A seguir, confira os depoimentos emocionantes que mais se destacaram no evento.
“ Lutar contra os grupos extremistas que devastam o país é lutar pela nossa humanidade.”
Esther Ibanga, pastora protestante nigeriana, presidente e fundadora do projeto “Women Without Walls”, que reúne mulheres de diferentes grupos étnicos e religiões para trabalhar pela paz e segurança na Nigéria.
“As mulheres nigerianas são constantemente ameaçadas de rapto, violência, estupro e outras atrocidades. O governo faz muito pouco por nós”, diz. Em 2014, o grupo de extremistas Boko Haram ficou mundialmente conhecido ao raptar 276 meninas de uma escola cristã, da cidade de Chibok. Apenas 57 delas conseguiram fugir. Mesmo com a forte Campanha “Bring back our girls” (“Devolvam nossas meninas”), elas não foram encontradas. Além das estudantes de Chibok, milhares de mulheres e meninas por toda a Nigéria já foram vítimas dos radicais.
Ibanga conta que essas mulheres vivem uma dupla tragédia: quando conseguem fugir ou são resgatadas das mãos dos jihadistas, são rejeitadas pela própria comunidade. São chamadas de esposas do Boko Haram, de sangue ruim, e acabam são marginalizadas. “Deixar que essas forças do mal continuem a agir impunemente é um ataque à nossa civilização, à nossa humanidade, aos valores universais que compartilhamos. Somos nós, mulheres, que temos que nos unir e agir contra essa situação”, afirma.
Junto com a líder muçulmana Khadija Hawaja, cofundadora da iniciativa “Women Without Walls”, Ibanga treina mulheres para que possam lidar com todos os lados desses conflitos e mediar as disputas de diferentes grupos em cada comunidade.
“As mulheres nigerianas são constantemente ameaçadas de rapto, violência, estupro e outras atrocidades. O governo faz muito pouco por nós”, diz. Em 2014, o grupo de extremistas Boko Haram ficou mundialmente conhecido ao raptar 276 meninas de uma escola cristã, da cidade de Chibok. Apenas 57 delas conseguiram fugir. Mesmo com a forte Campanha “Bring back our girls” (“Devolvam nossas meninas”), elas não foram encontradas. Além das estudantes de Chibok, milhares de mulheres e meninas por toda a Nigéria já foram vítimas dos radicais.
Ibanga conta que essas mulheres vivem uma dupla tragédia: quando conseguem fugir ou são resgatadas das mãos dos jihadistas, são rejeitadas pela própria comunidade. São chamadas de esposas do Boko Haram, de sangue ruim, e acabam são marginalizadas. “Deixar que essas forças do mal continuem a agir impunemente é um ataque à nossa civilização, à nossa humanidade, aos valores universais que compartilhamos. Somos nós, mulheres, que temos que nos unir e agir contra essa situação”, afirma.
Junto com a líder muçulmana Khadija Hawaja, cofundadora da iniciativa “Women Without Walls”, Ibanga treina mulheres para que possam lidar com todos os lados desses conflitos e mediar as disputas de diferentes grupos em cada comunidade.
“Jamais imaginei encontrar pessoas vivendo em uma condição horrenda como aquela, tão perto do meu país.”
Liz Clegg, engajada no trabalho humanitário em um campo de refugiados localizado na França.
Há menos de um ano, Liz Clegg, uma ex-bombeira inglesa de Birmingham, ouviu falar sobre um campo de refugiados chamado Jungle (selva). Ficava no norte da França, no Porto de Calais. Resolveu então pegar tendas e sacos de dormir, sobras de um festival de música que havia participado com amigos, juntar comida e suprimentos, e rumar para o campo. “Jamais imaginei que pessoas pudessem estar vivendo em uma condição tão horrenda como aquela, em plena Europa”, conta.
No campo, vivem mais de 3 mil refugiados, de origens distintas, sem acesso à infraestrutura e constantemente ameaçados de expulsão. De toda a situação, a das crianças desacompanhadas, que se perderam dos pais no caminho, é a pior. Foram elas que fizeram com que Liz decidisse não voltar para casa. Está morando no campo há sete meses, dormindo em sua caminhonete. “Outro dia, perdemos dois garotos. Estavam tentando fugir para a Inglaterra, escondidos na caçamba de um caminhão refrigerado e morreram congelados”, relata. Com a iniciativa, ela espera chamar atenção das autoridades.
Há menos de um ano, Liz Clegg, uma ex-bombeira inglesa de Birmingham, ouviu falar sobre um campo de refugiados chamado Jungle (selva). Ficava no norte da França, no Porto de Calais. Resolveu então pegar tendas e sacos de dormir, sobras de um festival de música que havia participado com amigos, juntar comida e suprimentos, e rumar para o campo. “Jamais imaginei que pessoas pudessem estar vivendo em uma condição tão horrenda como aquela, em plena Europa”, conta.
No campo, vivem mais de 3 mil refugiados, de origens distintas, sem acesso à infraestrutura e constantemente ameaçados de expulsão. De toda a situação, a das crianças desacompanhadas, que se perderam dos pais no caminho, é a pior. Foram elas que fizeram com que Liz decidisse não voltar para casa. Está morando no campo há sete meses, dormindo em sua caminhonete. “Outro dia, perdemos dois garotos. Estavam tentando fugir para a Inglaterra, escondidos na caçamba de um caminhão refrigerado e morreram congelados”, relata. Com a iniciativa, ela espera chamar atenção das autoridades.
“Ninguém deveria estar sujeito a escolhas tão dramáticas.”
Zainab Salbi, iraquiana, autora e militante dos direitos humanos.
Como parte de sua militância, Zainab Salbi viaja pelo Oriente Médio documentando a condição de vida nos campos de refugiados. Em uma dessas incursões, um relato impressionante ficou gravado para sempre em sua memória. A história é de um iraniano que, assim como todos os moradores de seu vilarejo, teve de fugir do ataque iminente do temido ISIS. Ele empilhou como pode 28 membros da sua família em um caminhão e saiu em velocidade, com os jihadistas no seu encalço. Durante a fuga, com o carro aos solavancos pela estrada acidentada, ele avistou sua própria filha, de 4 anos, caindo para fora do caminhão. Naquele momento, teve de escolher entre voltar para pegá-la diante do risco de ser morto pelos terroristas do ISIS ou deixá-la para trás. A decisão? Continuar a fuga. “Esse homem me disse conviver com a dor dessa decisão a cada minuto do seu dia, como se a vida dele tivesse parado naquele momento”, conta Salbi. “Ninguém, nenhum pai, nenhuma mãe, deveria ser obrigado a fazer uma escolha como essa.”
Para Becca Heller, advogada formada em Harvard e diretora de um projeto que presta assistência legal aos refugiados, o relato de Salbi ilustra perfeitamente a falácia de que refugiados são terroristas interessados em criar o caos no Ocidente. “Os criminosos que bombardearam a França e a Bélgica não eram refugiados”, diz. “Nós estamos usando o medo provocado pelos ataques para negar ajuda a quem está fugindo dessa mesma ameaça. Desta forma, colaboramos com o propósito desses mesmos terroristas.”
Como parte de sua militância, Zainab Salbi viaja pelo Oriente Médio documentando a condição de vida nos campos de refugiados. Em uma dessas incursões, um relato impressionante ficou gravado para sempre em sua memória. A história é de um iraniano que, assim como todos os moradores de seu vilarejo, teve de fugir do ataque iminente do temido ISIS. Ele empilhou como pode 28 membros da sua família em um caminhão e saiu em velocidade, com os jihadistas no seu encalço. Durante a fuga, com o carro aos solavancos pela estrada acidentada, ele avistou sua própria filha, de 4 anos, caindo para fora do caminhão. Naquele momento, teve de escolher entre voltar para pegá-la diante do risco de ser morto pelos terroristas do ISIS ou deixá-la para trás. A decisão? Continuar a fuga. “Esse homem me disse conviver com a dor dessa decisão a cada minuto do seu dia, como se a vida dele tivesse parado naquele momento”, conta Salbi. “Ninguém, nenhum pai, nenhuma mãe, deveria ser obrigado a fazer uma escolha como essa.”
Para Becca Heller, advogada formada em Harvard e diretora de um projeto que presta assistência legal aos refugiados, o relato de Salbi ilustra perfeitamente a falácia de que refugiados são terroristas interessados em criar o caos no Ocidente. “Os criminosos que bombardearam a França e a Bélgica não eram refugiados”, diz. “Nós estamos usando o medo provocado pelos ataques para negar ajuda a quem está fugindo dessa mesma ameaça. Desta forma, colaboramos com o propósito desses mesmos terroristas.”
“Não quero mais ter de cantar no funeral de um amigo.”
Trishaun Coleman, estudante e cantora, encerrou o painel “Mães contra a violência armada”, interpretando uma emocionante versão de “Hallelujah”, de Leonard Cohen.
A violência com armas é um fato que une tristemente a vida de muitos americanos. As estatísticas são alarmantes: nos Estados Unidos, mais de 300 milhões de armas estão nas mãos de civis. Entre assassinatos em massa (definidos por mais de quatro vítimas em um mesmo caso) e suicídios, passando por todos os outros tipos de incidentes, são quase 30 mil mortos e mais de 80 mil feridos com armas de fogo, por ano, no país. Hoje, mulheres que já perderam seus filhos por conta da violência armada lutam por uma legislação mais rigorosa em relação ao porte de armas.
Trishaun Coleman, estudante da zona sul de Chicago, uma das cidades mais afetadas, cantou pela primeira vez no funeral de um jovem assassinado. Era Roemello Golden, estudante e cantor de rap, seu namorado. Era 2012 e eles tinham apenas 17 anos. Um amigo dos tempos de criança se aproximou, apertou sua mão e atirou onze vezes com uma pistola semi-automática. Depois dele, outros onze funerais, sendo cinco de amigos da escola, se seguiram. “Eu não quero mais ter de cantar em velório”, diz Coleman. Hoje, ela tem dois sonhos: participar do “The Voice” e estudar para ser uma boa policial.
A violência com armas é um fato que une tristemente a vida de muitos americanos. As estatísticas são alarmantes: nos Estados Unidos, mais de 300 milhões de armas estão nas mãos de civis. Entre assassinatos em massa (definidos por mais de quatro vítimas em um mesmo caso) e suicídios, passando por todos os outros tipos de incidentes, são quase 30 mil mortos e mais de 80 mil feridos com armas de fogo, por ano, no país. Hoje, mulheres que já perderam seus filhos por conta da violência armada lutam por uma legislação mais rigorosa em relação ao porte de armas.
Trishaun Coleman, estudante da zona sul de Chicago, uma das cidades mais afetadas, cantou pela primeira vez no funeral de um jovem assassinado. Era Roemello Golden, estudante e cantor de rap, seu namorado. Era 2012 e eles tinham apenas 17 anos. Um amigo dos tempos de criança se aproximou, apertou sua mão e atirou onze vezes com uma pistola semi-automática. Depois dele, outros onze funerais, sendo cinco de amigos da escola, se seguiram. “Eu não quero mais ter de cantar em velório”, diz Coleman. Hoje, ela tem dois sonhos: participar do “The Voice” e estudar para ser uma boa policial.
“O véu era como uma parte do meu corpo. Eu nem sabia com era meu cabelo”.
Masih Alinejad, jornalista e defensora da liberdade de escolha do uso do véu, o hijab, para as mulheres iranianas.
Masih Alinejad nasceu em uma cidadezinha do interior do Irã, há 39 anos. A primeira coisa que seu pai fez, minutos depois de seu nascimento, foi cobrir sua cabeça. Durante 16 anos, ela usou o véu, até para dormir. “Já fazia parte do meu corpo”, conta. “No meio da noite, eu tocava minha cabeça para saber se ele estava lá.” Quando criança, olhava seu irmão mais velho com inveja, tentava entender por que ele podia brincar na rua, mergulhar no rio e andar de bicicleta, enquanto ela não.
Um dia, subiu sozinha na cobertura de sua casa e tirou o véu, deixando sua cabeleira solta ao vento. Não podia imaginar que um gesto simples como esse poderia gerar, anos mais tarde, um movimento de rebelião. Tudo começou quando postou no Facebook uma antiga foto sua, com a cabeça descoberta, de quando ainda vivia no Irã. Era 2014 e ela estava estudando em Londres, já divorciada do marido que havia feito o registro. “Meu cabelo era um refém nas mãos do governo iraniano”, dizia a legenda. Em poucas semanas, Alinejab viu sua página inundada por fotos e comentários de mulheres sem véu.
Foi assim que nasceu o movimento “My Stealthy Freedom” (minha liberdade furtiva), onde ela convida mulheres a postarem fotos sem o véu, um gesto revolucionário no Irã, onde o uso do hijab é obrigatório desde a revolução islâmica, em 1979. Sair sem ele é contra a lei, implicando em multas e prisão.
O site chamou a atenção das autoridades de seu país, que iniciaram uma campanha difamatória contra Masih, que não desanimou. Hoje, casada novamente com um iraquiano-americano, ela vive no Brooklyn, em Nova York, e tem quase um milhão de seguidoras. “Muitos ativistas dos direitos humanos não consideram essa causa importante. Mas quando vejo as fotos e leio as mensagens das mulheres na página do ‘My Stealthy Freedom’, tenho certeza de que para muitas isso é, sim, uma prioridade”, diz Alinejab.
Marie Claire
Foi assim que nasceu o movimento “My Stealthy Freedom” (minha liberdade furtiva), onde ela convida mulheres a postarem fotos sem o véu, um gesto revolucionário no Irã, onde o uso do hijab é obrigatório desde a revolução islâmica, em 1979. Sair sem ele é contra a lei, implicando em multas e prisão.
O site chamou a atenção das autoridades de seu país, que iniciaram uma campanha difamatória contra Masih, que não desanimou. Hoje, casada novamente com um iraquiano-americano, ela vive no Brooklyn, em Nova York, e tem quase um milhão de seguidoras. “Muitos ativistas dos direitos humanos não consideram essa causa importante. Mas quando vejo as fotos e leio as mensagens das mulheres na página do ‘My Stealthy Freedom’, tenho certeza de que para muitas isso é, sim, uma prioridade”, diz Alinejab.
Marie Claire
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