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segunda-feira, 18 de abril de 2016

Uma nova vida para as mulheres no Chile

Na Casa da Mulher de Huamachuco, em um dos bairros mais pobres de Santiago do Chile, milhares de mulheres estão vencendo a batalha contra a pobreza e a discriminação. Esta é a história de sua fundadora, Aída Moreno.
  • Data 07.09.2015
  • Autoria Victoria Dannemann
Aída Moreno teve uma vida dura. "Fui mãe aos 17 anos. Vivi uma vida com muita violência e pobreza no casamento. Fui espancada, maltratada e me enchi de filhos. Acredito que isso tenha sido uma escola para mim", diz.
Aída escutava atrás da porta quando seu marido, ativista político de esquerda na época do governo de Salvador Allende, participava de reuniões. Ela acreditava ter boas ideias – mas vivia marginalizada em um mundo machista, sem possibilidade de opinar.
A repressão e a perseguição política após o golpe de Estado dado por Augusto Pinochet, em setembro de 1973, marcaram sua vida. Sua casa foi invadida pela polícia e ela respondeu com integridade e valor. "Antes eu era a tonta, a camponesa, a primitiva. Mas enfrentei esse momento e comecei a sentir que valia alguma coisa", conta.
Convidada pela igreja católica a participar de encontros de moradoras da região, Aída compartilhou sua realidade com outras mulheres. "Comecei a me dar conta de que servia para muitas coisas além de limpar a casa e ter filhos." Ela começou a participar, opinar e assumir lideranças e, junto com outras moradoras que, assim como ela, não tinham trabalho nem capacitação, aprendeu a técnica de costura arpillera, que lhe permitiu ganhar seu próprio dinheiro.
Eram tempos de ditadura, pobreza e desemprego quando as mulheres organizavam as chamadas "panelas comuns", juntando os poucos alimentos que tinham para preparar uma refeição comunitária. "O apoio da igreja nos fez abrir os olhos e ver que estávamos sobrevivendo da maneira mais indigna possível. Foi um tempo de muita crise, mas também de muita solidariedade", lembra ela.
Na década de 1980, nasceu o sonho de um centro comunitário: "Era necessário abrir espaços para a mulher, fosse para rir ou para chorar", conta Aída. "A princípio a ideia era apenas nos juntarmos; depois pensaríamos em nos capacitar e ensinar umas às outras o que sabíamos fazer: aplicar injeções, costurar ou cortar o cabelo."
Centro de capacitação oferece oficinas para as mulheres e creches para cuidar de seus filhos enquanto trabalham
Assim, em 1989 Aída Moreno fundou a Casa da Mulher de Huamachuco, bairro da comunidade de Renca, uma das mais pobres e perigosas de Santiago. O projeto surgiu com o apoio de uma comunidade religiosa e, mais tarde, de uma organização nos Estados Unidos dedicada à recuperação urbana, que a capacitou em Nova York.
Uma casa para a mulher
Em 26 anos, este centro de capacitação e formação tem crescido para oferecer múltiplas oportunidades. Um dos projetos mais aclamados pela presidente é o berçário. "As mulheres se capacitavam, mas não podiam trabalhar porque não tinham onde deixar seus filhos". O berçário, com horário prolongado, recebe crianças em diferentes turnos e lhes dá apoio escolar.
A casa tem um amplo programa de oficinas e cursos: arpilheria, tecido, confeitaria, computação, educação sexual e empreendedorismo, entre muitos outros. Também ali funciona uma clínica de reabilitação para pessoas que tenham sofrido acidentes vasculares. Mensalmente, cerca de mil pessoas se beneficiam das diferentes atividades.
Aída Moreno, hoje com 68 anos, cinco filhos e 12 netos, se sente realizada: "A motivação foi oferecer às mulheres todas as oportunidades possíveis. Hoje, ela luta para reconstruir a casa, deteriorada pelos anos e pelo terremoto que assolou o país em 2010. Além disso, trabalha para inaugurar uma empresa de confeitaria e chocolateria com as mulheres que ali se capacitam.
Ela aceita os muitos prêmios recebidos com humildade e crítica: "Temos recebido todos os prêmios possíveis, como o Sello BicentenarioInnovación a la superación de la pobreza e Comunidad Mujer. São reconhecimentos contraditórios, deveriam resultar em ações mais concretas. Esta creche deveria estar em todas as comunidades. É justo que reconheçam o que fazemos, mas isso também deveria ser um trabalho do governo", aponta.

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