúvidas entre o que é aceitável e o que é realmente Assedio. "É grave quando você se vê exposta de maneira repetitiva e prolongada a atos que discriminam, humilham, desqualificam e desmoralizam", define Margarida, que em sua tese de doutorado sobre o tema analisou mais de 10 mil questionários respondidos por trabalhadores de todo o país. Em outras palavras, para reclamar com razão, é preciso ser vítima de um conjunto de condutas que caracterizam uma perseguição, mesmo que sutil.

O perigo reside aí. Segundo o psicólogo Roberto Heloani, expert no assunto e professor da Unicamp e da Fundação Getulio Vargas, nem sempre o Assedio se apresenta de forma grosseira. "Muitas vezes, começa com insinuações, indiretas, apelidos. A funcionária só percebe quando já está fragilizada e os colegas criaram uma imagem negativa dela", fala ele, que é coautor, com Margarida e a pesquisadora Maria Ester de Freitas, do livro assédio moral no Trabalho (Cengage Learning). "Em 90% dos casos", diz Margarida, "o assediador é o chefe". E as vítimas, conforme Heloani, não são incompetentes, mas criativas, dedicadas e críticas. Muitas vezes, são as que denunciam irregularidades ou recebem benefícios que deixam o chefe com inveja.

Todo Assedio impõe um regime de medo entre os funcionários, mesmo que eles não sejam diretamente afetados. Por vergonha, a vítima passa a evitar os colegas e se afasta do convívio social. "Perde-se o prazer no cotidiano. É como sofrer traição ou ter uma ferida não curada", explica Maria Aparecida Bento, doutora em psicologia social e diretora do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (Ceert). Os efeitos sobre a saúde física e mental são devastadores e variados. Vão de hipertensão arterial, gastrite, cefaleia a doenças cardíacas.

Há esperanças

Se a agressão verbal se repetir, converse com o autor, de preferência acompanhada de um colega. Vale dizer, de forma objetiva e calma, que se sentiu ofendida e pedir explicação. Não resolveu? Recolha provas. Guarde e-mails ofensivos, anote tudo sobre cada ocorrência: dia e hora, o que foi dito e quem presenciou. Daí, faça uma carta em duas vias relatando o caso e mande para a ouvidoria da empresa, o RH ou o superior do assediador. Fique com uma cópia assinada, comprovando o recebimento. Atualmente, é mais provável que os executivos a levem a sério e afastem do grupo o opressor. Até porque há mais consciência nas organizações. "Elas sabem que podem ser penalizadas e ter de pagar indenizações, a produtividade baixa e há o risco de perder talentos", diz Heloani.

O covarde tem costas quentes dentro da empresa e a corda partiu para o lado mais fraco? O jeito é denunciar no sindicato de sua categoria ou na Delegacia ou Superintendência Regional do Trabalho e do Emprego (veja os endereços no Brasil no site www.assediomoral.org). Uma mesa de reconciliação será convocada para que você permaneça no emprego e o Assedio cesse. Sem acordo, será preciso entrar com um processo na Justiça. É essencial não se isolar, além de conversar com amigos, família e, se for o caso, procurar apoio psicológico. É que a barra pode ser pesada para segurar sozinha - e calada.

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