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quarta-feira, 3 de julho de 2013

Ser mãe é voltar a ser criança


A maternidade tem uma capacidade impressionante de despertar um gigante maravilhoso que fica escondido por décadas: a nossa própria infância. 

Nunca me esqueço do dia em que comprei a primeira caixa de massinha de modelar para a Luísa. Aquele momento para mim foi um marco, algo que mostrava que minha filha estava deixando de ser um bebê para se tornar uma criança. Eu me divertia mais do que ela com aquelas massinhas coloridas. Passava horas montando cuidadosamente bonecos e bichinhos, e ficava maluca quando ela misturava tudo e fazia de todas as cores uma única bolota cinza.

Ao mesmo tempo em que a memória, o corpo e outras coisas vão se deteriorando com o tempo, ser mãe me rejuvenesceu. Redescobri a capacidade de criar e de brincar. Ganhei de volta o lúdico que havia se perdido há muitos, muitos anos. Não me lembrava como era hábil e paciente para determinadas atividades, porque elas já haviam sido substituídas por outras infinitamente menos divertidas.

Hoje me sento com minhas filhas para fazer pinturas, colagens, desenhos e me deleito criando e inventando com elas, utilizando materiais que não pegava nas mãos desde meus tempos de escola.

Achava que nunca mais brincaria de esconde-esconde na vida, minha brincadeira preferida na infância. Hoje, cada vez que conto até dez e saio procurando pelas meninas, sinto muito mais do que nostalgia. É uma felicidade, uma leveza que a vida de adulto tira da gente.

Fora a emoção que tive quando voltei a ouvir músicas e cantigas de roda. Um dos primeiros CDs que comprei para a Luísa, uma coletânea linda de cirandas, me fazia sorrir de orelha a orelha. Eu me impressiono ao descobrir como essas canções e histórias permanecem no nosso subconsciente por tantos anos.

Só eu sei o quanto gritei no carro quando coloquei, pela primeira vez, para elas o CD do Balão Mágico, que não ouvia há, digamos, quase 30 anos. Quando entrou a voz do Fábio Jr. cantando "Eu sou o Fábio, e também vou nessa cançããão" na música "Amigos do Peito", juro que quase chorei de tanta emoção.  Hoje canto com as minhas filhas todas as músicas do CD, em alto e bom som, e vibro como se estivesse fazendo um programa adulto.

Agora penso, se para os pais esse resgate da própria infância faz um bem danado, imagino o que esse rejuvenescimento significa para aqueles que se tornam avós.

Claro que nem sempre estou com paciência. Não é toda hora que estou a fim de sentar para brincar, e também não tenho mais o mesmo vigor físico de antigamente. Mas posso afirmar, com toda certeza, que essa volta à infância me tornou uma pessoa mais jovem e muito mais leve.  A maternidade me ensinou o que realmente é importante na vida.

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